terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Blitzkrieg

A Primavera instalou-se em Buenos Aires com hordas e hordas de sanguinolentos mosquitos. Ontem, vinha eu tranquilamente a pé para casa, parei um bocadinho no semáforo, até ficar branco (cá, o semáforo verde para os peões é branco). Foi questão de alguns segundos mas, quando olho para baixo, tenho qualquer coisa como seis mosquitos (não-dengosos, esperemos) pousados nas minhas pernas, a picar-me sobre a roupa e tudo, sem qualquer tipo de vergonha ou hesitação. Desatei à chapada às minhas próprias pernas, fiquei com sangue nas mãos e tudo, mas os danados dos insectos já tinham deixado as suas marcas: quando cheguei a casa, mais parecia picotada.

Foi mais um momento Calmiderm.

(é... agora que penso nisso, bem que posso abrir aqui uma série intitulada "momentos Calmiderm". De duvidoso interesse, é sabido, mas certamente profícua.)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Preparativos

Kimonos waiting to be shipped!

Já falta pouco para o Natal e aqui no abbrigate* faço montículos de kimonitos, prontos para irem para as suas novas casas.

Gosto de olhar para eles e imaginar os bebezuquinhos que lá vão estar dentro. Fofo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Rosario

Rosario, Santa Fe, Argentina

Museu de Arte Contemporânea de Rosario, Santa Fe, Argentina

Rosario, Santa Fe, Argentina

Fomos a Rosario, não à do Pedro Aniceto, mas sim à da província de Santa Fé, na Argentina. A 300km a norte de Buenos Aires, a cidade estende-se ao longo de uns 10km (medido a olhómetro, não se guiem por mim) ao longo do Rio Paraná, o mesmo que dá o nome ao estado do Brasil, que passa pelas cataratas de Iguaçú e que se vem juntar ao Rio de la Plata aqui já bem pertinho de Buenos Aires.

Rosario respira aquela atmosfera de segunda cidade, embora dispute esse estatuto com Córdoba. Ainda assim, tem aquele ambiente alternativo que não se vê na capital - fenómeno que em Portugal também encontro no Porto. As pessoas, os edifícios, as lojas, os restaurantes, os monumentos, tudo, tudo tem um aspecto muito próprio e bonito. É um importante centro comercial, já que a partir dos seus portos se exporta uma percentagem muito elevada da produção agrícola do país. No final do século XIX recebeu muitas vagas de imigração europeia, facto que explica a concentração de edifícios de carácter e gosto europeu na cidade.

Contudo - e como não há bela sem senão - Rosario padece de sujidade crónica. Ou de falta crónica de cuidado, talvez. Os edifícios, lindíssimos, estão a cair aos bocados; as ruas, sujas, sujas como há muito não via. O lixo e os cocós de cão são tantos, tantos, que em algumas ruas tínhamos de ter muito cuidado para não pisar nada indesejável. As baratas circulam pela rua como se não houvesse desinfestação na cidade há coisa de cento e cinquenta e três anos, arrumando Macau num canto no que ao índice de barata por metro quadrado diz respeito. E olá que em Macau havia bastantes baratas, afinal de contas era um clima bem tropical. Mas em Rosario? Nossa, tanta barata que metia literalmente nojo. E eu não sou enojada com essas coisas.

Mas nem tudo é negativo no que toca ao esforço de cuidado urbano: a marginal está praticamente toda habilitada com jardins, espaços verdes e ciclovias e o contacto da cidade com o rio é total. Além disso, quem desenhou a quadrícula da malha urbana decidiu que em vez de pôr as ruas paralelas ao rio, elas deveriam estar em diagonal com o rio. Parecendo que não, isso permite que mais edifícios estejam sobre a marginal e que muitos mais apartamentos tenham vista de rio. Uma óptima ideia!

No Sábado, o dia esteve farrusco e demasiado frio para a época quase estival, mas no Domingo o sol deu um ar de sua graça. Os rosarinos foram, em massa, para a beira-rio, e nós também. Saldo: uma saudável tonalidade de verão e um evidente lembrete da roupa que tínhamos vestida nesse dia, marcada para a posteridade (até ao próximo banho de sol) na pele.

