sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A pensar no bordado de fim-de-semana

My favorite embroidery supplies

O fim-de-semana está à porta e já estou a sonhar com a minha sessão de bordado no Domingo à tarde, sentada na minha cadeira favorita, à beira da janela da sala.

Vários leitores me perguntaram que materiais uso nos meus bordados. Agora que o Clube de Bordado está prestes a começar (no dia 1 de Setembro sai a primeira receita! Inscrições aqui.), parece-me o momento ideal para partilhar a minha lista.

Na foto acima é possível ver, do lado esquerdo, o tecido. É aqui que a magia vai acontecer. Um bom básico é o algodão, em cores lisas. Mas não há limites para a imaginação!

O bastidor de bordado é uma ajuda preciosa. Para além de servir no processo de bordado, também pode servir para pendurar o trabalho final.

Agulhas de coser à mão são ideais para este efeito. É importante verificar sempre se têm o tamanho adequado quer para o tecido, quer para o fio com que se vai bordar. Uma caixinha com agulhas de vários tamanhos é ideal.

Quanto ao fio, a minha preferência recai no algodão, em cores vivas, que não se desfie. Vêm em pequenos novelos.

A tesoura de bordar é pequenina e leve. Mas atenção a quem vai viajar de avião: deve ser guardada na bagagem de porão, senão é confiscada. A minha dica é guardar uma caixa de fio dental e usar a sua lâmina para este efeito. Funciona!

Para transferir o desenho para o tecido, é necessário um marcador. Quando comecei a fazer ilustrações bordadas, usava um lápis suave. Apesar de funcionar perfeitamente, requer uma lavagem cuidadosa no final. Por isso agora uso giz de alfaiate, lápis apropriados para tecido ou a minha opção favorita, a caneta “Mark-B-Gone”. Obrigada à minha amiga JC, que ma mostrou pela primeira vez.

Esta é a lista básica. A partir daqui, o mais importante é encontrar os materiais que se adequam ao nosso gosto e ao projecto que queremos desenvolver. Quando comecei a fazer ilustrações bordadas, não sabia sequer um ponto básico! A minha inexperiência não foi impedimento para começar. É por isso que acredito que o Clube de Bordado vai ser divertido tanto para principiantes como para bordadores mais experientes. Inscrevam-se já!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Clube de bordado

Bordar é divertido!

Eu sei, eu sei, ando muito ausente. Já aqui contei que ando a fazer um curso de negócios e a dar umas voltas imensas ali para aquelas bandas. E hoje aproveito também para vos contar que, ao abrigo de todas estas mudanças, estou a lançar um novo Clube de bordado!

O Clube é para vocês, queridos leitores, que gostam de acompanhar as minhas aventuras; a partir de agora também vão poder participar. Como, perguntam vocês? É muito simples. Inscrevem-se aqui, o paypal encarrega-se dos pagamentos (25 euros por 6 meses; 45 por 12; a estes valores acresce o IVA para quem reside em Portugal) e a partir de Setembro passam a receber na vossa caixa de correio uma receita de bordado por mês para poderem bordar uma ilustração minha.

Giro, não é?

A melhor parte é que até hoje à meia-noite poderão gozar de de 15% de desconto na inscrição! Não percam e inscrevam-se já, já.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Mais mimo, por favor

Quatro meses volvidos depois do regresso a Lisboa, pergunto-me se a lua-de-mel está a chegar ao fim. De repente, dou por mim a reparar no lixo no chão, ou nas paredes pintalgadas por vândalos que gostariam de ser artistas de grafitti.

Talvez já se me tenha apagado da memória a sujidade absolutamente negligente das ruas da Cidade do Panamá, mas nos últimos dias tenho reparado que há vários bairros da nossa cidade que estão sujos. Os passeios estão cheios de substâncias várias, para além dos suspeitos do costume: aos cocós de cão (donos, onde andam vocês?) juntam-se manchas pegajosas de origem desconhecida. Manchas sobre as quais antigamente alguém mandava um balde de água com detergente, mas hoje parece que essas almas cuidadosas já não têm ânimo, energia ou idade para o fazer.

É pena. E voltamos ao mesmo de sempre: tudo o que temos é mau (e não o cuidamos); tudo o que vem de fora é excelente, e os estrangeiros são todos muito melhores que nós. É outra vez o fatalismo do "país que temos", quando na verdade este é o "país que fazemos".

Que caminho há para inverter esta situação? Bem, eu sugiro que sejamos nós a arregaçar as mangas, ou seja, a acção cidadã, que continua a ser a melhor, mais eficaz e expedita para resolver a maioria das situações que queremos mudar.

