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segunda-feira, 24 de março de 2014

Os meus "passaportes"



Ontem calhou-me esperar por uma consulta - às vezes acontece. Se é verdade que no sector privado fico doente com as esperas, no público levo a coisa com outra tranquilidade. Preparada já para essa eventualidade, fui munida de um lanche, água e bordado. O essencial, portanto. E a espera fez-se muito mais fácil.

Quem me lê há algum tempo sabe que nutro especial afecto por têxteis, fibras, cores, tricots e bordados. Depois da adolescência, em que os lavores estavam postos de lado - excepto talvez os obrigatórios bordados em ponto cruz da aula de Trabalhos Oficinais - a idade adulta chegou, a moda mudou, e as técnicas tradicionais voltaram a estar na mó de cima, e ainda bem.

Na Argentina, o tricot salvou-me a vida ao servir de veículo de adaptação e integração na minha nova comunidade. Foi através das agulhas e dos fios que fiz amizades que ainda hoje duram, apesar do tempo e da distância. No Panamá, à falta de comunidade de tricot, lancei-me pelos caminhos do bordado, de forma totalmente auto-didacta - e como tenho aprendido desde então!

Descobri que o bordado (como tantas outras coisas...!) pode ser tão simples ou tão complexo quanto nós queiramos. Descobri também que o sentimento que tenho ao olhar para um projecto terminado é mais do que orgulho: é uma espécie de poderosa satisfação ao perceber que aquele trabalho que ali está foi idealizado por mim, executado por mim, me acompanhou em vários momentos dos meus dias, e ali está ele, terminado pelas minhas mãos, em conjunto com a minha cabeça. É uma sensação deliciosa de poder criativo: não mando o projecto para ser impresso numa gráfica, como acontece no meu trabalho de designer gráfica e, muitas vezes, no de ilustradora. É feito aqui, num agora estendido no tempo, mas por mim, pelas minhas mãos.

Suponho que nem só pelo tricot e pelo bordado se possa alcançar uma sensação semelhante: diz-me quem experimenta confeccionar uma receita nova que o sentimento é semelhante. Ou quem ensaia até conseguir executar um andamento de forma perfeita, ou dançar uma coreografia complexa.

Para mim, mais que a música, a cozinha ou a dança, são o tricot e o bordado os meus passaportes para me sentir melhor, mais feliz, mais realizada. Acompanham-me em momentos difíceis e menos difíceis, acompanham-me nos momentos de lazer. E depois de terminadas as peças, orgulho-me do trabalho terminado e ponho-o a uso. Hoje, enquanto escrevo estas palavras, tenho vestido um casaco e uma gola tricotados por mim. Levanto os olhos do computador e vejo pinturas que fiz. O bordado, aqui mesmo ao lado, chama-me para um intervalo, que na verdade também é trabalho, já que estou de momento a bordar o projecto de Maio do meu Clube de Bordado. É bom olhar à minha volta e reconhecer as marcas da minha passagem neste universo que, com o tempo, fui recriando.

E vocês? Qual é, ou quais são os vossos passaportes?

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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O tricot e a viagem no tempo





Um dos meus objectivos para as férias de Natal era dedicar algum tempo ao meu hobby favorito: o tricot. Às vezes a vida mete-se no caminho, o trabalho transforma-se numa prioridade e o ócio, esse, lá se vai pela janela. E por isso, este Natal, lancei-me a um projecto que queria fazer e não tinha tido oportunidade de começar: um novo xaile.

(Abro um parêntesis para contar que este Inverno tenho usado os meus xailes todos os dias, com um prazer que não consigo descrever. Jamais pensei que fosse uma peça tão versátil e tão útil! Por isso, já percebi que não existe o conceito de "xailes a mais", sobretudo os tricotados à mão. Fecho parêntesis.)

