quinta-feira, 24 de julho de 2008

Workshop de estampagem oriental: técnicas batik, shibori e tritik

"Megamendun é um Batik Tradicional de Cirebon, cidade costeira de Java, que tem fortes influências chinesas, indianas e árabes. Como fui criada na China, escolhi o Batik que dizia respeito a China", disse-me a Leonor, justificando-me a escolha deste trabalho, feito por ela.

A minha amiga Leonor (é tão bom puxar dos galões e dizer que a formadora deste workshop é minha amiga!) vai dar este workshop de estampagem oriental no novo Museu do Oriente, nos dias 19, 20, 27 de Setembro e 4 e 11 de Outubro. O workshop compreende sessões teóricas e práticas e podem ver mais detalhes do programa aqui.

Tenho pena de não estar em Portugal porque senão lá estaria! A Leonor sabe muito das técnicas (estudou-as na Indonésia), explica-as muito bem e faz uns trabalhos lindos.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Leituras

Em matéria de leituras ando muito preguiçosa. Não sei qual a razão (hmmm... cansaço?), mas quando chego à cama, lugar privilegiado para as minhas leituras quando não estou de férias (quando estou de férias, é sempre e em toda a parte), estou tão exausta que a única coisa que consigo fazer é apagar a luz e adormecer. Por isso, não tenho lido praticamente nada, nem sequer revistas. Muito atípico.

Por isso, coloco aqui um link para algo que vou experimentar para contrariar a tendência da não leitura: é um sítio onde há ficheiros de música com a leitura de livros (audiobooks; há palavra em português?) cujos textos já estão no domínio público. A leitura é feita por voluntários e, como tal, os ficheiros são gratuitos. Vou começar a ouvir "Little Women", de Louisa May Alcott, enquanto trabalho ou tricoto. Depois falarei da minha experiência. Não espero que se estabeleça uma relação como quando há um livro entre mãos, mas não nego à partida uma ciência que desconheço.

Encontrado via Sticks and Strings.

Mais sobre o acordo ortográfico

A Ahimsa, comentadora habitual deste blog, deixou um link que me parece ser útil e que no comentário não está a funcionar. Por isso, ponho-o aqui. Trata-se de uma explicação sobre as principais alterações previstas pelo acordo e contém também uma hiperligação ao documento completo e está aqui.

Faltou-me o agradecimento necessário: obrigada, Ahimsa!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A tal coisa da pátria ser a nossa língua

Recebi um mail curioso com o título "A minha pátria é a língua portuguesa". É um desses emails que convidam a ir assinar uma petição que protesta contra qualquer coisa, desta vez sobre a implementação do novo acordo ortográfico da língua portuguesa.

Não sendo linguista nem especialista no assunto, tenho uma opinião. Bem, é óbvio que é uma opinião e mais nada, mas quem aqui vem já sabe que lê as minhas opiniões e que elas podem ser tão palermas como outras quaisquer. Ou não, sabe-se lá.

Pois bem, sobre esta matéria, devo dizer que acho um perfeito disparate de repente o português de Portugal (chamemos-lhe "europeu", como também lhe podemos chamar "lusitano"; esta distinção só serve mesmo para isso, para o distinguir) se transformar-se em português do Brasil.

Atenção, não estou aqui a advogar a superioridade do português europeu (que, curiosamente, para mim está do "outro lado do Atlântico") nem da inferioridade do português do Brasil. E sim, bem sei que é um acordo entre todos os países da CPLP, mas chamemos os bois pelos nomes: a questão cinge-se a - praticamente - só estas duas variantes, a portuguesa e a brasileira. Retomando, não estou a advogar a superioridade de uma em relação à outra variante. Apenas acho que não é por de repente em Portugal termos de escrever "úmido" sem "h" ou "fato" sem o "c" que os brasileiros nos vão entender melhor.

