quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Tinha saudades do Verão...

...mas tenho mais saudades ainda da praia. Onde estás tu, praia querida?

A tarde de trabalho foi um período de quase sauna, quase a fazer lembrar os bons velhos tempos no atelier das Amoreiras, onde a temperatura atingia os 36ºC no Verão. Nem sei até onde descia no Inverno, mas era friooooo.

Parece que agora tenho tréguas. Vou mergulhar as mãos em água e comer morangos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ode à Graciela

Nunca tinha vivido num prédio com porteiro. Nem porteira.

Espera. Quero dizer, minto. Tinha sim, em Macau. Os prédios tinham porteiros e portarias com luz fluorescente de cozinha e marmitas com comidas estranhas lá dentro. Havia um sofazinho esquálido e a relação com ele era de um "halo" e de um sorriso. Deve ter sido por isso que já não me lembrava.

Aqui em Buenos Aires vivemos num prédio com porteira e com casa da porteira. Não sei se depois me poderei habituar outra vez a viver sem esta companhia absolutamente útil - diria quase que imprescindível, não fosse já ter vivido muitos anos sem ela, em Lisboa.

A nossa porteira é o máximo. Tenho a dizer que a Graciela (é o nome dela) é o máximo. Ou então o supra-máximo. A Graciela tem o prédio sempre (e digo mesmo sempre!) num brinquinho. Acode a toda e qualquer emergência. Coordena a comunicação entre vizinhos. Ajuda em caso de infiltrações, elevadores bloqueados e demais assuntos do condomínio.

Mas, para além de tudo isso, a Graciela tem funcionado para mim como um género de páginas amarelas em forma de pessoa. Pergunto-lhe onde se encontra tal coisa e ela sabe sempre de alguém que pode ajudar ou que sabe onde encontrar. No dia seguinte, tem a resposta pronta para me dar.

Agora, a cereja em cima do bolo (por acaso até nem gosto de cerejas em cima de bolos, mas a expressão é esta, qué quessá de fazer?): a Graciela está constantemente a ler. E lê, lê, lê. Noutro dia perguntei-lhe o que estava a ler, Isabel Allende, "La suma de los días", e explicou-me que se tratava de um texto no seguimento de "Paula", o último livro da autora de que seriamente gostei. Pedi-lhe que mo emprestasse quando terminasse.

Sabem o que aconteceu agora mesmo? Veio aqui bater-me à porta para mo deixar.

Ode à Graciela.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Finde en la chacra

Este post leva título em castelhano porque se refere a uma experiência totalmente argentina para mim. Para quê traduzi-la?

Este fim-de-semana, o primeiro que passei por terras argentinas depois do regresso de Portugal, fui experimentar a vivência estival de campo. O que fazem os porteños durante o Verão? Não sei ao certo: uns vão à praia (a mais próxima fica a várias horas de viagem, o que para nós, lisboetas, é absolutamente surreal), outros vão para o campo (que fica bem mais perto: no nosso caso, a apenas 1h30).

E já que é para ter a verdadeira experiência argentina, aceitámos o convite de uns amigos para partilharmos uma casa de fim-de-semana durante o Verão. E é esta a história das idas à chacra.

Os dois dias são passados em absoluta borreguice. As únicas tarefas, mas tarefas mesmo, são cozinhar e lavar a louça. Tudo o resto resume-se a caminhadas, corridas, idas para a piscina, ler, ler, ler e - prazer renovado recentemente para mim - tricotar.

Mas não é (ainda) sobre o tricot que eu quero falar, é mesmo da experiência argentina da estancia. Para mim, habituada à escala europeia, aquilo é campo a perder de vista. À maneira do Novo Mundo, as ruas (naquele caso, caminhos de terra onde se vê o rodado dos carros) são direitas e longas a perder de vista. Se me disserem que têm para cima de 3km, eu não duvido. Há muitos plátanos, muitos eucaliptos (dos antigos, não madeira para móveis), há searas, há campos por cultivar, há vacas, cavalos e talvez outros bichos a pastar tranquilamente.