Proponho o seguinte: esta semana, se virem um papel atirado ao chão, apanhem-no e deixem-no no lixo. Se virem muito lixo, liguem para a Câmara.

Quanto aos horrorosos tags nas paredes, preciso das vossas ideias. Que fazer? Conhecem receitas caseiras para tirar aquela porcaria das paredes? Algum número para onde possamos ligar? Uma carta que possamos escrever à Câmara, alguém a contactar?

Ajudem-me, por favor. É que temos de cuidar o nosso espaço, seja ele Lisboa, Porto, Funchal ou Terceira. Não importa: é nosso, é de todos. E temos de ser nós a fazer algo para que todos possamos viver num espaço mais bonito.

*

Este texto foi inicialmente publicado no Portugalize.me. Como costuma acontecer nos assuntos do coração - no meu caso, paixão por Lisboa - gerou alguma discussão lá por terras facebookianas. Frutos dessa discussão são:

• plataforma da Câmara Municipal de Lisboa para o munícipe pedir recolha de lixo, lixo volumoso, entre muitas outras coisas
• grafittis limpam-se com diluente ou ácido muriático, à venda em drogarias (requer uso de luvas grossas e máscara protectora)

Uma cidade mais cuidada está nas nossas mãos, gente!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Cápsula do tempo

I'm never tired of Sebastião Rodrigues's work. This cover is 50 years and doesn't feel dated. #illustration #design #almanaque #portugal

Quando, há quase sete anos atrás, parti para a Argentina, fechei o que não vendi dos recheios da minha casa e do atelier em caixotes, guardados na arrecadação dos meus pais.

Os anos foram passando e em cada viagem de férias resgatei alguns livros que queria mesmo ter perto de mim. Não muitos, infelizmente; o limite de peso na bagagem de porão não o permitia (e o azeite da Capinha ganhou sempre).

Apesar de me ter continuado a rodear de livros, é para mim difícil explicar a alegria que senti, quando há umas semanas atrás desembalei os caixotes, limpei o pó aos muitos livros e os arrumei em estantes. Não consegui evitar a sensação de estar a abrir uma cápsula do tempo, em que até o ar era o que ali ficara fechado quando os livros foram guardados.

Descobri com alegria vários títulos que me acompanharam durante os meus anos de trabalho em Portugal.

É o caso do catálogo da exposição do trabalho de Sebastião Rodrigues, que teve lugar no ano de 1995, vivia eu ainda em Macau. Na altura já sabia que queria estudar Design, mas estava longe de conhecer o que se fazia em Portugal.

Sebastião Rodrigues ilustrou e paginou publicações, cartazes, postais. Dedicou-se aos seus trabalhos com um sentido de atenção ao pormenor e uma minúcia que a mim me apaixonam. Penso ser por isso que hoje me dedico a fazer ilustrações bordadas, e ensaio, de figura para figura, um ponto cada vez mais pequeno.

Nos dias que correm, fazemos, enquanto colectivo, uma inversão paradoxal nos nossos interesses: com o smartphone mais moderno registamos o apreço pelas técnicas tradicionais que definem a nossa identidade. E é por isso que, ainda hoje, o trabalho de Sebastião Rodrigues é tão actual: porque combina linhas e formas que ainda hoje são contemporâneas com uma admiração pela tradição e um domínio das técnicas de paginação manual.

Se tiverem oportunidade, não deixem de folhear este livro. Se forem como eu, vão precisar de pano absorvente para evitar a baba na folha.

(Este texto foi publicado pela primeira vez no Portugalize.me.)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Aqui e agora

I thought I was seaside. Fantasy courtesy of seagulls. #lisboa #lisbon #perfectblue

Esta foi a minha primeira semana no meu novo atelier. Três meses depois da chegada a Lisboa, finalmente sinto que começo a instalar-me. Na minha vida ainda há caixotes um pouco por todo o lado, mas decidi que não seriam esses (não muito) pequenos detalhes que me retirariam esta sensação de, finalmente, estar a estabelecer uma rotina na minha nova cidade.

Esta manhã, cheia de sol mas ainda fresca, trabalhava sentada, de janela aberta, quando comecei a ouvir gaivotas. Não foi imediato: comecei a ouvi-las, senti que era Verão, que estava na praia, a brisa do mar a bater-me na cara.

Mas não: estava sentada a trabalhar, no meu atelier, num dos projectos que tenho em mãos. Olhei pela janela aberta e vi uma gaivota pousada no telhado em frente. Nas suas tarefas de gaivota, comunicava com uma companheira, pousada noutro canto do telhado. O seu gaivotês despertou em mim uma memória de Verões anteriores; com ela, uma sensação de descanso, relaxamento, frescura, lazer.

