No Sábado passado fomos convidados para ir rebentar a
tradicional piñata navideña. Não tirei fotografias, mas
aqui poderão ver o respectivo aspecto.
Assim, sem saber ler nem escrever, partimos nós para a festa da
piñata, na total ignorância sobre o que esperar - e mesmo sobre o que levar.
Chegámos a um dos muitos condomínios fechados de Costa del Este - que praticamente parecia uma aldeia do Natal, já que as casas todas iguais tinham quase todas renas, trenós e senhore de vermelho insufláveis por todos os lados. Ali, sim, já se vive o Natal, como que ignorando pacificamente o calor que o Pai Natal deve estar a passar com aquele traje vermelho tão abrigado.
Quando chegámos a casa do nosso anfitrião deparámo-nos com uma imensa festa, com gente muito aperaltada, DJ e grandes colunas e, no meio, a famosa
piñata.
O significado da dita é muito interessante e curioso: tem sete picos, que representam os sete pecados mortais (alguém os sabe enumerar?). Uma pessoa de olhos vendados (símbolo de fé) usa um pau - a ferramenta de Deus para combater os pecados - para rebentar a
piñata. Quando isso acontece, de dentro saem os frutos da erradicação dos pecados. Neste caso, saíram pequenos brinquedos (bolas, apitos e ioiôs) e muitos doces (chocolates e pastilhas elásticas). Diria mesmo que estes frutos originam o pecado da gula!
Mas a gula-gula, que é como quem diz a "gula-guleira", veio mesmo com o jantar, que estava perfeitamente delicioso. Os anfitriões, mexicanos, convidaram-nos a todos para um convívio de tacos, com as famosas tortilhas de milho e diversos recheios para as acompanhar. O mole (febras de frango em molho de chocolate) estava de lamber as pontas dos dedos e chorar por mais e o puré de feijão era pura poesia. A guacamole estava também deliciosa - e como não gostar de uma boa guacamole, ainda por cima feita por quem a sabe mesmo fazer.
A sobremesa fez-me lembrar Portugal: uma magnífico arroz doce tal qual o da minha mãe, assim humidinho e com os grãozinhos de arroz agulha bem
al dente. Delícia total.
Depois de todas estas tentações - e todos sabemos que a comida mexicana não é conhecida por ser levezinha e dietética - só mesmo um passinho de dança para fazer descer a refeição.
Os nossos anfitriões também são ávidos coleccionadores de presépios, todos expostos: o mexicano, uma árvore da vida, foi o meu favorito. E sabem que o menino Jesus, nestes presépios centro-americanos, não está agarrado à manjedoura? A explicação é simples: ele só é lá colocado na noite de Natal, deitado sobre uma caminha de algodão feita com as boas acções das crianças da casa. Não sei se ainda é assim nos presépios tradicionais portugueses, mas desconhecia este costume.
Apesar do calor que se faz sentir, sinto muito mais a presença do Natal aqui no Panamá que na Argentina. Curioso, não é?
(E, para quem celebra, feliz Hanukkah!)