Não há internet nem televisão, pelo que a única coisa que se ouve é música, ou então a música natural: o vento, a chuva, a passarada, os bichos.

Para mim, que nunca tinha sabido o que eram "férias no campo", é uma vivência do mais exótico que pode haver. Tal como, dentro de alguns dias, fazer anos no Verão.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Agora, um pouco de poesia gastronómica

Os percebes do nosso entendimento

Umas amêijoas como não há igual: com pouca coisa (azeite, alho e coentros) se faz a festa

E este belo espécime de santola

Ainda no Ramiro, essa instituição do marisco e do crustáceo, comemos estes belos acepipes. Têm um aspecto esquisito mas um sabor absolutamente maravilhoso a mar, que tanto nos falta por estas paragens.

Para quem não conhece (se é que algum leitor do meu blog não faz parte do universo-luso-marisqueiro), não se deixem impressionar pelos picos, tenazes ou aparência dos alimentos. É tudo absolutamente delicioso.

P.S. Cheguei à Argentina com um apetite louco de ceviche. Continuo com água na boca.

Um pouco de poesia de casa de banho

Desta vez misturada com um prático quadro de mensagens.




No Ramiro, na Avenida Almirante Reis, ao Intendente.

De volta a Buenos Aires

De volta ao Verão e de volta a uma casa desarrumada, apesar dos esforços do Paulinho. A deserção da Marta (foi comprar cigarros e nunca mais voltou, que é como quem diz: foi a Tucumán ver a mãe e não mais soubemos dela) deixou-nos a casa de pantanas. Hoje o meu dia foi passado de volta de algumas das funções dela, para só agora, às 16h, me sentar ao computador a começar a organizar a vida de trabalho. Com um post, claro está.

Os quinze dias que passei em Lisboa sem o Paulinho foram vividos numa autêntica roda-viva, excepção feita ao fim-de-semana passado no Algarve com os pais. Corri alegremente entre reuniões, almoços com amigos, consultas em médicos e, o mais possível, namoro de tia e sobrinha e muitos mimos da família.

Digamos que condensei em apenas 15 dias os encontros com amigos (vida social) e reuniões com clientes (parte da vida profissional) correspondentes a alguns meses. Não é de admirar que agora necessite de um pouco desta calmaria que caracteriza os meus dias por cá, sobretudo agora que são as férias grandes e porteño que é porteño foi para outras paragens.

Quanto à viagem, enfim, não há forma fácil de a fazer. É uma chatice, uma enorme, longa, aborrecida viagem com uns horários cada vez mais bizarros ditados pela Iberia. Não tem o monopólio da rota, mas trata os clientes como se assim fosse. Os bilhetes são caros, o atendimento é mau e os problemas com a marcação dos lugares são infinitos. Desta feita, em Madrid, estivemos cerca de uma hora entre o embarque e levantar voo num jogo absurdo de cadeiras: não havia uma única família sentada em perto uns dos outros; os casais estavam todos separados; filhos pequeninos a mais de dez filas dos pais, que tinham mais uns quantos passageiros entre eles. Sentei-me em três lugares diferentes e a brincadeira poderia ter continuado, dado que a minha companheira de viagem também tinha a mãe noutro assento qualquer distante.

Enfim, chegada à Argentina tudo correu bem: algumas lutas com uns passageiros mais apressados na fila da imigração, muita actividade do cotovelo para enxotar os infiltras e, finalmente, a oficial que me carimbou o passaporte demorou o total de um minuto em todo o trâmite. A mala chegou bem, apanhei uma remise e cheguei a casa.

Posto que terminei este desinteressante relato, resta-me apenas fazer um pequeno apontamento curioso, do aeroporto de Madrid.