A receita que estou a seguir é a do xaile Laminaria, e a minha página de projecto no ravelry vive aqui. O fio, essa maravilha da natureza e do engenho humano, é uma mescla de seda e mohair (nada vegan, portanto) que comprei na loja Cuentapuntos, em Santiago do Chile, quando em Agosto de 2012 acompanhei o senhor meu marido numa viagem de negócios até à ponta sul do continente americano. Lembro-me dessa compra como se fosse ontem: estive mais de uma hora com a senhora que me atendeu, a escolher cores, a fazer perguntas, a trocar opiniões, a conversar. Saí de lá com o coração quente e um saco cheio de meadas, e hoje, ao tricotar este novelo, lembro-me dessa altura, do que sentia nesse momento, das emoções dessa viagem. E viva o tricot por me proporcionar esta viagem no tempo!



Para quem não sabe tricotar: aprendam! É uma actividade tão boa para relaxar, conhecer novas coisas, fazer amizades! Dia 18 de Janeiro dou workshop cá no atelier, querem vir?

Para estarem sempre em cima do acontecimento, convido-vos a assinar a minha newsletter - e ainda recebem uma ilustração gratuita (mais acesso, também gratuito, à zine "airing from Lisbon" e outras surpresas).

Boa semana!

*

Uma nota, em jeito de post scriptum: Bem sei que o "Entre..." tem estado um pouco triste, só e abandonado. Mas eu continuo aqui, a escrever, só que noutro lugar. Venham-me visitar!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Clube de bordado

Bordar é divertido!

Eu sei, eu sei, ando muito ausente. Já aqui contei que ando a fazer um curso de negócios e a dar umas voltas imensas ali para aquelas bandas. E hoje aproveito também para vos contar que, ao abrigo de todas estas mudanças, estou a lançar um novo Clube de bordado!

O Clube é para vocês, queridos leitores, que gostam de acompanhar as minhas aventuras; a partir de agora também vão poder participar. Como, perguntam vocês? É muito simples. Inscrevem-se aqui, o paypal encarrega-se dos pagamentos (25 euros por 6 meses; 45 por 12; a estes valores acresce o IVA para quem reside em Portugal) e a partir de Setembro passam a receber na vossa caixa de correio uma receita de bordado por mês para poderem bordar uma ilustração minha.

Giro, não é?

A melhor parte é que até hoje à meia-noite poderão gozar de de 15% de desconto na inscrição! Não percam e inscrevam-se já, já.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Mais mimo, por favor

Quatro meses volvidos depois do regresso a Lisboa, pergunto-me se a lua-de-mel está a chegar ao fim. De repente, dou por mim a reparar no lixo no chão, ou nas paredes pintalgadas por vândalos que gostariam de ser artistas de grafitti.

Talvez já se me tenha apagado da memória a sujidade absolutamente negligente das ruas da Cidade do Panamá, mas nos últimos dias tenho reparado que há vários bairros da nossa cidade que estão sujos. Os passeios estão cheios de substâncias várias, para além dos suspeitos do costume: aos cocós de cão (donos, onde andam vocês?) juntam-se manchas pegajosas de origem desconhecida. Manchas sobre as quais antigamente alguém mandava um balde de água com detergente, mas hoje parece que essas almas cuidadosas já não têm ânimo, energia ou idade para o fazer.

É pena. E voltamos ao mesmo de sempre: tudo o que temos é mau (e não o cuidamos); tudo o que vem de fora é excelente, e os estrangeiros são todos muito melhores que nós. É outra vez o fatalismo do "país que temos", quando na verdade este é o "país que fazemos".

Que caminho há para inverter esta situação? Bem, eu sugiro que sejamos nós a arregaçar as mangas, ou seja, a acção cidadã, que continua a ser a melhor, mais eficaz e expedita para resolver a maioria das situações que queremos mudar.

Proponho o seguinte: esta semana, se virem um papel atirado ao chão, apanhem-no e deixem-no no lixo. Se virem muito lixo, liguem para a Câmara.

Quanto aos horrorosos tags nas paredes, preciso das vossas ideias. Que fazer? Conhecem receitas caseiras para tirar aquela porcaria das paredes? Algum número para onde possamos ligar? Uma carta que possamos escrever à Câmara, alguém a contactar?

Ajudem-me, por favor. É que temos de cuidar o nosso espaço, seja ele Lisboa, Porto, Funchal ou Terceira. Não importa: é nosso, é de todos. E temos de ser nós a fazer algo para que todos possamos viver num espaço mais bonito.