As fotos estão aqui.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Cômputo carioca

Rio de Janeiro

Dias no Rio: 5
Aulas de surf: 2
Vezes que me consegui pôr de pé em cima da prancha de surf: 2
Vezes em que foi verdadeiramente espectacular estar em cima da prancha: 1
Banhos de praia: 3
Qual deles o melhor: hmmm. Difícil. Aquele em que saltei as ondas e disse "tchan-tchans", como a C1?
Vezes que disse que tinha déficit de oceano: difícil de contar, aí umas 20. E foram só 5 dias.

Rio de Janeiro

Feijoadas: 3
Sopas de feijão: 1
Moquecas de camarão e peixe: 1
Queijo mineiro: 0.45 (não se iludam, comi muito!)
Espetadinha de queijinho de coalho grelhado: 1
Águas de coco (que no tempo da Segunda Guerra serviram de soro, esta é uma piadinha para... oh, vocês sabem quem são) bebidas: 3

Rio de Janeiro

Telemóvel caído à sarjeta: 1
Sinónimos aprendidos para a palavra "sarjeta": 1 (bueiro. Não conhecia!)
Aprendizes de Clark Kent conhecidos: 1
Tampa de sarjeta levantada:1
Número de homens a levantar a supra mencionada tampa de sarjeta: 1
Telemóvel recuperado: 1

Rio de Janeiro

Palavras novas: muitas, difícil contabilizar.
Expressões novas: muitas, também.
Nova expressão favorita: "porque eu sou fóbica!", em que "fóbica" se lê "fuóbica!"

Rio de Janeiro

Vezes em que me senti em casa: 1, ou seja, todo o tempo.
Vezes em que me senti em Portugal: muitas. Especialmente ao visitar as confeitarias Cavê e Colombo, no Centro, bem como o Real Gabinete Português de Leitura (onde se pode consultar o Diário de Leiria mais recente, por exemplo)
Vezes em que me senti em Macau: 2, pelo calor e ao passear no Centro.
Vezes em que me senti em Goa: 2, vide ponto anterior.

Rio de JaneiroViseu? Não, Rio.

Celebridades vistas: 1
Tardes passadas em Ipanema: 1, fabulosa.
Tardes passados na converseta: 5, ou seja, todas.
Conversas boas: todas. Nossa, quando eu e a F. nos juntamos, o teca-teca só pára quando tem mesmo de ser.

Rio de Janeiro

Molduras de quebra-cabeças completadas: 0.98. Faltou uma peça, mas valeu o esforço.
Projectos de tricot começados: 2
Projectos de tricot acabados: 1, quase integralmente no avião, porque não me ocorreu que lã e aquele calor todo não combinam. Aqui em Buenos Aires a temperatura ainda está amena e eu esqueci-me de que o Rio fica (cantemos todos!) num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza! Ai que beleza!

Rio de Janeiro

Mais fotos aqui.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Porque sim

Só porque são bonitas, umas fotografias de umas rosas maravilhosas no Rosedal de Palermo.
Flowers everywhere

Flowers everywhere

Flowers everywhere

Bom fim-de-semana!

domingo, 15 de novembro de 2009

O meu marido é um guerreiro ninja

Ontem andávamos nós a passear e a fotografar jacarandás em flor, sentados - quase literalmente - na nuvem mais cor-de-rosa do mundo, quando de repente aconteceu o que jamais me tinha acontecido: fomos quase vítimas de um assalto.

Tudo se passou muito rapidamente e o que me lembro daqueles poucos segundos são meros flashes: no primeiro, senti dois vultos atrás e muito perto de nós. O meu pensamento, alguém que o Paulo conhece. No segundo momento, a pessoa do meu lado agarrou-se à minha mão, a que levava a máquina fotográfica. Perguntou-me "me pasás esto?" e começou a fazer força para me fazer largar a máquina. Nesse instante, da surpresa dos amigos passou rapidamente para a clareza do "isto é um assalto!" e aí gritei. Primeiro, gritei-lhe que não, que não. Fiz força para conservar a máquina na mão - e consegui, graças à correia de segurança que anda sempre, mas sempre enrolada no pulso. A miúda - nesta altura já tinha percebido que eram duas miúdas, garotas aí pelos seus vinte anos, com idade para ter juízo - só me conseguiu agarrar a bolsa da máquina e afastou-se com ela, vitoriosa, até que percebeu que lá dentro não ia nada.

A seguir, o terceiro momento, aquele que eu denomino de "instante-guerreiro-ninja": vejo o Paulo no ar, perna em riste, a dar um enorme pontapé à outra miúda. Nesse momento, percebi que a sorte estava do nosso lado, pois elas começaram a afastar-se, certamente com pouca vontade de lutar.