Não notam nada? Ora vejam lá:
É sempre bom saber que a tradução de "Ibéricos" para inglês é "Spanish"...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

domingo, 6 de janeiro de 2008

Já em 2008

(suspiro)

Estas duas semanas passaram a voar. A viagem foi feita em grande ansiedade por chegar a Lisboa e rever Portugal após uma data de meses e não-sei-quantos acontecimentos marcantes. A Iberia ainda nos fez o favor de atrasar um voo (cancelá-lo, convenhamos) e de nos presentear com um "asiento libre" na conexão a Lisboa. Mas chegámos e a Ana (a dos aeroportos) - ou a Gateway (a do handling)! - deu-nos o presente de mais uma hora à espera das bagagens.

Resumindo: chegámos impacientes, cansados e com fome (passa-se muita fome no voo diurno), mas chegámos.

Nestes 15 dias penso que só se exceptuam 4 ou 5 refeições da dieta-Billy-em-Portugal; todas as outras foram de peixe. Peixe grelhado, assado, cozido. Quando digo "peixe" digo "coisas do mar": para além do pargo, robalo, dourada e bacalhau, ainda houve polvo, amêijoas, percebes e santola. Mnham.

A distância também me ajudou a ver coisas diferentes - e melhores - em Portugal. Talvez desenvolva o tema noutro post, que por enquanto o que se impõe é o balanço.

O Paulinho já voltou para a Argentina e é claro o ambiente de fim de festa: Natal, Ano Novo e Aniversário da Bau; agora resta desfazer a árvore e arrumar os enfeites.

Nas duas semanas portuguesas que tenho pela frente tenho de voltar ao trabalho e tentar rever os amigos que não vieram ao dia das Portas Abertas, tratar de burocracias e de documentos e - muito importante - retomar o tricô.

Bom 2008!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Com muita dranquilidade

São 23h23 de quinta-feira, véspera da partida. Vamos para o aeroporto pela fresca, embora o voo seja depois do almoço. E aqui estamos, com muita dranquilidade, na converseta, na onda da procrastinação. Em cima da cama das visitas já há algumas coisas para serem metidas em malas. Mas o melhor de tudo é que há muita coisa que ainda não está em cima da cama, ainda tem de ir ser pescada a gavetas e armários. Ou, melhor mesmo mesmo mesmo!, é que ainda temos de ir buscar as roupas de inverno, guardadas em algum recanto escondido.

Chii!, tanto problema filosófico com o facto de estar calor em Dezembro e agora está-me a custar pensar no frio de rachar europeu.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Boas Festas


É o que desejo a todos (ainda que apenas três) os leitores deste blog.

Free Rice

Free Rice é um jogo de palavras (em inglês) para crianças até aos 10 anos (como é em inglês e é jogo de palavras, acho que podemos subir um pouco a idade. Esta criança de quase 30 ainda se divertiu um bocado!) em que, cada vez que se acerta, se está a doar vinte (eles contarão?) grãos de arroz através das Nações Unidas.

Se não for por mais nada, seja então pelo enriquecimento do vocabulário.

Este ano não vai haver presépio

O Jimbrinhas assim o diz e com muita graça.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Correria, stresse

Bem, stresse, stresse, não propriamente, só algunzito. Aqui por estas bandas comem-se morangos e trabalha-se longas horas. Até sexta-feira, dia da partida, os minutos estão praticamente todos contados.

A minha ausência blóguica deve-se a isso! Mas é bom pensar que no Sábado já almoço em Lisboa!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Lisboa em segundo lugar!

E não é de uma lista negra qualquer, pelo contrário! O artigo chama-se "The 53 places to go in 2008" e foi publicado no New York Times.

Não vi a lista até ao fim, mas vi que em 21.º lugar está Bogotá (pela comida merecia estar logo em 3.º!) e, em 27.º, Buenos Aires.

Bem, falta dizer qual é o destino que ocupa o primeiro lugar. Quem estiver à espera de uma Itália qualquer, desengane-se. É mesmo o Laos, com menção especial para Luang Prabang, aparentemente um pedaço de paraíso na Terra.

