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quinta-feira, 11 de julho de 2013
Cápsula do tempo
Quando, há quase sete anos atrás, parti para a Argentina, fechei o que não vendi dos recheios da minha casa e do atelier em caixotes, guardados na arrecadação dos meus pais.
Os anos foram passando e em cada viagem de férias resgatei alguns livros que queria mesmo ter perto de mim. Não muitos, infelizmente; o limite de peso na bagagem de porão não o permitia (e o azeite da Capinha ganhou sempre).
Apesar de me ter continuado a rodear de livros, é para mim difícil explicar a alegria que senti, quando há umas semanas atrás desembalei os caixotes, limpei o pó aos muitos livros e os arrumei em estantes. Não consegui evitar a sensação de estar a abrir uma cápsula do tempo, em que até o ar era o que ali ficara fechado quando os livros foram guardados.
Descobri com alegria vários títulos que me acompanharam durante os meus anos de trabalho em Portugal.
É o caso do catálogo da exposição do trabalho de Sebastião Rodrigues, que teve lugar no ano de 1995, vivia eu ainda em Macau. Na altura já sabia que queria estudar Design, mas estava longe de conhecer o que se fazia em Portugal.
Sebastião Rodrigues ilustrou e paginou publicações, cartazes, postais. Dedicou-se aos seus trabalhos com um sentido de atenção ao pormenor e uma minúcia que a mim me apaixonam. Penso ser por isso que hoje me dedico a fazer ilustrações bordadas, e ensaio, de figura para figura, um ponto cada vez mais pequeno.
Nos dias que correm, fazemos, enquanto colectivo, uma inversão paradoxal nos nossos interesses: com o smartphone mais moderno registamos o apreço pelas técnicas tradicionais que definem a nossa identidade. E é por isso que, ainda hoje, o trabalho de Sebastião Rodrigues é tão actual: porque combina linhas e formas que ainda hoje são contemporâneas com uma admiração pela tradição e um domínio das técnicas de paginação manual.
Se tiverem oportunidade, não deixem de folhear este livro. Se forem como eu, vão precisar de pano absorvente para evitar a baba na folha.
(Este texto foi publicado pela primeira vez no Portugalize.me.)
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Desafio Literário: por mim, tudo bem
Vindo ali das bandas do Cozinhar sem lactose, veio este desafio literário, que abraço com todo o gosto. Reza assim:
• Citar o nome e o link da pessoa que nos ofereceu o selo
• Indicar no mínimo dois livros que gostámos de ler em 2012
• Indicar no mínimo dois livros que queremos ler em 2013
• Oferecer este selo a 10 pessoas
Em 2012 gostei muito de ler vários livros, entre eles Just Kids, de Patti Smith; O teu rosto será o último, de João Ricardo Pedro; A Relíquia, de Eça de Queirós; State of Wonder, de Ann Patchett; The Book Thief, de Markus Zusak e The Dovekeepers, de Alice Hoffman. Estes foram os meus favoritos, por uma razão ou outra.
Em 2013, em primeiro lugar, espero ler mais em português, não traduções, mas originais. Para além disso, tenho na lista The Marriage Plot, de Jeffrey Eugenides (autor do Middlesex, que devorei), A Thousand Splendid Suns, de Khaled Hosseini (li com paixão o seu título anterior, Kite Runner), The Best American Science and Nature Writing, coordenado por Dan Ariely (em 2011 descobri que adoro ler não-ficção, e incrivelmente adoro ler sobre ciência. Quem diria.) e também estou muito curiosa para ler Shantaram, de Gregory David Roberts.
Se estranharem querer ler mais em português e só verem aqui títulos em inglês, as razões são simples: aqui no Panamá não encontro livros em português; o que encontro em espanhol é pouco variado e particularmente caro; e é muito mais acessível comprar livros usados (em óptimo estado) nos Estados Unidos e trazê-los para cá.
Agora, em vez de dez pessoas, chamo quatro, a quem ofereço o selo e convido a participar no jogo:
Dicforte
Correio Azul
Ahimsa
Kafka na Praia
Boas leituras!
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Balanço anual: leituras
Estes balanços habitualmente são feitos no fim de um ano, não no início do seguinte. Mas como não houve tempo na semana passada, e porque mais vale tarde que nunca, vamos lá.
2011 foi o ano da minha "descoberta" da não-ficção. Até este ano, preferi sempre ler ficção. Porquê, exactamente, não sei dizer. Este ano, ouvi num episódio do Fresh Air, podcast que assino e consumo com muito prazer, a entrevista feita à autora do livro "The Immortal Life of Henrietta Lacks", Rebecca Skloot. Fiquei muito curiosa, e assim que tive oportunidade comprei-o e li-o. O que mais me surpreendeu foi tê-lo lido com o interesse que em mim desperta um romance apaixonante, sabendo que o que ali se contava eram factos reais da vida das pessoas mencionadas, e aquilo que ia retendo na memória era da mais finamente escrita divulgação científica. Aprendi que as experiências científicas usam linhas celulares e que uma das primeiras a ser produzida e das mais usadas actualmente é a HeLa (de HEnrietta LAcks).