Comecei a pensar em como se deve estar bem na praia, calor mas não demasiado, passeios à beira-mar, um gelado comido antes de mais um banho.

Não sei exactamente porquê, mas o meu pensamento inverteu-se. De repente dei por mim a pensar que em vez de longe e impossível era aqui, no meu novo atelier, com estas gaivotas a gritar e com este mesmo projecto que tenho em mãos, uma ilustração bordada que me traz imensa alegria... é exactamente aqui que quero estar.

Foi uma boa sensação.

E vocês? Aqui e agora, ou lá longe e impossível?

Este texto foi previamente publicado na minha coluna semanal no Portugalize.me

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Guia de sobrevivência, parte II

Roupa de festa. #bica #lisboa

Obrigada a todos pelos comentários deixados no post de ontem, o Guia de Sobrevivência à Psique Nacional.

Porque os comentários deixados aqui e no Facebook me pareceram muito interessantes, faço-lhe aqui uma adenda.

O ponto quatro, sugestão do CSL, fazer o luto do que a vida já foi e do que já tivemos. Sim, já todos tivemos épocas de mais abundância, mas a vida continua. O sol brilha todos os dias e a Terra vai continuar a girar, com euro, sem euro, com mais dinheiro ou menos na carteira.

Já todos tivemos sonhos e desejos que por uma razão ou outra não se concretizaram. E sobrevivemos, não é verdade? A vida muda, delineamos novos objectivos, criamos outros sonhos. No Verão há-de continuar a cheirar a urze, quer tenhamos mais impostos ou não.

E por falar em impostos, acrescento aqui o ponto cinco, sugestão da minha amiga M., que diz que não devemos esperar nada da parte do Estado e que devemos lutar pelo nosso bem-estar sem esperar nada de ninguém. Na minha opinião, este ponto está intimamente ligado ao que dizia ontem a respeito do complexo de vítima, porque é a vítima que espera que um "alguém" indistinto lhe resolva os problemas.

E o ponto seis, que cheira a maresia, veio da minha amiga I., que recomenda sol e mar. Eu completaria com todos os pequenos prazeres que não se pagam nem têm preço: um passeio no jardim, um livro na biblioteca, um encontro com um amigo de quem se tem saudades.

Mais sugestões?

terça-feira, 4 de junho de 2013

Guia de sobrevivência

Perfectly blue on a #perfectblue #lisbon day.

Este blog vive um pouco abandonado pelas circunstâncias de todas as mudanças que estão a acontecer na minha vida. Por um lado, a chegada dos caixotes com as nossas coisas. Do apartamento tipo salão de baile em que vivíamos no Panamá, viemos para um apartamento com um terço do tamanho, ou seja, voltámos àquilo a que sempre chamámos de vida real (e que também tínhamos em Buenos Aires, atenção).

Além disso, estou também a mudar-me para o meu novo atelier, pintura de paredes incluída, o que significa dias de trabalho físico e poucos momentos para me sentar a escrever. Os poucos que tive foram canalizados para os meus artigos semanais no Portugalize.me. Diria que estive em serviços mínimos.

Aos poucos, no entanto, as coisas regressam à normalidade e a nova rotina começa a desenhar-se. O atelier está quase pronto, e a mudança está para breve. Em casa já começámos a cozinhar e a fazer bolos.

(Abro um parêntesis para aqui partilhar que certo bolo de laranja que fiz para o Dia da Criança, no Sábado passado, foi muito apreciado e mais agradecido por certa menina de quatro anos. Tia babada ainda mais babada.)

Mas voltemos ao assunto deste post.

Ontem tivemos a companhia ao jantar de um amigo que se prepara para uma nova experiência internacional, depois de ter estado dois anos a viver em Lisboa. A dada altura, quis saber quais estavam a ser as primeiras impressões do nosso regresso a Portugal. Hoje, ao reflectir sobre as respostas que lhe demos, fiquei a achar que podia compilar um Guia de Sobrevivência à Psique Nacional.

Mas antes de enumerar os pontos deste Guia, quero aqui fazer um esclarecimento inicial: esta crise é absolutamente horrível; as pessoas estão cada vez com o orçamento mais apertado; há quem esteja em situações incrivelmente vulneráveis; há uma nova pobreza envergonhada que é uma tristeza. Haver uma só pessoa com fome é intolerável; e infelizmente há muito mais que uma.

Posto isto, considero que há certos traços da psique nacional que são muito anteriores à crise. Por um lado, nota-se que há uma grande camada da população que, no aperto, tem de se atirar de cabeça para o desafio. Parece-me positivo e noto que existe uma grande mudança de mentalidade numa boa camada da população.