*

Este texto foi inicialmente publicado no Portugalize.me. Como costuma acontecer nos assuntos do coração - no meu caso, paixão por Lisboa - gerou alguma discussão lá por terras facebookianas. Frutos dessa discussão são:

• plataforma da Câmara Municipal de Lisboa para o munícipe pedir recolha de lixo, lixo volumoso, entre muitas outras coisas
• grafittis limpam-se com diluente ou ácido muriático, à venda em drogarias (requer uso de luvas grossas e máscara protectora)

Uma cidade mais cuidada está nas nossas mãos, gente!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Cápsula do tempo

I'm never tired of Sebastião Rodrigues's work. This cover is 50 years and doesn't feel dated. #illustration #design #almanaque #portugal

Quando, há quase sete anos atrás, parti para a Argentina, fechei o que não vendi dos recheios da minha casa e do atelier em caixotes, guardados na arrecadação dos meus pais.

Os anos foram passando e em cada viagem de férias resgatei alguns livros que queria mesmo ter perto de mim. Não muitos, infelizmente; o limite de peso na bagagem de porão não o permitia (e o azeite da Capinha ganhou sempre).

Apesar de me ter continuado a rodear de livros, é para mim difícil explicar a alegria que senti, quando há umas semanas atrás desembalei os caixotes, limpei o pó aos muitos livros e os arrumei em estantes. Não consegui evitar a sensação de estar a abrir uma cápsula do tempo, em que até o ar era o que ali ficara fechado quando os livros foram guardados.

Descobri com alegria vários títulos que me acompanharam durante os meus anos de trabalho em Portugal.

É o caso do catálogo da exposição do trabalho de Sebastião Rodrigues, que teve lugar no ano de 1995, vivia eu ainda em Macau. Na altura já sabia que queria estudar Design, mas estava longe de conhecer o que se fazia em Portugal.

Sebastião Rodrigues ilustrou e paginou publicações, cartazes, postais. Dedicou-se aos seus trabalhos com um sentido de atenção ao pormenor e uma minúcia que a mim me apaixonam. Penso ser por isso que hoje me dedico a fazer ilustrações bordadas, e ensaio, de figura para figura, um ponto cada vez mais pequeno.

Nos dias que correm, fazemos, enquanto colectivo, uma inversão paradoxal nos nossos interesses: com o smartphone mais moderno registamos o apreço pelas técnicas tradicionais que definem a nossa identidade. E é por isso que, ainda hoje, o trabalho de Sebastião Rodrigues é tão actual: porque combina linhas e formas que ainda hoje são contemporâneas com uma admiração pela tradição e um domínio das técnicas de paginação manual.

Se tiverem oportunidade, não deixem de folhear este livro. Se forem como eu, vão precisar de pano absorvente para evitar a baba na folha.

(Este texto foi publicado pela primeira vez no Portugalize.me.)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Aqui e agora

I thought I was seaside. Fantasy courtesy of seagulls. #lisboa #lisbon #perfectblue

Esta foi a minha primeira semana no meu novo atelier. Três meses depois da chegada a Lisboa, finalmente sinto que começo a instalar-me. Na minha vida ainda há caixotes um pouco por todo o lado, mas decidi que não seriam esses (não muito) pequenos detalhes que me retirariam esta sensação de, finalmente, estar a estabelecer uma rotina na minha nova cidade.

Esta manhã, cheia de sol mas ainda fresca, trabalhava sentada, de janela aberta, quando comecei a ouvir gaivotas. Não foi imediato: comecei a ouvi-las, senti que era Verão, que estava na praia, a brisa do mar a bater-me na cara.

Mas não: estava sentada a trabalhar, no meu atelier, num dos projectos que tenho em mãos. Olhei pela janela aberta e vi uma gaivota pousada no telhado em frente. Nas suas tarefas de gaivota, comunicava com uma companheira, pousada noutro canto do telhado. O seu gaivotês despertou em mim uma memória de Verões anteriores; com ela, uma sensação de descanso, relaxamento, frescura, lazer.

Comecei a pensar em como se deve estar bem na praia, calor mas não demasiado, passeios à beira-mar, um gelado comido antes de mais um banho.