Conta o Paulo que, ao princípio, também tinha pensado que fosse alguém conhecido a pregar-nos uma partida (de gosto duvidoso, acrescente-se) e que, quando me ouviu gritar, percebeu que não. Sentiu uma pressão: pensamos que a ajudante lhe encostou uma chave às costas para ele se sentir ameaçado e não reagir. Contudo, ao ouvir-me gritar, defendeu-se como sabia ter mais efeito, que foi com um pontapé no flanco. A chiquita hoje deve ter acordado com uma valente nódoa negra, no mínimo.

Toda esta acção, que durou uns meros segundos (que pareceram dias), revelou-me algo que eu não sabia: quando chegou o momento de libertar a adrenalina e a agressividade da cena, saíram-me impropérios tanto em português como em castelhano, de forma igualmente natural. O Paulo comentou mais tarde que nunca me tinha ouvido dizer tantas asneiras; olhando para trás, eu não disse muitas asneiras, eu repeti-as foi muitas vezes.

Resumindo: Mães, estamos bem. Paulo+Billy, 1; miúdas parvas que nem sequer estavam a roubar para comer, já que pela compleição física se podiam perceber uns quantos alfajores a mais, 0.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Primavera

Spring in Buenos Aires

Spring in Buenos Aires

Spring in Buenos Aires

Novembro é o meu mês preferido em Buenos Aires: todos os defeitos da cidade desaparecem detrás da histérica nuvem violeta dos jacarandás em flor. O ar está morno, com a promessa do Verão (algo asfixiante) ao virar da esquina; não está nem muito frio nem muito calor. Está perfeito. Os dias são longos e o ar, para além do escape dos autocarros, também cheira a flores.

Claramente a melhor altura do ano para cá estar.

Mais fotos aqui.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bzzzzz parte II

Primavera no Rosedal de Palermo
Já o disse no blog do abbrigate* e digo-o aqui também: acredito que algures entre as fibras e as malhas do que tricotamos ficam retidos sentimentos que temos e moléculas dos lugares onde tricotamos. É por isso que levei o coletinho da C2 passear ao Rosedal de Palermo no Domingo passado.

Como vêem, a Primavera chegou em força e o coletinho quase se mimetiza com a envolvente.

Sou uma tia muito, muito babada, saudosa e...

Primavera no Rosedal de Palermo
...maluquita, como diria C1.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Faces ocultas


No "El País" de Domingo, veio um artigo sobre o novo escândalo de corrupção em Portugal. Assim de repente já imagino as cabeças que se abanam num gesto de "não, este país é uma vergonha". E, convenhamos, novo escândalo de corrupção não contribui para uma imagem muito positiva.

Contudo, vejamos o lado bom da história: a trama é investigada, chega à opinião pública e, se tudo correr bem, será processada pela máquina da justiça. Os protagonistas verão o seu nome associado a uma história suja e, se tiverem vergonha na cara, não voltam a brincar aos inimputáveis.

Já é mais do que se pode dizer sobre os casos que acontecem aqui na Argentina (e noutros países da América Latina), onde as redes de corrupção não são sequer tocadas.

E tenhamos presente que para cada corrupto activo tem de haver um corrupto passivo e que todos nós podemos escolher deixar de tolerar assumir este papel.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Wiedervereiningung

Vinte anos depois, não dá para não mencionar a queda do muro de Berlim. A Deutsche Welle está que está com uma transmissão ininterrupta e em directo desde Berlim. Nos interlúdios mostra excertos de filmagens feitas há vinte anos.

Para além da alegria do festejo, cabe aqui também fazer o comentário "mudam-se os tempos": em quase todos os planos da reportagem aparecem cigarros no enquadramento, normalmente em primeiro plano, normalmente sem mão completa a agarrá-los e, também normalmente, não pertencentes ao entrevistado. Assim como uma espécie de emplastro, mas em forma de cigarro. Alguém mais nota isso ou sou só eu?

E nos penteados? Quem repara nos penteados?

Parece que foi ontem, e afinal já passaram 20 anos. Impressionante. Gott sei dank, como me disseram uma vez, a propósito da queda do muro.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Bzzzzz...

DSC05411

Imaginem umas abelhinhas a dar às agulhas para tricotarem umas coisinhas fofas para umas meninas ultra, ultra-fofas.