Separemos aqui as águas: um brasileiro que leia palavras como "adopção" sabe perfeitamente do que se trata, tal como um português que leia a palavra "adoção". O que um brasileiro, regra geral, não entende é quando um português fala com o seu sotaque habitual: fechado e sibilante. Ora o acordo não prevê a alteração da fonética, ou prevê? Ainda que preveja, lamento, mas não vou dizer "fato" quando quero dizer "facto". Para mim são coisas bem diferentes.

A questão prende-se com a grafia (dado que é um acordo ortográfico). Hoje em dia há editoras em Portugal que escolhem "adaptar" para português europeu livros escritos originalmente em português brasileiro. No Brasil, o caso é igual. Para quê, se a grafia também confere carácter ao texto? Sobretudo sabendo que os falantes de cada uma das variantes nacionais reconhece a outra e entende perfeitamente o seu significado.

No fundo, tudo isto me parece apenas uma questão política: enquanto que Portugal tem pouco mais de 10 milhões de habitantes, o Brasil tem mais de 186 (dados da wikipedia; mesmo que não estejam correctos, o que não me parece, a diferença é sempre substancial). Que Portugal queira assinar um acordo ortográfico que muda a sua grafia para ficar igual à brasileira, para mim não passa de uma manobra política: assim todos falamos a mesma grande língua, sem variantes nacionais, dado que todos vamos escrever (oficialmente) da mesma maneira. É como ter um pequeno Portugal à frente de todos os outros países de língua oficial portuguesa. E não há muita paciência para revivalismos! A língua já é a mesma, com as variantes nacionais e regionais de todos os países que a partilham. A meu ver, estas variantes enriquecem a língua e estar a unificá-la, pelo contrário, empobrece-a.

Para mim, Portugal fazia bem melhor em aumentar a sua presença no Brasil, para deixarmos de ser todos Marias, Manéis, padeiros e parolos. E para ver se os brasileiros passavam a entender-nos quando falamos, tal como nós os entendemos a eles. E atenção: esta não é uma crítica à falta de ouvido dos brasileiros. É, sim, à incapacidade de Portugal de se representar culturalmente com força no estrangeiro, nomeadamente no Brasil.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Tanto e tão pouco que contar

Nesta terra ao sul do sol posto passam-se muitas coisas. E, no fundo, é sempre a mesma. O ambiente está quente: literal e metaforicamente. Hoje tivemos um dia de fim de Primavera, com a temperatura a chegar aos 26º. Talvez mais, não controlei. Aproveitei para pôr o estendal lá fora e ver se a roupa seca.

O estendal é, pois, o fio condutor: pu-lo na varanda porque hoje, ao contrário de quase todos os outros dias, não há muito trânsito. E porquê? Porque hoje, mais uma vez, houve manifestações. Fecharam ruas (artérias principais da cidade) e lojas, bancos e serviços fecharam ao meio-dia.

E sim, tudo isto por mais manifestações. Desta vez, duas. E grandes. Uma convocada pelo governo. Outra pelos produtores agro-pecuários. Também vos parece que se trata de uma medição de forças? Como quem diz: uma comparação de comprimentos de certos apêndices? Ou quem tem o carro mais veloz?

Pois.

Já lá vão quatro meses de conflito entre uns e outros, com greves, faltas intermitentes de abastecimento de alimentos, tendas em frente ao congresso, muitos cartazes, muita propaganda, muita demagogia, muita tinta, muita conversa e muita discussão. Ardente. Acalorada. Nunca vi ninguém polarizar-se desta forma só por o interlocutor pensar diferente. Quem não pensa igual é imediatamente "energúmeno". Para mim, esta situação roça o inacreditável num país que, como a Argentina, tem tudo: gente, capacidade, terra.

Não sei que contas se vão fazer no fim do ano mas acho que o PIB argentino vai sofrer um duro golpe. E tudo isto por teimosia.

Custa.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Bolívia parte VII: Sucre



Este relato da viagem à Bolívia tem-se estendido demasiado, mas hoje termino-o contando a nossa visita à cidade de Sucre, a capital judicial do país.