Não posso dizer que gostei, porque, na verdade, amei e recomendo vivamente.
(Um parêntesis para contar que daqui parti para as dúvidas tiradas com a prima cientista - olá C.! - e fiquei a saber que, dentro da Drosophila (mosca da fruta, se não me engano), a linha celular com que trabalha também foi descoberta por acidente. E viva o Maio de 68!)
Ganhei-lhe o gosto e continuei com "What the Dog Saw", de Malcolm Gladwell. Já tinha lido vários livros deste autor de que muito gostei e vivamente recomendo, como "Blink", "Outliers" e "Tipping point", portanto já sabia que deste também haveria de gostar. Contrariamente aos que tinha lido antes, este é uma compilação de textos mais curtos publicados anteriormente na revista "The New Yorker", onde trabalha. Como costuma acontecer, houve textos que me agradaram mais, outros que me agarraram menos. Mas a verdade é que este jornalista consegue fazer da menstruação um tópico interessante, e só por isso já vale a pena ler.
Tal como o primeiro livro que mencionei, o interesse por "Born to Run", de Christopher McDougall, foi despertado por uma entrevista ao autor (talvez também no Fresh Air, mas agora não recordo com exactidão). O bichinho da curiosidade foi inoculado com a ideia extremamente subversiva de que as lesões dos corredores, maioritariamente nas articulações dos pés, joelhos e coluna vertebral, se devem ao impacto provocado por correr... calçados. A hipótese que o autor propõe é que precisamente por terem tanta protecção no calcanhar, os sapatos actuais induzem o corredor em erro motor, que acaba por assentar primeiro o calcanhar. Segundo o autor, correndo descalço (ou com sapatos de sola fina), automaticamente se corrige o passo para pisar primeiro com a "almofada" do pé (como outros animais que correm, como os cavalos ou as zebras), fazendo com que a articulação do tornozelo funcione como mola e absorva o choque. Subversivo? Sem dúvida!
Daqui, o jornalista parte para a investigação e descobre uma tribo mexicana conhecida por correr como forma de vida... e deixo o resto por contar. É um texto documental, é uma aventura, é também uma imensa fonte de informação. Posso-vos dizer que, desde que li este livro, sonho muitas, muitas vezes que estou a correr e não me canso nunca.
Também li "Happiness Project", de Gretchen Rubin. Tal como o nome indica, a autora dedicou-se, durante um ano, ao projecto de ser mais feliz. Explica a sua metodologia, dá ideias e sugestões aos leitores e conta-nos os seus progressos durante esse ano.
Este livro interessou-me mais pelas ferramentas que sugere que pela leitura em si; não obstante, vale a pena ler, quanto mais não seja para ver como outros tentam viver melhor e também para ousar colocar-me novos objectivos desafiantes e cumpri-los.
Os três livros seguintes pertencem ao género de literatura de viagem. Publicados pela Tinta da China, a colecção é coordenada por Carlos Vaz Marques (que também conduz as deliciosas entrevistas da série "Pessoal e Transmissível" e o hilariante debate semanal do "Governo Sombra") e os livros entram na categoria livro-objecto: boa encadernação, design cuidado, papel espesso, tipografia pensada e até um marcador de página em tecido. Quem quer livros electrónicos quando pode sentir o prazer de ler um livro assim?
O primeiro título que li, recomendado pela Prainha, foi "Disse-me um adivinho", de Tiziano Terzani. A história começa com a premonição de um adivinho, que lhe diz que em determinado ano não deve andar de avião. A viver na Ásia, Terzani decide levar a informação a peito e transformá-la num projecto de trabalho. Daí nascem os relatos deste livro, de muitas viagens por esta nossa Terra.
Já em Outubro, talvez Novembro, li "Caderno Afegão", de Alexandra Lucas Coelho. Ao início, confesso, a escrita parecia-me um pouco entrecortada, dando assim um ritmo que mais tarde percebi que seria o ritmo afegão da viagem cheia de sobressaltos (literais e figurados). Com estradas esburacadas e cheias de obstáculos, entendi mais tarde que o ritmo era, naturalmente, esse. Ao início, estranhei. Depois, também se entranhou, qual pó que vemos sempre no ar das imagens que desse país tenho.
Através das palavras da jornalista, viajei por terra e por avião, conheci militares portugueses lá, comi melhor e pior e ouvi muitos tiros.
(Novo parêntesis: coincidentemente, tinha lido pouco tempo antes "Kite Runner", de Khaled Hosseini, cuja primeira parte se passa nos tempos áureos da Cabul dos anos 60 e 70; na última parte, várias décadas mais tarde, o narrador volta ao seu país e descreve uma cidade parecida com a descrita em "Caderno Afegão". Parecia-me, ao ler este livro, que já lá tinha estado e que lia sobre uma cidade que, de facto, tinha visitado, como quem lê sobre um lugar onde já foi feliz. Curioso!)