Uma dessas meninas ultra-fofas disse-me hoje, por skype, que vinha da escola a pensar em mim e que era mesmo comigo que queria falar. Contou-me que já sabe escrever o nome, sem olhar para o cartão!

(coração de tia muito feliz)

Felizmente já falta pouco para o Natal.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ontem

outro género de animação de rua

outro género de animação de rua

Ontem foi dia de grande animação aqui na rua. Estava eu aqui de volta do computador quando me chega ao nariz (um nariz que é um radar, diga-se) um estranho cheiro a queimado. Na rua, uma fumarada negra subia ameaçadoramente desde o segundo andar do prédio exactamente ao lado. Precisamente do prédio onde vive a vizinha que grita desalmadamente durante a noite.

A chuva caía torrencial e sair para a rua não era o que mais apetecia, mas engolir fumo negro também não. Então peguei casaco, chaves e carteira, tranquei a porta e abalei escadas abaixo até à rua. Pensei cá para comigo; "não, o computador é bonito mas não é o mais importante. Nem o tricot, nem a nova máquina de costura, nem sequer o passaporte, o importante mesmo é eu estar cá em baixo." Eu seja santa, as coisas que me passaram pela cabeça.

Os bombeiros e a polícia agiram num instante: fecharam a rua, conectaram mangueiras, apagaram o fogo e salvaram dois velhotes que não conseguiram sair sozinhos da casa em chamas. Estavam assustados, aturdidos e só um bocadinho chamuscados, felizmente. Hoje já recebi a notícia do meu serviço noticioso pessoal (a muito querida porteira do nosso prédio) que estão em observação e fora de perigo.

Ufa.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Uma surpresa





Chegou-me uma surpresinha à caixa de correio. Mais leituras, estou contente!

(Obrigada, M!)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Um saltinho a Puerto Madryn

Foi num instante que o fim-de-semana passou e já deixou saudades. Rever as fotografias e lembrar-me do azul do mar ajudam-me a aguentar os meses até à próxima deslocação à costa atlântica.

Fomos na sexta pela fresca, antes ainda de as galinhas acordarem. Acordaram logo a seguir, claro está, porque a menina do balcão de check-in nos sentou precisamente de ouvido colado à turbina. Num avião velhinho de uma das companhias aéreas menos recomendáveis do mundo (Aerolineas Argentinas, para o caso de quererem saber), lá chegámos sãos e salvos a Puerto Madryn.

Ao sairmos do avião, pensei que aquele vendaval era coisa da danada da turbina, mas não: estava uma ventaneira tal que ao levantar a perna para andar, o vento a levava. Literalmente.

Apesar do tempo, aproveitámos para ir a Punta Tombo, uma reserva onde se localiza uma colónia de pinguins. De momento, estão a chocar os dois ovos que as fêmeas põem e, dentro de algumas semanas, nascerão os filhotes. Pai e mãe intercalam-se na incubação do ovo e quem não está de serviço vai ao mar alimentar-se. Quando volta, toma o lugar do outro para que também ele se possa alimentar.

O dia seguinte, Sábado, amanheceu lindo, cheio de sol e com muito menos vento. Estavam reunidas as condições ideais para irmos ver as baleias! Entrámos na Península de Valdés, parque nacional, e o que se seguiu foi como que andar num parque de diversões, só que natural. À beira da estrada vimos guanacos, ñandús e bichezas exóticas locais. Um pouco mais tarde, já no barco, vimos baleias (da espécie franca austral) com as suas crias. Não dava para ver e tirar fotografias que se aproveitassem, portanto decidi ver. E não é que fui recompensada com uma subida e consequente mergulho de costas por uma baleia de várias dezenas de toneladas? O passeio foi lindo, lindo, e felizmente ainda trago os olhos cheios de mar. Isto de viver longe da costa... às vezes custa.

DSC05217

Depois do barco, almoçámos e fomos procurar os elefantes-marinhos.

Elephant seals in Península Valdés

Elephant seals in Península Valdés

Os elefantes-marinhos vivem organizados em haréns.

(Pausa para comentários jocosos. Fim da pausa para comentários jocosos.)