Sucre está a "apenas" 2800m sobre o nível do mar, o que lhe confere um clima muito mais aprazível que nos anteriores pontos de viagem: a temperatura esteve entre os 7ºC e os 27ºC, mais coisa, menos coisa, e pudemos finalmente andar de T-shirt, pelo menos algumas horas durante o dia. Senti-me feliz por não ter frio, sobretudo ao ler nas notícias que a Argentina estava debaixo de uma onda de frio polar com temperaturas negativas até em Buenos Aires. Brrrr. Depois de Uyuni, acho que fiquei com alguma aversão ao frio.

Plaza 25 de Mayo em Sucre, província de Chuquisaca, Bolívia.

Em Sucre, tal como o tempo mais ameno, também a cidade é mais cálida. No centro histórico os edifícios são quase todos brancos e estão bem cuidados. Foi lá que Simón Bolívar deu o grito da Liberdade e manifestou a vontade de independência das colónias espanholas na América Latina. Por esta razão, Sucre é conhecida como sendo o Berço da Liberdade, embora a independência da Bolívia só tenha chegado uns quantos anos mais tarde, já depois da Argentina, pelo menos.

É uma cidade muito bonita, sobretudo tendo em conta que as cidades que visitámos não são propriamente exemplos de um urbanismo bem conseguido; Sucre, em contrapartida, e apesar de algumas favelas nos seus arredores, tem uma atmosfera mais democrática e aparenta ter uma riqueza mais bem distribuída que, por exemplo, em La Paz. Se tudo isto não contribuísse para que a cidade fosse já bastante atraente, esta é também a capital boliviana do chocolate e por isso há chocolatarias em todas as esquinas. Não é chocolate suíço, mas dá para alimentar a alma (e a gula).

Na praça principal, a 25 de Mayo, está a casa da Independência, edifício onde, em 1825, foi assinada a Declaração da Independência. Tal como tantas outras casas coloniais, tem pátios, vários, todos bonitos. Aqui neste edifício está também a primeira bandeira argentina.

O nosso hotel, também localizado na praça principal, tem esta sala de refeições. E ninguém acreditaria se eu falasse sobre o pé direito do nosso quarto!

Mas esta foi a última visita desta manhã; antes disso havíamos estado no Museu da Recoleta, alojado num convento, e no Museu Têxtil ASUR. A visita ao convento foi feita em contra-relógio, dado que as horas das visitas regem-se em função do horário dos frades que ali vivem. Embora hoje as suas funções sejam a religiosa e de museu, este edifício já foi também caserna e prisão, e aqui foi assassinado um dos (muitos) presidentes bolivianos, ao segundo ou terceiro dia a exercer funções. É caso para dizer que ser presidente na Bolívia é uma profissão de risco, pois foram vários os presidenticídios na história do país (existe a palavra "regicídio", porque não há-de existir a esta também?). Os claustros deste convento não mostram quaisquer indícios desta história atribulada: têm fontes no centro e canteiros com flores bem cuidadas, lindas, coloridas e perfumadas. Naquela atmosfera silenciosa, estes jardins são edénicos.

O Cedro Milenario, à beira da horta dos frades.



As flores nos claustros do convento.

Saindo do convento dirigimo-nos ao ponto alto de Sucre: o Museu ASUR, de artes têxteis, um museu absolutamente imperdível. Mais uma vez, uma casa do estilo colonial, com pátios, onde oferecem mates de coca e água aos visitantes. Lá dentro estão as peças produzidas por duas tribos indígenas que vivem na província de Chuquisaca, da qual Sucre é a capital. A lenta agonia da tradição têxtil andina foi contrariada com um projecto de uma equipa de antropólogos, que aos poucos soube reavivar as práticas têxteis e fazer com que as mulheres voltassem a ter um papel na estrutura da tribo. Com a modernização dos anos 80, as tribos aymarás e quíchuas foram perdendo as suas características próprias e as tradições foram morrendo com as gerações mais velhas. Este grupo centrou-se em duas tribos com características distintas e hoje o museu tem uma importante mostra - com as devidas explicações - de peças produzidas por elas. São peças absolutamente magníficas, tecidas em teares especiais, por dedos que parecem dançar em cima das linhas da trama.