Como diria alguém que eu conheço, com um longo e sentido suspiro, ai, fida!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Quero lá saber do problema existencial

Pronto, decidi a focalizar-me em ultrapassar o problema existencial de ser quase Natal e estar calor, andar de T-shirt e havaianas na rua.

Como a focalização em ultrapassar não estava a funcionar, decidi pôr o problema de lado.

Neste momento, estou oficialmente a desfrutar intensamente o bom tempo, o céu azul e a temperatura amena. De manhã fui correr e babei com os hibiscos e os jacarandás em flor. Viva a Primavera!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Todo um problema existencial

O Natal está aí e parece que não.

Hoje, por acaso, caiu uma daquelas tempestades de Verão desde a madrugada até agora. Está a amainar, mas não é certo que saia o sol. Mas, de resto, temos tido dias lindos, daqueles de céu azul sem interrupção, e calor, calor, calor. E, já se sabe, calor não combina com Natal.

Só que depois, olhando para o calendário, vejo que sim, que já estamos em Dezembro. Olho para trás e a retrospectiva deste ano de 2007 promete...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Algumas fotografias da viagem à Patagónia

Como prometido, aqui vão algumas imagens da nossa viagem-relâmpago à Patagónia.

(Nota: "relâmpago" porque eu, cá deste lado, não sabia de nada de nada de nadinha de nada. Para mim foi surpresa! E das boas...)

Ora aqui vão. Espero que "certas" pessoas fiquem com ainda mais vontade de lá ir na Páscoa!

(mais um parêntesis: tenho muita dificuldade com duplas consoantes, o que significa que muito provavelmente escrevi mal os nomes dos glaciares Upsala e Spegazini. Para este facto peço a vossa compreensão... é que dado o adiantado da hora já não tenho forças para ir confirmar a grafia!)


Um arco-íris a sair do Lago Argentino.


Blocos de gelo do glaciar Upsala a boiar nas águas do Lago Argentino.


O glaciar Spegazini.


Pés com grampones para o mini-trekking no glaciar - recomendo, recomendo!


Todos a olharmos para um dos lados (o Sul) do glaciar Perito Moreno. Tem desprendimentos de gelo com frequência, mas espera-se o GRANDE desprendimento durante este Verão. Se assim acontecer, vamos ver nas notícias, com certeza!


Mais Perito Moreno, face Norte. É tão lindo, tão lindo, que é difícil parar de tirar fotografias, ainda que resultem ligeiramente parecidas umas com as outras... Lá em baixo vêem-se duas coisinhas pequeninas... são pessoas!


O Perito Moreno visto das plataformas de observação, ou seja, a sua face Norte.


E, para terminar, umas florinhas primaveris do Sul do Mundo.

De volta à rotina...

Depois de duas semanas de amor e paixão entre tia e sobrinha e muitos passeios com os Maias, o Paulinho pensou - com muita razão - que a despedida seria coisa bastante dolorosa.

Vai daí, preparou-me a surpresa (disse "mega-surpresa"? Se não disse, deveria ter dito!) de irmos passar um fim-de-semana prolongado à Patagónia. E lá fomos no Sábado de madrugada, para voltamos ontem. Espero ter tempo ainda hoje de pôr aqui algumas fotografias das paisagens magníficas que vimos, mas agora o mais urgente mesmo é voltar ao trabalho e começar a abater itens da minha lista de afazeres.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Novas palavras

A Czinha nestes dias aprendeu a dizer "máscaras" e "empanadas" (famosa iguaria criola argentina e muito amada aqui nesta casa).

Eu aprendi a dizer "fóscaros" e "esquepoço" ("fósforos" e "pescoço", respectivamente, em carolinês).

Percebeu também que desta cama pode sair sozinha, ao contrário daquela que tem em casa e da outra em casa dos Avós. Portanto agora apareceu-me aqui, ao computador, a pedir para ver o filme das "taratas".

Viva a Diana!

Vou manter este post bastante críptico e apenas aconselhar os meus leitores (três, para aí) a visitarem este post da Diana. Viva a Diana!