Depois de quase um ano passado no mar, estes bichos vão para terra para a etapa de reprodução. Durante este período raramente voltam à água, o único lugar de onde provém a sua alimentação. Por esta razão, perdem muito peso durante o tempo em terra. As mães, depois de darem à luz, amamentam as crias durante algumas semanas e dá-se um fenómeno de "transmissão de massa": as crias, alimentadas exclusivamente com leite materno, duplicam o seu tamanho em pouco tempo; as mães, em contrapartida, saem muito esbeltas deste período, até porque não se alimentam enquanto estão em terra.

Poucos dias depois de darem à luz já o macho do harém as emprenhou outra vez. Mas por ainda estarem a amamentar a cria, o embrião fica a "hibernar" e só se implanta no útero três meses mais tarde. A gestação dura mais nove meses, o que significa que a elefanta-marinha está sempre grávida. Um despacho!

Tongues of fire goes elephant seal-watchingO tricot também foi passear. Pode não entrar na cabine do avião, mas lá ver elefantes-marinhos, vê.

Daqui, fomos espreitar uma mini-colónia de pinguins. Pequenina, mas linda.

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Voltámos a Puerto Madryn com a estepe patagónica por paisagem, embalados pelo ronronar do motor da camioneta. A sesta perfeita, depois do dia perfeito.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Turistas por cá


Temos visitas cá em casa. Ao fim-de-semana, entramos em modo "turista" e vamos passear a todas aquelas zonas que visitamos somente nestas situações. Sabe muito bem.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ceci n´est pas...

Canelonis com espinafres, cogumelos e requeijão, feitos pelo Príncipe.

...um blog de cozinha. Não obstante, não podia deixar de mencionar o nosso desafio doméstico depois de termos visto o filme Julie & Julia. Quem for ver o filme saberá que cada uma das Júlias se propôs cumprir um desafio grande, do género "enorme". Cá em casa, pelo contrário, contentamo-nos com uma coisa mais simples, mas que tem sido divertida: às quartas-feiras e aos Domingos experimentamos, à vez, uma receita nova. A única regra é que esteja num dos livros de cozinha que cá temos em casa.

No cardápio doméstico já tivemos, cozinhados por mim: trouxas de espargos, muffins de acelga, rolo de noz com espinafres e cogumelos; cozinhados pelo Paulo, tivemos cataplana de porco e espargos, sopa de milho e, ontem, uns magníficos canelonis de espinafres, cogumelos e requeijão. Feitos na pastalinda que lhe ofereci, claro.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

stricken, strickte, hat gestrickt

Tongues of fire in Diavolo

Esta que vocês aqui lêem tem andado longe deste estaminé por várias razões, sendo que uma é a preparação de uma apresentação oral para a aula de alemão. E sobre o que é? Precisamente essa actividade que é o tricot. Numa época tão globalizada em que tenho até dificuldade para me lembrar dos termos apropriados em português, foi giro aprender o vocabulário alemão adequado ao tema.

Na foto, uma das minhas tentativas de tricotar "lace"...

(abro parêntesis para me perguntar, sem êxito, qual o termo em português para "lace"? Fecho parêntesis, ainda na dúvida.)

...como estava a dizer, uma das minhas tentativas de tricotar "lace", com o modelo gratuito disponível aqui, feito com o fio Joji sock na cor Diavolo. Os detalhes encontram-se aqui.

E assim volto ao stricken.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

"A lã e a neve"

É o segundo livro de Ferreira de Castro que leio e, tal como no primeiro, surpreendo-me por um clássico me agarrar desde o princípio. Eu sei, é uma grande falta de cultura e de erudição da minha parte dizer que os clássicos da literatura podem ser chatos, tal como é admitir que adormeço sempre durante as peças de teatro, mesmo quando estou interessada e a gostar. Mas a verdade, para mim, é essa: às vezes os clássicos são chatos.

Pois não é o caso deste. Para além de a acção se passar numa zona que me é querida (Covilhã, Manteigas e terras serranas), fala de outra coisa que me é querida: a produção de lã. E o que, outrora, se sofria para se produzir aquilo que para mim é como um parque de diversões (tricoticamente falando, claro está).

Ontem à noite aprendi uma coisa nova: tal como se "bloqueia" uma peça tricotada para que as fibras estabilizem, também os pastores têm de dar um jeitinho nos chifres dos carneiros, para evitar acidentes. E o processo é de um pragmatismo fabuloso: espeta-se cada um dos chifres do carneiro adolescente numa batata recém-cozida, ainda quente. A temperatura e humidade da batata amolecem o chifre, que depois é retorcido de forma a não crescer nem na direcção dos olhos nem do pescoço do animal. Quando se termina o processo, prendem-se os chifres com guita e um pau, de forma a estabilizarem na nova forma. Giro, não é?