Não sei exactamente porquê, mas o meu pensamento inverteu-se. De repente dei por mim a pensar que em vez de longe e impossível era aqui, no meu novo atelier, com estas gaivotas a gritar e com este mesmo projecto que tenho em mãos, uma ilustração bordada que me traz imensa alegria... é exactamente aqui que quero estar.

Foi uma boa sensação.

E vocês? Aqui e agora, ou lá longe e impossível?

Este texto foi previamente publicado na minha coluna semanal no Portugalize.me

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Guia de sobrevivência, parte II

Roupa de festa. #bica #lisboa

Obrigada a todos pelos comentários deixados no post de ontem, o Guia de Sobrevivência à Psique Nacional.

Porque os comentários deixados aqui e no Facebook me pareceram muito interessantes, faço-lhe aqui uma adenda.

O ponto quatro, sugestão do CSL, fazer o luto do que a vida já foi e do que já tivemos. Sim, já todos tivemos épocas de mais abundância, mas a vida continua. O sol brilha todos os dias e a Terra vai continuar a girar, com euro, sem euro, com mais dinheiro ou menos na carteira.

Já todos tivemos sonhos e desejos que por uma razão ou outra não se concretizaram. E sobrevivemos, não é verdade? A vida muda, delineamos novos objectivos, criamos outros sonhos. No Verão há-de continuar a cheirar a urze, quer tenhamos mais impostos ou não.

E por falar em impostos, acrescento aqui o ponto cinco, sugestão da minha amiga M., que diz que não devemos esperar nada da parte do Estado e que devemos lutar pelo nosso bem-estar sem esperar nada de ninguém. Na minha opinião, este ponto está intimamente ligado ao que dizia ontem a respeito do complexo de vítima, porque é a vítima que espera que um "alguém" indistinto lhe resolva os problemas.

E o ponto seis, que cheira a maresia, veio da minha amiga I., que recomenda sol e mar. Eu completaria com todos os pequenos prazeres que não se pagam nem têm preço: um passeio no jardim, um livro na biblioteca, um encontro com um amigo de quem se tem saudades.

Mais sugestões?

terça-feira, 4 de junho de 2013

Guia de sobrevivência

Perfectly blue on a #perfectblue #lisbon day.

Este blog vive um pouco abandonado pelas circunstâncias de todas as mudanças que estão a acontecer na minha vida. Por um lado, a chegada dos caixotes com as nossas coisas. Do apartamento tipo salão de baile em que vivíamos no Panamá, viemos para um apartamento com um terço do tamanho, ou seja, voltámos àquilo a que sempre chamámos de vida real (e que também tínhamos em Buenos Aires, atenção).

Além disso, estou também a mudar-me para o meu novo atelier, pintura de paredes incluída, o que significa dias de trabalho físico e poucos momentos para me sentar a escrever. Os poucos que tive foram canalizados para os meus artigos semanais no Portugalize.me. Diria que estive em serviços mínimos.

Aos poucos, no entanto, as coisas regressam à normalidade e a nova rotina começa a desenhar-se. O atelier está quase pronto, e a mudança está para breve. Em casa já começámos a cozinhar e a fazer bolos.

(Abro um parêntesis para aqui partilhar que certo bolo de laranja que fiz para o Dia da Criança, no Sábado passado, foi muito apreciado e mais agradecido por certa menina de quatro anos. Tia babada ainda mais babada.)

Mas voltemos ao assunto deste post.

Ontem tivemos a companhia ao jantar de um amigo que se prepara para uma nova experiência internacional, depois de ter estado dois anos a viver em Lisboa. A dada altura, quis saber quais estavam a ser as primeiras impressões do nosso regresso a Portugal. Hoje, ao reflectir sobre as respostas que lhe demos, fiquei a achar que podia compilar um Guia de Sobrevivência à Psique Nacional.

Mas antes de enumerar os pontos deste Guia, quero aqui fazer um esclarecimento inicial: esta crise é absolutamente horrível; as pessoas estão cada vez com o orçamento mais apertado; há quem esteja em situações incrivelmente vulneráveis; há uma nova pobreza envergonhada que é uma tristeza. Haver uma só pessoa com fome é intolerável; e infelizmente há muito mais que uma.