Por outro lado, e é aqui que o Guia de Sobrevivência entra, continuam a persistir certos traços do carácter típico português. Entendo que muitos desses traços vêm dos longos anos de ditadura; mas haver uma explicação não significa que esse comportamento seja imutável ou mesmo justificável.

Entro por isso no primeiro ponto do meu Guia de Sobrevivência: não ver notícias. Nenhumas. Chamem-me desinformada, porque não? Escolho não ligar a televisão à hora do noticiário porque não quero consumir notícias dadas de forma a deprimir ainda mais quem as vê. Exerço o meu direito de escolha lendo os jornais online e seguindo vários órgãos de informação no twitter, onde controlo quais os artigos que vou ler e as reportagens que vou ver.

Como vêem, em vez de desinformada prefiro selectiva.

O segundo ponto no meu Guia de Sobrevivência é não fazer queixinhas. Quero aqui fazer uma distinção importante entre aquilo a que chamo queixinha e a reclamação: a primeira é aquele desabafo resmungueiro e frustrado para o ar, que geralmente inclui o pronome "eles" para reflectir a impotência do próprio em relação à situação. Ou seja, está tudo péssimo e a culpa é de um "eles" impreciso. A segunda, a reclamação, é aquela em que se faz algo, independentemente de vir a dar frutos ou não, para manifestar o desagrado junto das autoridades competentes.

Dou um exemplo: no final da semana passada, descobri que me faltava o anexo SS na declaração de IRS. Não nego: senti-me indignada por ter visto a minha declaração ser validada pelo sistema e afinal faltar-lhe um anexo. E que a falta de apresentação do dito me faria incorrer numa coima que, naturalmente, não me apetecia nada pagar. Não sei se fomos muitos ou poucos a fazê-lo, mas apresentei uma reclamação junto da Autoridade Aduaneira e Tributária. O certo é que houve um alargamento do prazo para a apresentação do referido anexo. E não, a reclamação não precisa de ser presencial, em papel azul de 25 linhas: a minha reclamação foi feita por twitter (e também já fiz outras por e-mail e por telefone).

Resumindo, o meu compromisso comigo própria é que para haver uma queixinha em momento de desabafo, tem de haver uma reclamação, uma acção minha para tentar mudar as coisas. Pode não resultar em nada, mas pelo menos sinto que agi.

O terceiro ponto no Guia de Sobrevivência é afastar-me de pessoas com complexo de vítima e rodear-me apenas de pessoas lutadoras e empreendedoras. Pode parecer cruel, mas a vida já é complicada por si mesma, não preciso de ainda ter pessoas a puxarem-me para baixo. Por isso, resmungões, mal dispostos e queixinhentos, muito obrigada, mas não. Quero é estar com pessoas empreendedoras, lutadoras, optimistas. E todos, todos temos direito a momentos de cansaço, de tristeza e de desespero; mas enquanto uns decidem colocar o poder de mudar a situação na mão de terceiros (ou seja, as vítimas), outros decidem que vão fazer o que podem - que às vezes até nem é muito - para mudar a situação em que vivem. É deste grupo de pessoas que me quero rodear.

E vocês? Têm pontos a adicionar a este Guia de Sobrevivência?

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Barcelona

Sunday stroll in #bcn

#barcelona

What's not to love about #barcelona?

What's not to love about #bcn ?

Pastas Alimenticias in #bcn #type

This #dragon was hard to capture. I wonder what this building was before; today it's a branch of a bank. #bcn  #umbrella

#bcn

#bcn

#bcn

Some of the many, many trophies #barça won #bcn

Chocolate, ice cream and macarons in #vioko #bcn

O vício. #chocolate #vioko #bcn

Ele há cidades que, não sendo Lisboa, conseguiram entrar directamente no meu coração. Barcelona é uma dessas cidades que quanto mais visito, mais gosto.

E vocês? De que cidades gostam mais? E quais gostariam de visitar?

(Outras cidades no meu coração: Medellín | Buenos Aires | São Francisco)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Boas notícias: o meu artigo na revista Uppercase

Uppercase #17: Stationery around the world

Uppercase #17: Stationery around the world

Que alegria! O meu artigo para a Uppercase, sobre artistas e artesãos latino-americanos que trabalham no âmbito do material de papelaria, saiu no mais recente número, o 17.

Estou desejosa de receber o meu exemplar no correio e ver, com os meus olhos e as minhas mãos (e com o meu nariz, porque diz que nesta edição também há qualquer coisa para cheirar), as palavras que escrevi.

Agradeço desde já aos artistas que tiveram a amabilidade de responder às minhas perguntas

Corrupiola (Leila e Aleph)
Alpharrábio (Ana Roberta)
La Casuni (Valeria)
Cecilia
Toshisworld (Nieves Pumarejo)

e, obviamente, à editora, Janine Vangool, que me fez tão amável convite.