No final, gostei tanto, mas tanto do livro que não hesitei e atirei-me logo para o segundo, da mesma autora, desta vez intitulado "Viva México".
Há que dizer que a América Latina é um conjunto de muitas Américas Latinas, e que entre a Argentina e o Panamá há uma enorme distância (física e metafórica) e que o México e o Panamá, apesar de relativamente próximos, estão a anos-luz de distância. Não obstante, há coisas em comum, talvez por aqui se consumirem telenovelas mexicanas ou por haver muitos mexicanos. Por isso, desta vez a minha "viagem" foi um misto de descoberta e de identificação: ao mesmo tempo que sentia que eram as minhas pernas - não as da autora - a percorrerem aquelas ruas, também sentia que uma amiga me contava, em segredo, a sua viagem por uma terra mágica, estranha, hostil, bela, cruel e colorida, as suas sensações ao deparar-se com o indescritível ou até ao sentir o sabor da tortilha.
Para viajar sem sair de casa, estes três títulos são o melhor que li em muito tempo.
Finalmente, o último livro (terminado já em 2012): "Necessary Losses" de Judith Viorst. A autora explora, do ponto de vista da experiência psicanalítica, as perdas e os lutos que todo o ser humano tem de fazer ao longo da vida para poder crescer. A escrita, apesar de ligeira, é excelente e muitíssimo informativa, com recurso a referências a outros investigadores e também ao relato de exemplos retirados da sua experiência profissional.
Que ninguém se assuste com a catalogação de "auto-ajuda", porque este livro é de "auto-conhecimento". Durante a leitura houve, em diversos momentos, o famoso "a-ha!" do reconhecimento daquilo que a autora contava como tendo sido uma experiência minha.
As minhas secções favoritas foram aquelas que se relacionam com a minha vida actual: amigos, família, a nova família formada por mim, a mudança da auto-imagem, a separação, a doença e a morte. Este é daqueles livros que vou recomendar a toda, mas toda a gente. Ou então talvez tenha de refrear um pouco o entusiasmo...
O ano de 2011 também teve muita leitura de ficção, de que talvez venha aqui a falar no futuro, mas o importante, o que me mudou como leitora e como pessoa foram os livros que aqui vos mostrei.
Que venha 2012!
terça-feira, 13 de julho de 2010
Em Nova Iorque comprei livros
Já tinha aqui contado que comprei livros, muitos. No Museu de Arte e Design, o MAD, o vendedor viu-me a escolher cuidadosamente os volumes que ia levar e queria tanto fazer-me um desconto que me perguntou se era estudante (não sou), se os livros eram para fazer pesquisa (não propriamente para uma tese, mas vá), então está bem, aqui vai o desconto. Não o quis contrariar, ora essa, um senhor tão gentil e atencioso, porque pensando bem ainda foi uma nota verde - e podiam ter sido várias.
Na Books of Wonder, uma deliciosa livraria para crianças, comprei livros para as minhas sobrinhas e um outro para uma criança um pouquinho mais crescida - que ninguém desconfie que o livro é para mim.
Na livraria das Nações Unidas comprei o Ecoholic, esse livro bem gordinho que aí está na fotografia.
Comprei também uns quantos livros para ir lendo, mas claramente o mais importante, comprado numa livraria no mercado de Chelsea foi este:
Uma bíblia, senhores, uma bíblia. Diz quem já leu que é leitura com conteúdo.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Leituras
Em matéria de leituras ando muito preguiçosa. Não sei qual a razão (hmmm... cansaço?), mas quando chego à cama, lugar privilegiado para as minhas leituras quando não estou de férias (quando estou de férias, é sempre e em toda a parte), estou tão exausta que a única coisa que consigo fazer é apagar a luz e adormecer. Por isso, não tenho lido praticamente nada, nem sequer revistas. Muito atípico.
Por isso, coloco aqui um link para algo que vou experimentar para contrariar a tendência da não leitura: é um sítio onde há ficheiros de música com a leitura de livros (audiobooks; há palavra em português?) cujos textos já estão no domínio público. A leitura é feita por voluntários e, como tal, os ficheiros são gratuitos. Vou começar a ouvir "Little Women", de Louisa May Alcott, enquanto trabalho ou tricoto. Depois falarei da minha experiência. Não espero que se estabeleça uma relação como quando há um livro entre mãos, mas não nego à partida uma ciência que desconheço.
Encontrado via Sticks and Strings.
Por isso, coloco aqui um link para algo que vou experimentar para contrariar a tendência da não leitura: é um sítio onde há ficheiros de música com a leitura de livros (audiobooks; há palavra em português?) cujos textos já estão no domínio público. A leitura é feita por voluntários e, como tal, os ficheiros são gratuitos. Vou começar a ouvir "Little Women", de Louisa May Alcott, enquanto trabalho ou tricoto. Depois falarei da minha experiência. Não espero que se estabeleça uma relação como quando há um livro entre mãos, mas não nego à partida uma ciência que desconheço.
Encontrado via Sticks and Strings.
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