Deste Museu saímos de carteiras mais leves, mas felizes com a compra de um obra de cada uma das tribos. Resta saber onde vamos ter parede para as pôr, mas isso é absolutamente secundário... algum dia teremos uma casa linda e grande (não enorme, apenas grande o suficiente para pendurar estas obras que vamos juntando) onde poderemos mostrar tudo.

Pátio do Museu ASUR, com a fonte no centro.

No centro, depois da visita à Casa de la Libertad, fomos ainda ao Parque Bolívar, uma zona que antigamente era privada mas que foi doada à cidade e aberta ao público. Está mesmo em frente ao Tribunal Superior de Justiça do país e é mais um dos muitos encantos locais.

Parque Bolívar, um oásis verde numa cidade branca.

O resto do tempo passado em Sucre foi a explorar bons cafés e restaurantes (El Huerto é o lugar para o almoço de Domingo) e a vaguear pelas ruas brancas. Com o pôr do Sol vem também o frio, que nos levou a beber um copo de Glühwein no bar alemão, o Kulturcafé Berlin.

Autocarros na Bolívia: o paraíso da designer gráfica e ilustradora que vivem dentro de mim.

Foi já com a sensação de fim de férias que fomos para o aeroporto de Sucre, prestes a apanhar o voo para La Paz. Na madrugada do dia seguinte, levantámo-nos antes das galinhas e regressámos a casa, em Buenos Aires.

Sábado de Alegria



Temos tido uns dias cheios de eventos sociais. Já diz o ditado: não há fome que não dê em fartura! Depois de tanto tempo de isolamento e quase reclusão por estas bandas, agora a nossa vida social anda muito mais rápida do que eu. Entre casamentos em Santos e jantares com portugueses cá em Buenos Aires, temos também o "casamento-no-mesmo-dia-que-o-Cirque-du-Soleil". Foi no passado Sábado: mascarámo-nos de gala e fomos à Igreja ver os noivos trocar as alianças; saímos e fomos para a tenda do Cirque, na Costanera Sur. Vimos o espectáculo (e que espectáculo!) e saímos para jantar, dado que no casamento a refeição já tinha sido servida. Depois de jantar (e com isto já passava da uma da manhã - e lembrem-se de que à noite tenho menos energia que uma aposentada depois de uma vida inteira de trabalho) fomos para a festa do casamento, onde estivemos a dançar até não dar mais.

E não deu mais pouco tempo depois.

O dia seguinte, tal qual um epílogo pós-desenlace, foi passado em absoluta vegetação entre sofá e chaise-longue, a tricotar e a ver televisão.

E assim pude terminar a minha primeira meia tricotada:

O problema de tricotar meias é que é preciso fazer outra igual...

O primeiro já está!



E não é que nos entusiasmámos mesmo? Numa semana terminámos o puzzle! E devo dizer que foi bem engraçado de se fazer: peças bem cortadas e com um acabamento pouco brilhante (especialmente aconselhável quando se trabalha com luz artificial), uma pintura não só bonita mas também cheia de detalhes interessantes para transformar em puzzle.

Venha o próximo!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Com o Inverno vêm os puzzles!

Diz que o Inverno chegou para ficar (pelo menos uns 3 meses, talvez mais), de maneira que chegou a altura de nos dedicarmos alegremente a fazer os puzzles que cá temos. Primeiro, este, oferecido pelo M.

Entusiasmamo-nos de tal forma que, em apenas uma sessão de "trabalho puzzlístico" ficou assim.

O próximo já está na calha...