Nesta terra ao sul do sol posto passam-se muitas coisas. E, no fundo, é sempre a mesma. O ambiente está quente: literal e metaforicamente. Hoje tivemos um dia de fim de Primavera, com a temperatura a chegar aos 26º. Talvez mais, não controlei. Aproveitei para pôr o estendal lá fora e ver se a roupa seca.
O estendal é, pois, o fio condutor: pu-lo na varanda porque hoje, ao contrário de quase todos os outros dias, não há muito trânsito. E porquê? Porque hoje, mais uma vez, houve manifestações. Fecharam ruas (artérias principais da cidade) e lojas, bancos e serviços fecharam ao meio-dia.
E sim, tudo isto por mais manifestações. Desta vez, duas. E grandes. Uma convocada pelo governo. Outra pelos produtores agro-pecuários. Também vos parece que se trata de uma medição de forças? Como quem diz: uma comparação de comprimentos de certos apêndices? Ou quem tem o carro mais veloz?
Pois.
Já lá vão quatro meses de conflito entre uns e outros, com greves, faltas intermitentes de abastecimento de alimentos, tendas em frente ao congresso, muitos cartazes, muita propaganda, muita demagogia, muita tinta, muita conversa e muita discussão. Ardente. Acalorada. Nunca vi ninguém polarizar-se desta forma só por o interlocutor pensar diferente. Quem não pensa igual é imediatamente "energúmeno". Para mim, esta situação roça o inacreditável num país que, como a Argentina, tem tudo: gente, capacidade, terra.
Não sei que contas se vão fazer no fim do ano mas acho que o PIB argentino vai sofrer um duro golpe. E tudo isto por teimosia.
Custa.
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