Posto isto, considero que há certos traços da psique nacional que são muito anteriores à crise. Por um lado, nota-se que há uma grande camada da população que, no aperto, tem de se atirar de cabeça para o desafio. Parece-me positivo e noto que existe uma grande mudança de mentalidade numa boa camada da população.

Por outro lado, e é aqui que o Guia de Sobrevivência entra, continuam a persistir certos traços do carácter típico português. Entendo que muitos desses traços vêm dos longos anos de ditadura; mas haver uma explicação não significa que esse comportamento seja imutável ou mesmo justificável.

Entro por isso no primeiro ponto do meu Guia de Sobrevivência: não ver notícias. Nenhumas. Chamem-me desinformada, porque não? Escolho não ligar a televisão à hora do noticiário porque não quero consumir notícias dadas de forma a deprimir ainda mais quem as vê. Exerço o meu direito de escolha lendo os jornais online e seguindo vários órgãos de informação no twitter, onde controlo quais os artigos que vou ler e as reportagens que vou ver.

Como vêem, em vez de desinformada prefiro selectiva.

O segundo ponto no meu Guia de Sobrevivência é não fazer queixinhas. Quero aqui fazer uma distinção importante entre aquilo a que chamo queixinha e a reclamação: a primeira é aquele desabafo resmungueiro e frustrado para o ar, que geralmente inclui o pronome "eles" para reflectir a impotência do próprio em relação à situação. Ou seja, está tudo péssimo e a culpa é de um "eles" impreciso. A segunda, a reclamação, é aquela em que se faz algo, independentemente de vir a dar frutos ou não, para manifestar o desagrado junto das autoridades competentes.

Dou um exemplo: no final da semana passada, descobri que me faltava o anexo SS na declaração de IRS. Não nego: senti-me indignada por ter visto a minha declaração ser validada pelo sistema e afinal faltar-lhe um anexo. E que a falta de apresentação do dito me faria incorrer numa coima que, naturalmente, não me apetecia nada pagar. Não sei se fomos muitos ou poucos a fazê-lo, mas apresentei uma reclamação junto da Autoridade Aduaneira e Tributária. O certo é que houve um alargamento do prazo para a apresentação do referido anexo. E não, a reclamação não precisa de ser presencial, em papel azul de 25 linhas: a minha reclamação foi feita por twitter (e também já fiz outras por e-mail e por telefone).

Resumindo, o meu compromisso comigo própria é que para haver uma queixinha em momento de desabafo, tem de haver uma reclamação, uma acção minha para tentar mudar as coisas. Pode não resultar em nada, mas pelo menos sinto que agi.

O terceiro ponto no Guia de Sobrevivência é afastar-me de pessoas com complexo de vítima e rodear-me apenas de pessoas lutadoras e empreendedoras. Pode parecer cruel, mas a vida já é complicada por si mesma, não preciso de ainda ter pessoas a puxarem-me para baixo. Por isso, resmungões, mal dispostos e queixinhentos, muito obrigada, mas não. Quero é estar com pessoas empreendedoras, lutadoras, optimistas. E todos, todos temos direito a momentos de cansaço, de tristeza e de desespero; mas enquanto uns decidem colocar o poder de mudar a situação na mão de terceiros (ou seja, as vítimas), outros decidem que vão fazer o que podem - que às vezes até nem é muito - para mudar a situação em que vivem. É deste grupo de pessoas que me quero rodear.

E vocês? Têm pontos a adicionar a este Guia de Sobrevivência?

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Coisas que acontecem em Lisboa

This pink house looks like a doll house. #lisbon #lisboa

Quanto mais ando por Lisboa, mais apaixonada estou por esta cidade. Que fazer? Para além das casinhas de bonecas - algumas delas a desintegrarem-se, é certo, mas muitas já restauradas - temos os passeios brancos de calçada portuguesa, temos o sol e o rio, as colinas e os miradouros.

Mas há muito mais: há as pessoas.

Um dia, passei a pé por um edifício que me parecia tão saído de um livro que não consegui afastar o olhar. Lá em cima, à janela, uma senhora estendia a roupa; ao ver-me olhar fixamente, sorriu para mim. Devolvi-lhe o sorriso com o coração quente: depois de viver em cidades anónimas, soube-me bem este pedacinho de interacção.

