sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Hipódromo de Palermo

winning ticket at hipódromo de Palermo

Uma das vantagens de termos visitas é que vemos coisas que de outra forma não veríamos. Não veríamos, por exemplo, a minha imensa classe (chamam-lhe "sorte de principiante" mas a mim parece-me que é despeito) a ganhar a primeira aposta que faço ao chegar ao Hipódromo de Palermo, no Sábado passado.

Já era conhecida a minha estratégia para ganhar no poker - para quem não sabe, é tricotar ao mesmo tempo. E fazer muito, muito, muito bluff, pois não há quem resista. Mas agora confirmou-se o meu estatuto de amuleto da sorte quando o meu cavalo ganhou e eu rendi ao senhor meu esposo 360% de lucro. É isso mesmo.

Acabadinhos de chegar, eu ainda nem tinha percebido como é que a coisa funcionava. Lá me explicaram bem explicadinho, houve até quem cobiçasse os caderninhos que os outros visitantes tinham, com as descrições dos cavalos de cada uma das corridas do dia. Chegámos ao quiosque das apostas e eu peço o oito, o meu número preferido e redondinho.

- Ese caballo no corre.

Ora, ora, que não corre. No dois.

E adivinhem só, o dois ganhou. Nem o vi chegar à meta, porque me diverti a olhar para as pessoas à minha volta, aos gritos, à medida que os cavalos se aproximavam da meta. É realmente interessante ver veias a saltar do pescoço, punhos no ar e os gafanhotos do entusiasmo a saltarem de tantas bocas.

O que faltou, mesmo, foi o chapelinho à Ascott. Fica para a próxima!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Converseta

Ontem entrei na farmácia aqui da esquina para comprar um par de coisas que precisava. O farmacêutico começou a aviar o meu pedido, entre muitos sorrisos. Pensei que teria coisas nos dentes - não é inédito - ou estaria mal vestida, pois vinha do ginásio. Pergunta-me:

- Disculpe, señora, que le pregunte: usted no es de acá.

Não, realmente não sou, não, sou portuguesa.

- Ah, de Portugal! Tamaña belleza no podía ser de acá.

E é isto. Vai uma pessoa à farmácia e tem o farmacêutico, com idade para ser meu pai, nestes delírios.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Importante

Andei a pensar que volta é que daria ao assunto para o tornar mais apelativo, menos urgente, menos dramático e a verdade é que não cheguei a nenhuma conclusão. Por isso, digo-o da melhor forma que encontro, que é a directa: é urgente e muitíssimo importante que o máximo de pessoas se inscreva como dador de medula óssea.

É óbvio que se trata de uma decisão pessoal e que também depende de factores como a idade, se a pessoa é saudável, entre outros. Mas partindo do princípio que a maioria das pessoas é saudável, conto-lhes o que penso sobre o assunto.

Para o paciente, encontrar um dador compatível é uma questão de vida ou de morte; para o dador, é uma picada no momento da inscrição e um procedimento simples (com algumas picadas, é certo) que raramente necessita internamento. Os benefícios para o paciente ultrapassam muito largamente os potenciais riscos do dador, já que não é necessária uma intervenção invasiva para extrair as células necessárias para o transplante.

No acto da inscrição, os dados do dador são guardados numa base de dados internacional (Bone Marrow Donors Worldwide), o que significa que um paciente que esteja num determinado país tem muito mais hipóteses de encontrar um dador compatível porque a pesquisa abrange todos os países incluídos na dita base de dados.

Não me querendo alargar em mais argumentos, deixo aqui links para quem quiser obter mais informações sobre o tema. Aproveito também para pedir a todos os que aqui vêm para considerarem seriamente a hipótese de se inscreverem como dadores. Seria bom ninguém precisar da ajuda, mas como há gente que precisa, é bom saber que podemos ajudar.