Se algum leitor tiver vontade de fazer uma assinatura, pode aproveitar o seguinte código promocional para receber um desconto de $10: "contributor17"

Estou contente! Viva!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

"airing from Lisbon" é o novo nome da zine

"We're in Panama!" is now "airing from Lisbon"

Depois de umas semanas em "serviços mínimos"

(logística da mudança oblige)

ei-la, a zine! Já com novo título, sugerido por uma leitora muito perspicaz e hábil com as palavras - a minha irmã Ana, obrigada! -, o novo número da zine está disponível no meu site, como de costume.

A página do facebook também já mudou de nome, visitem-na! Mas o melhor, o melhor mesmo, é assinarem a minha newsletter, onde partilho "coisas giras" do meu trabalho.

(Vou ali fazer a minha dança da felicidade por ter finalmente podido publicar a zine, depois deste período tão conturbado. Na próxima edição falarei mais sobre a adaptação à nossa "nova" cidade. Não percam!)

Coisas que acontecem em Lisboa

This pink house looks like a doll house. #lisbon #lisboa

Quanto mais ando por Lisboa, mais apaixonada estou por esta cidade. Que fazer? Para além das casinhas de bonecas - algumas delas a desintegrarem-se, é certo, mas muitas já restauradas - temos os passeios brancos de calçada portuguesa, temos o sol e o rio, as colinas e os miradouros.

Mas há muito mais: há as pessoas.

Um dia, passei a pé por um edifício que me parecia tão saído de um livro que não consegui afastar o olhar. Lá em cima, à janela, uma senhora estendia a roupa; ao ver-me olhar fixamente, sorriu para mim. Devolvi-lhe o sorriso com o coração quente: depois de viver em cidades anónimas, soube-me bem este pedacinho de interacção.

Passei mais vezes pelo mesmo edifício, que continua a exercer o mesmo efeito sobre mim. E numa dessas vezes estava lá a mesma senhora, de janela aberta, a gozar o sol. Viu-me, disse-me adeus de longe e soprou-me um beijinho, que flutuou até mim.

Fiquei feliz, feliz. Lisboa é linda.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Panamá Bye Bye III: a travessia do canal

Um dos nossos planos de despedida do Panamá foi a navegação parcial do canal. Coisa para ter cerca de 80km de comprimento (algo fantasticamente pequeno se pensarmos que é a distância entre oceanos naquele ponto do continente americano), a navegação completa demora um dia inteiro e só é feita no primeiro sábado de cada mês. Por isso optámos pela navegação parcial, mais curta, a começar no meio do canal (e na sua cota mais alta, no Lago Gatún) e a terminar no Pacífico, do lado da Cidade do Panamá, dois conjuntos de comportas e vários metros de desnível mais tarde.

As comportas são uma ferramenta importante do canal por várias razões. Apesar de ambos os oceanos estarem ao mesmo nível (o chamado "nível médio das águas do mar"), o interior do canal, o lago artificial de Gatún, está a uma cota superior. Este lago serve de reservatório das águas da chuva e oferece, também, uma zona de navegação mais profunda para os barcos com maior calado. As comportas, com as suas câmaras que servem de elevadores para os barcos, ajudam a controlar o nível da água no Lago Gatún - e nunca é demais relembrar que é através da água da chuva, que cai todos os dias entre Março e Dezembro, que o canal funciona.

Voltando ao nosso passeio, a manhã começou cedo perto do ancoradouro de Amador, onde o passeio terminaria algumas horas mais tarde. Aí apanhámos um autocarro que nos levou até ao centro do istmo, ao ponto médio entre as duas costas.

We're crossing the #panama #canal. Who wants to join us?

Perto de Gamboa, zona natural protegida e muito bem cuidada, apanhámos um barco de cruzeiro que nos levaria pela nossa viagem.

Gamboa #panama

Lago Gatún #panama

Cruising the #panama #canal

Começamos a navegação em direcção ao sul, ou seja, à Cidade do Panamá, na costa do Pacífico. Durante o caminho, cruzámo-nos com barcos imensos, que faziam lembrar gigantescos edifícios flutuantes. Nós, naquele "pequeno" barquinho de cruzeiro, éramos pouco mais que formiguinhas. Vimos barcos refrigerados (levam flores e outros produtos que requerem uma atmosfera controlada), vimos barcos silos (levam grãos e cereais), vimos barcos cheios de automóveis, com pequenas estradinhas dobradas, como se de um origami se tratasse.

This ship carries grains, sand and fertilizers. #panama #canal

Chegámos enfim ao primeiro conjunto de comportas, ou eclusas, as de Pedro Miguel. Dentro das câmaras, a administração do canal juntou vários barcos de cruzeiro, juntamente com outras pequenas embarcações, para aproveitar "a viagem".