Passei mais vezes pelo mesmo edifício, que continua a exercer o mesmo efeito sobre mim. E numa dessas vezes estava lá a mesma senhora, de janela aberta, a gozar o sol. Viu-me, disse-me adeus de longe e soprou-me um beijinho, que flutuou até mim.

Fiquei feliz, feliz. Lisboa é linda.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

E é isto

Já está quase. #pty > #lis

Caixotes feitos, partida à vista. Agora é tempo de desfrutar os últimos dias de Panamá, despedir-nos dos amigos que não pudemos ver no Sábado passado e seguir para a próxima etapa, que se antevê cheia de mudanças, readaptações, e happy hours com uma vista um pouco diferente desta:

Last happy hour with this view with a glass of Viu Manent. #byebyepanama

Até breve!

P.S.: continuo a pedir as vossas sugestões para um novo nome para o "Entre..." - que contenha a palavra "entre", claro - e outro para a zine.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Urgente

Caros leitores e amigos visitantes, por favor, não esperem nem mais um instante e leiam isto. Já. O Pedro Aniceto esteve lá e conta o que viu. Não deixem para daqui a bocado. Tem de ser já.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Retratos

I'll be embroidering this fabulous portrait my 7yo niece made of us. :)

And this is me. :)

Uma artista linda cujo nome não vou revelar (nem, de forma nenhuma, não insistam!, a relação de parentesco que nos une) fez, durante as férias em Portugal, retratos nossos. Passarão para a posteridade em forma de bordado, nas fronhas que comprámos para renovar as almofadas do sofá.

O retratado, com barba na cara e uma t-shirt do Flash Gordon, e a retratada, com os seus sinalinhos em cima dos lábios, estão contentes, contentes por terem mais uma peça da dita artista.

(Aqui entre nós, que ninguém nos ouve, não se nota nada, nadinha!, que sou uma tia babada, pois não?)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Férias em Portugal

#lisbon

My favorite view. #lisbon

Catching up with friends. And the view. #lisbon

Wedding with a view. #lisbon

#lisbon

#Algarve, #portugal

Já com saudades. Cantina escolar em Armação de Pêra, #algarve, #portugal

Praia da Vieira, #portugal #nofilter

Em #Fátima, #portugal


Os dias em Portugal passam tão depressa, o que é uma pena. O tempo não chega para tudo o que há para fazer, amigos e família para ver. Não chega para todas as brincadeiras que tenho guardadas para as minhas sobrinhas, nem para todos os mergulhos, castelos e corridas de caricas. Não chega para todo o peixe e todas as amêijoas que me apetecem, para compensar a ausência prolongada.

Mas o que vi, o que brinquei, o que comi - foi tudo muito bom.

(A propósito, pode interessar-vos ler o post que publiquei no Portugalize.me, na altura das férias.)

Agora, resta-me olhar para as fotografias, babar com o céu azul e o mar sem fim, já para não falar nos castelos e nas Princesas que neles habitam, as tranças, os tremoços, os percebes e o cozido à portuguesa que a minha Mãe fez.

Até breve!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Portugalizo-me

Fly London

Aqui há umas semanas, a Raquel Félix iniciou um muito interessante projecto de valorização das marcas portuguesas e da nossa apreciação das mesmas, tanto dentro como fora de portas. Lançou o blog Portugalize.me e muito amavelmente convidou-me para contribuir semanalmente. Este é o mais recente post que lá escrevi e a ilustração também é minha - quem me conhece, sabe o amor que tenho por estas sandálias!

Leiam e subscrevam!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Encontros e ervilhas

Desde que nos mudámos para este prédio onde vivemos que os elevadores têm sido palco de muitos encontros curiosos. Um deles, num dia em que levava a bicicleta comigo, foi com um senhor muito castiço, seguramente com idade para ser meu pai, de cabelinho muito branco, muito magrito e muito bem disposto.

Com uma bicicleta no meio, a conversa de circunstância andou à volta desse assunto. Assim me contou ser holandês, dividir o ano entre o Panamá e a Holanda e ter saudades de ser ciclista durante as suas estadias tropicais.