O mesmo acontece nas peças tricotadas: são lavadas e depois deixam-se secar horizontalmente com alfinetes a dar-lhe a forma definitiva:

Damson
Vêem os alfinetes a puxar a malha para a abrir bem?

E esta, hein?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Eu, no Jornal do Brasil!


No Domingo passado foi publicado um artigo meu no Jornal do Brasil. Atalhando uma longa história, estou muuuuuuuito feliz por ter tido a oportunidade de escrever um texto para ser impresso. Blog é giro, mas no jornal é outra coisa!

Obrigada aos envolvidos nesta aventura!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Mercedes Sosa

Na madrugada de Domingo, Mercedes Sosa morreu.

Nem vale a pena comentar a cobertura dada pelos media ao acontecimento (um directo, todo o santo dia, desde o edifício do Congresso, onde o corpo foi velado. Não houve notícias no mundo - nem locais, diga-se -, não houve absolutamente nada, só um directo, a câmara apontada ao féretro e a corrente de pessoas que lá iam despedir-se a passar. Mencionei que foi todo o dia? Todinho?). Também não vou comentar o dia de tolerância dada aos funcionários públicos a propósito do luto nacional.

O que importa mesmo, mas mesmo, mesmo, é que Mercedes Sosa foi uma figura-chave da cultura do país. Não conheço nem quero conhecer as conotações políticas da música dela. Do que eu gostava, mesmo, era da música em si, das melodias, da poesia e da forma como ela as interpretava. Vi-a ao vivo pela primeira (e última) vez em Frankfurt. Na assistência distinguiam-se claramente os latinos, aos saltos e a bater palmas, a pedir mais uma canção antes da despedida, dos alemães, sentados nas suas cadeiras, surpreendidos com as reacções calorosas dos primeiros. Não é que não estivessem a gostar; só manifestam o seu agrado de forma menos exuberante.

Enfim, saímos de lá numa espécie de nuvem etérea provocada pela música, assim como se devem sentir as pessoas quando fumam coisas que fazem rir. Foi uma maravilha.

Uma mulher que cantou Gracias a la vida deve ter morrido em paz. E que em paz descanse.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Férias parte II: no calor



Depois das férias no frio, vieram as férias no calor. A viagem foi longa, longa, entre Ushuaia e Lisboa, com uma noite (que mais pareceu uma sesta) dormida em Buenos Aires. Daqui fomos para São Paulo, e dali para Lisboa. Nos antigamentes voávamos por Madrid, mas agora que descobrimos a ligação brasileira não queremos outra coisa. Não é só o facto de a viagem ficar mais repartida, com três horas e qualquer coisa até ao Brasil e mais nove e picos até Lisboa, em vez do voo enorme até Madrid e do engasgo dali até Lisboa. É, sobretudo, o conforto de sermos bem tratados, tanto na TAM como na TAP. Para quem venha para estes lados, em podendo, TAM-TAP é que é bom. Começamos logo a falar português mal saímos de cá e, entrando no avião da TAP, já bebemos água do Luso, sumos Compal e comemos empadão de novilho biológico. Mnham!

Pausa publicitária terminada, passamos ao momento "Paremos-de-dizer-mal-de-Portugal". Acaso sabem quanto tempo levámos a passar a fronteira? Aí uns 30 segundos, se tanto, devido a essa invenção que é o passaporte electrónico. Não há filas, não há esperas, a única dificuldade é reproduzir a cara de segunda-feira que consta do documento para a máquina fazer o reconhecimento visual. Roça o impossível, sobretudo tendo em conta que do outro lado nos esperam familiares felizes e a nossa cidade de eleição. As malas, contrariamente ao que esperávamos, não demoraram tempo nenhum a chegar e pudemos então enfrentar o calorzinho estival do início da manhã. Ai, é tão bom chegar a Portugal.

Lisboa foi uma breve passagem a caminho do Algarve. Seguiu-se uma semana cheia daquelas coisas que fazem das férias na praia a melhor coisa do mundo. Sol, cheirinho a Algarve, mar, mergulhos, docinhos em forma de fruta, passeios à beira-mar, gelados comidos na praia, castelos na areia e muitos, muitos mimos da família.