Pedro Miguel locks in #panama #canal

Inside Pedro Miguel locks. #panama #canal

Quando descemos, verificámos o quão assombrosamente perto estávamos da parede do canal. No caso dos navios panamax, aqueles que têm a dimensão máxima permitida para transitar o canal do Panamá, a distância entre o casco e a parede é de apenas 50 centímetros, o que sempre me provocou calafrios, a par de uma imensa admiração.

Dentro da eclusa de Pedro Miguel, #canal do #panamá

Passado algum tempo, entrámos nas comportas de Miraflores, as mais próximas da Cidade do Panamá e que por isso recebem mais visitantes. No centro de visitantes, para além de uma tribuna panorâmica, um restaurante e diversos apoios turísticos, têm também um museu muito completo com a história do canal e a envolvente ecológica da zona de protecção especial que o circunda. Já aqui falei dele, noutros momentos.

Bridge of the Americas, uniting north and south. #panama #canal

Under the bridge, arriving to the Pacific Ocean. #panama #canal

Com a Ponte das Américas no horizonte, a nossa viagem aproxima-se do fim. Dizem os panamenhos que esta ponte une as duas Américas, a do Norte e a do Sul, e se bem que esta não é a visão mais rigorosa possível, é um símbolo bonito para o enorme continente que aqui se transforma num fino istmo. Diria que todo o Panamá é uma ponte das Américas, a unir as duas massas de terra com um aparentemente tão frágil elo.

Chegámos então ao fim da nossa viagem no ancoradouro de Amador, onde tínhamos apanhado o autocarro, essa manhã. É um passeio que vale a pena fazer, pelo menos uma vez. Afinal de contas, o canal é o protagonista nacional.

Mais posts sobre visitas ao canal: visita às eclusas de Gatún, no mar das Caraíbas, Oceano Atlântico e o "Tal Canal".

quarta-feira, 27 de março de 2013

Panamá Bye Bye II: as vistas de casa

Nos três anos que vivemos no Panamá morámos num quadragésimo nono andar. Sim, leram bem, quadragésimo nono. (E sim, subi algumas vezes as escadas até lá acima, eram cerca de 15 minutos a ofegar e a transpirar.)

Para além do nosso apartamento ser muito bonito, as vistas que tínhamos de lá de cima eram panorâmicas, como se pode imaginar. Para este, víamos Costa del Este, bairro onde o Príncipe trabalhava; para lá víamos verde e mais verde até ao aeroporto, e daí ainda mais verde na direcção do Darién e da Colômbia. Para oeste, víamos a Avenida Balboa, o Casco Viejo, víamos a Ponte das Américas (que atravessa o canal e, no dizer popular, une a América do Sul à América do Norte) e várias gruas do canal.

De lá de cima víamos também o belíssimo Templo Bahá´í, no topo da colina. E de lá de cima eu controlava o trânsito e indicava ao Príncipe o melhor caminho a tomar no regresso a casa, no caso do Corredor Sur estar muito congestionado.

Good morning, #pty

Good morning, #pty

A aproveitar a vista na contagem decrescente. Bom dia! #pty

Enjoying the view before leaving #pty

A conclusão a que chegamos é que me parece muito adequado que, depois de três anos lá em cima, a ver as tempestades acontecer à mesma altura, aqui nos mudemos para um rés-do-chão. É justo.

domingo, 3 de março de 2013

Panamá Bye Bye I

Lembram-se do Buenos Aires Bye Bye, o meu projecto de despedida da Argentina, há três anos atrás?

A tecnologia mudou e o mesmo aconteceu com a minha despedida fotográfica do Panamá, feita com o telefone e partilhada no instagram e no flickr.

Partilharei aqui algumas das fotografias que tirei nestes últimos dias, entre caixotes, papeladas e muitas despedidas. Estas são só algumas delas.

Até breve!

#byebyepanama

#byebyepanama

No Casco. #pty #byebyepanama

A decadência tropical tem o seu charme. #pty

Looking up. #casco #pty #panamá #byebyepanama

No #Casco. #byebyepanama #pty #panamá

#byebyepanama e também #panamá, em #pty

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

E é isto

Já está quase. #pty > #lis

Caixotes feitos, partida à vista. Agora é tempo de desfrutar os últimos dias de Panamá, despedir-nos dos amigos que não pudemos ver no Sábado passado e seguir para a próxima etapa, que se antevê cheia de mudanças, readaptações, e happy hours com uma vista um pouco diferente desta:

Last happy hour with this view with a glass of Viu Manent. #byebyepanama

Até breve!