E, a partir daí, sempre nos cumprimentámos e trocámos umas palavras, ou em inglês ou em espanhol. O tempo, a bicicleta, o café do lado, tudo servia de assunto para a nossa curta converseta.

Na sexta passada, após um ano e meio de encontros de elevador, este senhor conta-me que em Abril volta à sua Holanda natal para um casamento de um familiar, e também para aproveitar o Verão europeu.

Como eu desconheço Verão europeu mais bonito que o português (sei que a minha idoneidade na matéria é absolutamente discutível, mas obviemos isso), disse-lhe exactamente isso. Ele achou curioso que eu soubesse como era o tempo em Portugal... até que lhe contei que era portuguesa.

Foi uma alegria! Não é que o senhor viveu onze anos em Lisboa, no mesmo bairro e tudo? E viemos nós cruzar-nos no Panamá.

O mundo é uma ervilha, está visto.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Bombons

Love in the air

Sometimes love is difficult to express

Estes tios estão sempre, sempre, sempre a pensar nos seus bombons lindos e crescidos.

(C1, já pediste à Mãe que vos imprimisse a última zine?)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Chamo-lhe um figo

Doces regionais algarvios

Doces regionais algarvios

Tenho uma gigantesca pasta de fotografias das férias aqui no meu computador. De vez em quando, vou lá espreitar e tiro uma ou duas imagens para ir matando as saudades.

Os doces regionais algarvios devem ser dos poucos da doçaria portuguesa de que realmente gosto, com todo o amor e paixão que se pode sentir por uma sobremesa. Não que não sejam deliciosos; eu é que não sou particularmente amiga de doces - de longe, prefiro salgados.

Mas aqui abro uma excepção: primeiro, porque são lindos. Imitam frutos, bichos, flores; são pintados com cores saturadas e, claro, sabem bem. Exceptuando os que têm forma de camarão-barra-lagostim-barra-gamba, adoro escolher um bolinho, trincá-lo devagarinho e olhar para o interior, para ver se tem fios de ovos. Adoro o contraste do ligeiríssimamente amargo da amêndoa com o doce predominante, a textura e o volume.

Dêem-me doces regionais algarvios (excepto em forma de gamba) e sou uma mulher feliz.

domingo, 2 de outubro de 2011

Percebes?

Oh, bela visão!

O que para uns pode consistir numa visão dantesca, para mim é promessa de deleite gastronómico.

Tento explicar aos amigos de cá o que são percebes, como se comem e a que sabem. Mas é inútil: olham e acham que isto deve ser coisa do outro mundo e que os seus apreciadores só podem ser marcianos (ou, vá, portugueses). Quando lhes digo que é como comer mar com consistência, não entendem.

Só provando.

E agora, olhando as fotografias das maravilhosas refeições das férias em Portugal, salivo e recarrego as baterias. Diz que agora só para o ano.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cá longe

skyping
Por estar longe, o meu melhor amigo tecnológico é o skype. Não sei como aguentaria sem este pedaço de programação que alguma alma caridosa se lembrou de escrever. Não é que não goste do género epístola; é que aí não poderia ver as minhas queridas mais curis, fofas e bombocas Cês.

Estando fora há mais de quatro anos, a maior parte da vida da mais velha e toda a vida da mais nova foram vividas através de um ecrã de computador e dos momentos (bem aproveitados) das férias. Por isso, houve que arranjar actividades para falar e brincar com elas, numa versão pixelizada.

Já o fazia com a mais velha; agora faço-o com a mais nova: a minha interlocutora pergunta-me pelo coelhinho; eu desenho-lhe um coelhinho. Depois pede-me uma piscina; eu ponho-a à borda da piscina. Faço-lhe uma bóia, e ela exclama: "a bóia!"

Depois desenho-lhe chuchas - "a chuchinha!"; e um coelhinho que ficou no supermercado, consta que "a fazer compras". Depois ela cansa-se e vai à sua vida de menina de dois anos e meio, que é muito cheia de descobertas, de vez em quando manda uns beijinhos e outras vezes agarra-se ao "ukulele é minha!". Logo seguido de "qués?"

Esta tia, cá deste lado, baba. E conta os dias até às férias.