Para compensar o aporte calórico das refeições nas férias frias, em Portugal fizemos uma estrita dieta de amêijoas e peixe. Que regime bom! Fossem todas as provações da vida semelhantes a esta... Iguarias e mimos da família à parte, o momento alto de praia foi quando um cardume de golfinhos veio fazer acrobacias pertinho da areia. Foi tão bonito! O público, siderado com o espectáculo, aplaudia e comentava. Falta-me o registo fotográfico, mas foi impossível descolar os olhos da água para procurar a câmara...

Foto tirada pela C1. Temos fotógrafa!

Muitos pêssegos e bolinhos do Algarve depois, voltámos a Lisboa. Mas essa é conversa para outro post.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Momento desculpem-lá-qualquer-coisinha-sou-estrangeira-e-não-percebo

Que é como quem diz, esta coisa das expressões idiomáticas tem muito que se lhe diga.

O que vou relatar passa-se em plena aula de pintura, trabalhos expostos na parede, numa conversita de preâmbulo antes da análise colectiva que é costume o professor fazer nos dias de composições com poses rápidas. Imaginem duas folhas gigantes por pessoa, e somos mais de uma dezena, ou seja, uma parede cheia.

Uma das minhas colegas, sentada atrás de mim, pergunta-me:

"Che, los tuyos son esos?", apontando de facto para os meus trabalhos. Assenti.

"Ay, la flauta!", respondeu ela.

Ora aqui está. Para a minha cabeça mal-pensante, ay, la flauta só se poderia estar a referir à posição das figuras. Abri gigantemente os olhos e perguntei-lhe: "QUÉ?". Foi um "qué" tão enfático que até lhe pus o ponto de interrogação ao contrário no início e tudo, apesar de ser objectora de consciência no que toca a grafar esse sinal pouco prático.

Vendo o meu ar de espanto-barra-susto, que ela, obviamente, não entendia, explicou-me o significado da dita expressão idiomática:

"Che, la flauta significa que es bárbaro!". E bárbaro, na Argentina, é bom.

A pintura em questão era esta:

2009.09.28_02 baixa

Tenho dito.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Agora que descansei...

...aproveito para agradecer a todos os leitores do "Entre..." os comentários feitos ao abbrigate*. A verdade é que estamos muito contentes!

Agora que descansei, chegou também o momento de contar como foram as férias. Sim, coitadas das férias, onde é que elas já vão! Mas talvez por isso mesmo esta seja uma boa altura para lembrar esses dias de despreocupação horária e muita natureza.

Skiing in Ushuaia

Começámos por Ushuaia. Para quem não sabe, uma das condições no nosso imaginário contrato pré-nupcial foi a de que todos os anos teríamos uma semana de esqui. Eu tinha duas opções: ou ia, ou não ia. Ora eu comecei a esquiar em adulta, gente, já indo para osteoporótica, o que provocou em mim uma intensa onda de pânico que se vinha manifestando em forma de pesadelos sempre que pensava que a semana da neve estava para chegar. Enfim, insistia por uma questão de harmonia conjugal e também porque toda a gente me dizia que ao princípio custava, e isto e aquilo, e um dia, "quando menos esperasse", eu ia gostar.

Ora isso aconteceu. Mesmo. E deu-se precisamente a meio da estadia no sul do mundo. Suponho que terá sido por uma combinação de factores, alguns inerentes ao Cerro Castor, a estância de esqui onde estivemos, outros que têm a ver com a minha progressão em cima dessas tábuas deslizantes.

Skiing in Ushuaia

Em primeiro lugar, as pistas são bem largas, o que permite a uma medricas como eu esquiar à vontade, dar as curvas tão abertas ou tão fechadas quanto se me ofereça no momento e não temer a cada instante que um esquiador mais veloz me passe por cima dos esquis (coisa que me aconteceu no passado, infelizmente mais do que uma vez. Medo.). Por alguma curiosa razão, há pouca gente. Ou então não, ou então só parece que há pouca gente. Porque ao almoço sempre tínhamos um pouquinho de acotovelamento para chegar ao matambrito. Nos meios de elevação não há filas, não há lutas para passar à frente, não há nada dessas coisas que os humanos fazem quando estão em grande número num pequeno espaço. Nada.