P.S.: continuo a pedir as vossas sugestões para um novo nome para o "Entre..." - que contenha a palavra "entre", claro - e outro para a zine.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Novidades boas

My birthday cake rocks

My birthday cake rocks

Vamo-nos mudar. Os três anos de projecto no Panamá chegaram ao fim e a vida é assim, cheia de mudanças. No nosso caso, de três em três anos, mais coisa menos coisa.

Quando viemos da Argentina cá para o Panamá, deixei no ar um desafio para ver quem adivinhava qual o nosso próximo destino. Bem sei que induzi alguns leitores em erro quando dei a pista de "Moro num país tropical"; fui malandreca, assumo.

Desta feita, deixo-vos as fotografias (todas tiradas pelo Príncipe) do bolo lindo, lindo, lindo que a minha amiga Catarina fez para celebrar o meu aniversário, no passado dia 8. Aliás, foi ao ver o bolo que algumas pessoas ficaram a saber a notícia.

E agora, caros leitores, preciso da vossa ajuda: que nome hei-de dar a este blogue? E à zine? Agradeço as vossas sugestões!

(Quem quiser contactar a Catarina e ter um bolo lindo, delicioso e cheio de pequenos detalhes para ir descobrindo, clique aqui.)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A zine de Janeiro está aí

We're in Panama, issue 32

Ei-la, a zine de Janeiro! Desta feita, uma amostra ilustrada dos posts viajantes que aqui hão-de chegar em momento oportuno. A zine fala da nossa viagem a terras do norte, onde passámos um Natal e um ano novo cheio de fresquete, roupa tricotada à mão e chazinho à beira da lareira. A não perder!

Para quem tiver vontade, aqui está o link para assinarem a minha newsletter. Assinem, assinem, prometo não bombardear caixas de correio: sai uma por mês; de vez em quando sai outra, a meio do mês, com os bastidores de um projecto em curso - diz quem assina que gosta muito de ler.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Yosemite National Park, Califórnia

Yosemite National Park

Yosemite National Park

Yosemite National Park

O parque nacional de Yosemite é simplesmente maravilhoso. Localiza-se na cordilheira da Serra Nevada, que faz uma fronteira natural entre os estados contíguos da Califórnia e do Nevada. De Napa até Fish Camp, perto da entrada sul do parque, demorámos cerca de cinco horas. As distâncias no continente americano são sempre surpreendentemente grandes.

Ficámos instalados no Tenaya Lodge, um grande hotel de montanha, habituado a receber os visitantes que já não têm vontade de acampar ou não conseguiram reserva para o alojamento que se localiza em Yosemite Village. Apesar do tamanho, fomos exemplarmente recebidos e comemos sempre divinalmente no seu restaurante. Para além da comida deliciosa, há que falar também do serviço de mesa: que simpatia!

Ficámos três noites e dois dias completos no parque, o que foi suficiente. Ainda assim, quem tiver mais dias para lá passar vai sempre encontrar actividades para fazer e trilhos novos que descobrir. Todas as estações do ano têm os seus encantos e o Outono, especificamente, é lindo pelas cores das árvores de folha caduca, que mudam de cor. Tinham-nos prevenido que veríamos pouco caudal nas quedas de água, mas não ficámos desiludidos. Imagino que com o degelo sejam incrivelmente assustadoras e belas, mas com pouca água dão-se bem à fotogenia.

Yosemite National Park

No primeiro dia de visita entrámos no parque ($20 dólares por carro, válido por sete dias) e fomos em direcção ao centro nevrálgico, a aldeia de Yosemite Village. No caminho, logo a seguir ao túnel, parámos para uma vista panorâmica, na qual se distingue muito bem o traçado do antigo glaciar.

Yosemite National Park

Alguns quilómetros à frente, estacionámos o carro e fizemos um pequeno trilho para ir ver a Bridalveil Fall, que cai de lá de cima, do cimo das paredes a pique, até cá abaixo, a base do vale.

Yosemite National Park

Continuámos o passeio até ao parque de estacionamento da vila, que é servida por um conjunto de autocarros gratuitos. Deixámos o carro e seguimos para o acesso ao Mist Trail, um trilho que leva a várias quedas de água, piscinas, e até ao famoso Half Dome, um maciço de granito com uma forma peculiar que é o ex-libris do parque (e inspiração para a identidade da North Face).

Half Dome, Yosemite National Park

Este trilho tem a sua primeira porção acessível a cadeiras de rodas e carrinhos de bebés. Chega até à primeira queda de água, muito pitoresca, com árvores, esquilos e outros habitantes. A partir daí, começa a subida íngreme para chegar até Vernal Fall, uma queda de água alimentada por um riacho que se acumula numa piscina natural, uns quantos "andares" acima. O trilho é lindo e oferece, quase todo o tempo, uma vista linda sobre a cascata. À medida que se avança, o ponto de vista vai sendo diferente, até que, quando já não esperamos nada de novo, chegamos ao topo e... tudo é diferente, e lindo. Ver a cascata de cima e a piscina natural que se estende, placidamente, sem desconfiar que daí a poucos metros o seu curso será abruptamente interrompido, oferece uma sensação de recompensa por todo o esforço.

Yosemite National Park

Vernal Fall, Yosemite National Park

Yosemite National Park

No caminho vimos crianças pequenas, crianças de colo, adultos mais ou menos jovens, velhos muito jovens e toda a gente se encorajava e desejava boa sorte, que já faltava pouco e que iria valer a pena. E assim foi, valeu bem a pena.

Yosemite National Park

O regresso foi feito com os músculos já a começar a doer, mas felizes por termos a vista e a alma lavadas pela altura, pela sensação de missão cumprida, pelas vistas maravilhosas.

Quando chegámos à vila, procurámos almoço e ainda demos alguns passeios.

Yosemite National Park

Yosemite National Park

Yosemite National Park

Em todo o lado há instruções sobre como lidar com ursos, caso exista um encontro do terceiro grau. Não sendo especialmente agressivos, os ursos cheiram a comida e querem partilhar a merenda com os humanos, o que é mau em mais que um aspecto. Por um lado, há a tal possibilidade de um encontro um pouco mais próximo (e sangrento); por outro, a fome saciada pela comida humana provoca-lhes distúrbios gastro-alimentares (por que será?), rompe a cadeia alimentar e perturba o equilíbrio ecológico.

Enfim, vimos anúncios por todas as partes mas ursos, nada. Nas estradas, os sinais de trânsito mandavam os carros reduzir a velocidade, porque, lá está, a velocidade mata... ursos.

Íamos nós estrada fora, de regresso ao hotel, quando ao virar de uma curva vemos uma coisa castanha, a mexer-se, lá à frente, no meio da estrada. O meu fantástico condutor privado reduziu imediatamente a velocidade e ficámos a ver o que seria. Foram instantes que pareceram minutos, horas, até que entendi que era um urso. Um urso, um urso, é um urso!, e nada de acordar para a vida e tirar-lhe uma fotografia! Quando consegui, foi este o resultado:

I saw you!
(Eis o alçado posterior de um urso juvenil de Yosemite Park.)

Foi numa excitação total que continuámos o caminho e voltámos ao hotel. Um urso! Ao vivo! Sem ser em desenhos animados! E sem perigo! Já entendem porque é que Yosemite nos ficou guardado no coração... e porque é que este urso fugidio foi assunto tão discutido na zine de Novembro.

Mariposa Grove, Yosemite National Park

Mariposa Grove, Yosemite National Park

Mariposa Grove, Yosemite National Park

No dia seguinte, o passeio começou em Mariposa Grove, um bosque de sequóias gigantes muito próximo da entrada sul do parque, onde estávamos localizados. Tivemos a bênção de ser agraciados com dois dias de tempo maravilhoso, e a verdade é que as cascas vermelhas destas árvores gigantes ficam mesmo, mesmo ouro sobre azul, quase literalmente.

Cada árvore é um espanto pela escala, pela idade, pela textura, pela fragilidade das raízes, pela incerteza do seu ciclo reprodutor. Para que possam nascer pequenas sequóias bebés, é necessário que haja um incêndio que queime as espécies menos resistentes ao fogo e se abram clareiras. O calor e a secura do fogo abrem as pequenas pinhas, que aí conseguem fazer espalhar a semente no chão. Depois, a sequóia bebé ainda precisa que a luz lhe chegue onde ela está, que é ao nível do chão. E isso é quase impossível quando há mais verdura por perto. Por todas estas razões, e porque as sequóias gigantes deste bosque têm mais de mil anos (algumas três mil), este é um sítio lindo, especial, mágico, onde passámos praticamente todo o dia a fazer todos os trilhos existentes. Cruzámo-nos com humanos e com bichos, nomeadamente este grupo de veados, que almoçava tranquilamente, sem se preocupar com os disparos das câmaras:

Mariposa Grove, Yosemite National Park

Ao fim do dia, e com uma barrigada de imensidão arbórea, fomos ainda visitar Glacier Point, de onde se tem uma vista maravilhosa sobre todo o vale.

Yosemite National Park

Glacier Point, Yosemite National Park

E assim terminaram estes maravilhosos dias de férias, com uma nova cidade favorita nos Estados Unidos (São Francisco) e com uma paixão pela Califórnia.