E tive uma instrutora espectacular. Ou melhor: es-pec-ta-cu-lar. A sério, fantástica: intercalou as aulas de técnica com as aulas de diversão e pôs-nos a esquiar em caminhitos, em neve não pisada, a dar saltinhos (eu! A dar saltinhos! Com esquis postos!), a esquiar à ré, enfim, tudo o que lhe passou pela cabeça. Foi uma delícia: pela primeira vez, senti que me dava permissão a mim própria para me divertir com aqueles apêndices naquelas botas ultra-desconfortáveis. Foi uma maravilha! Nos primeiros dias, contava à instrutora: "ontem o Paulo levou-me a uma pista assim e assado". A meio da semana já a conversa era outra: "ontem levei o Paulo àquele caminho que nos mostraste e ele adorou!".

My class!A turminha.

Skiing in UshuaiaEu, feliz, no dia em que esteve sol. E aí uns -15ºC.

Uma das alternativas para almoçar na montanha é levar merenda e ir a um dos refúgios que lá existem. O nosso preferido era o mais alto, mais extremo e mais perto do nada que era a outra encosta. Um dos dias tivemos esta simpática visita:

This little guy came to check out our lunch

No último dia, contudo, a surpresa relacionada com comida não foi tão agradável:

Cota 480 in Cerro Castor burningO restaurante Cota 480 ardeu completamente

Lá se foi o matambrito a la pizza do Paulo. E muitas outras coisas, muito mais valiosas, de muitas outras pessoas.

Ainda em matéria de comida, e voltando aos aspectos positivos, uma particularidade da cidade mais austral do mundo é que há muito peixe e marisco, contrariamente a Buenos Aires. Comemos centolla de mil maneiras, tal como os portugueses comem bacalhau de todas as formas e feitios. Tal era a saudade que tínhamos de marisco bom! No topo da lista:

Antes da intervenção...

...e depois da intervenção.

Depois deixámos Ushuaia para no dia seguinte embarcar em direcção a Lisboa. Mas isso fica para outro dia.

Mais fotografias aqui.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Senhoras e senhores, meninas e meninos...

...apresento-vos o meu novo bebé, o abbrigate*.



Tem sido uma das razões para a minha ausência e para o meu atraso nos relatos das férias, mas é com muito gosto que me atraso em todas essas lides bloguísticas porque a razão é boa. Tudo começou há algum tempo atrás, em conversa com a minha amiga tricotadeira, e agora sócia e "partner in crime", Joji.

Sei que este blog é em português - e assim se manterá - mas hoje abro uma excepção para vos deixar aqui o texto do lançamento da nossa marca de roupa para bebé tricotada à mão. É que o cansaço é demasiado para a traduzir.

Era uma vez...

Once upon a time, in a far, far away land, two wizards joined forces against cold weather and came together to create abbrigate*, a new brand of hand-knitted, deliciously yummy baby wear to protect the youngest of the youngest from the cold.

Joji, one of the wizards, was a mom of two little wizard-apprentices. She used her knitting powers ever so intensely that one day she found out there was not one, not one single boy or girl suffering from shivers in those chilly days and nights of winter. Suddenly, she had no one else to knit for, because everybody around her was warm and cozy.

One day, Billy, the other wizard of this tale, told Joji:

"Oh, dear friend, don´t be sad! Why don´t you use your powers to keep children warm... everywhere in the world? There are other kingdoms out there who may be in need of your amazing knitting powers!"

We all know wizards never quit, so Joji and Billy sat down with their wizardry books and made an oath:

"We shall keep all babies warm and cozy during those chilly days and nights throughout the year!"

And, after repeating it three times, abbrigate* came to life.



abbrigate* is a mom-owned brand of hand-knitted, ecological baby wear.

abbrigate* garments have an unique character because:
- they´re exclusively designed by abbrigate*, for abbrigate*; they can even be customized by embroidering the baby´s name!
- they´re ecologically sound: fibres are carefully selected to combine the best materials with ease of care. That´s why we use hypoallergenic fibres that are machine washable.
- they´re handmade by knitters who earn a fair wage by doing something they enjoy.

abbrigate* ´s first line of products is a collection of Baby Kimonos for babies up to six months old. Kimonos come in ten (almost edible, may we add) colours, from the classic rose and blue to bolder alternatives. Future projects include expanding the offer with different models (late 2009), as well as launching specially designed, limited editions of our classic line.

Try our wizardry today and see how good our garments look even after being used by your children, your friends´ children and your grandchildren. And we´re not exaggerating! Find us on:

abbrigate* blog
abbrigate* shop @ etsy
abbrigate* shop @ bigcartel