Em Portugal:
Centro de histocompatibilidade do Sul
Centro de histocompatibilidade do Centro
Centro de histocompatibilidade do Norte

No Brasil:
(Pelo que percebi, o Brasil ainda não participa nesta base de dados internacional. Mesmo assim, vale a pena inscrever-se como dador! Para quem quiser informação em português, os links acima têm todos os detalhes, bem como as respostas às perguntas mais frequentes)
INCA

Na Argentina:
Hospital de Pedriatría Dr. J. P. Garrahan

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

As alegrias da desconexão



Está visto: estar desconectada também é bom. É mesmo muito bom viver umas semanas mais afastada do computador e do blogue para depois poder voltar cheia de saudades desta minha "casa" que é o "Entre...".

Vir a Portugal é sempre uma alegria, não só porque se vêem os amigos e a família, como também porque é bom estar cá. Lisboa está cada dia mais bonita, tem cada dia mais recantos bonitos, cafés novos, lojas novas, ruas mais asseadas (é verdade, é mesmo o que observo!), autocarros silenciosos e estações de metro novas. Cada vez que venho deslumbro-me com as vistas do rio, as casas coloridas e os passeios em calçada portuguesa. Às vezes também escorrego nelas, sobretudo neste Inverno tão chuvoso, mas é sempre uma alegria acordar e ver a cúpula da Basílica.

Para quem sempre fala mal de Portugal, tenho que contar que liguei para dois atendimentos telefónicos de dois serviços públicos e ambos me responderam às minhas perguntas. Enfim, nem tudo funciona bem, como conta o Dicforte, mas há muita coisa a funcionar mesmo bem. Destaco aqui o atendimento ao cidadão da Câmara Municipal de Lisboa e o atendimento telefónico das Finanças. Ambos muito bons.

Outra maravilha, de índole totalmente diferente, foi o nevão com que fomos presenteados no fim-de-semana passado. Que sensação linda a de estar quentinha dentro de casa e ver os flocos a cair lá fora, a paisagem, gradualmente, a tingir-se de branco. E que lindo abrir a janela e não ouvir nada: nem gotas de chuva, nem água, nem carros, autocarros ou quejandos. E tricotar, tricotar, e depois sair e estrear gorrinhos (na foto, o primeiro gorro Koolhaas, feito para oferecer, mas que ficou pequenino. O segundo, já com o tamanho adequado, já está terminado e pronto a ir para o seu dono). Paisagem perfeita para a fotografia do gorro, não? Também ponto alto do passeio na neve foi o capote alentejano, que não desapontou, e ainda constatar que tenho muita pontaria (diz que avariei umas quantas máquinas fotográficas com umas bolas de neve mais certeiras...).

Enfim, muito mais há para contar sobre estes dias, mas mais relatos virão a seu tempo. Por agora, mantêm-se as tarefas de tia por mais uns dias. Em breve estarei do outro lado do oceano, já com o coração cheio de saudades, mas com muito mais disponibilidade para contar histórias aqui.

Até lá, um bom ano, cheio de coisas boas, e até breve.

P.S.: A foto acima foi tirada pela Bau.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Blitzkrieg

A Primavera instalou-se em Buenos Aires com hordas e hordas de sanguinolentos mosquitos. Ontem, vinha eu tranquilamente a pé para casa, parei um bocadinho no semáforo, até ficar branco (cá, o semáforo verde para os peões é branco). Foi questão de alguns segundos mas, quando olho para baixo, tenho qualquer coisa como seis mosquitos (não-dengosos, esperemos) pousados nas minhas pernas, a picar-me sobre a roupa e tudo, sem qualquer tipo de vergonha ou hesitação. Desatei à chapada às minhas próprias pernas, fiquei com sangue nas mãos e tudo, mas os danados dos insectos já tinham deixado as suas marcas: quando cheguei a casa, mais parecia picotada.

Foi mais um momento Calmiderm.

(é... agora que penso nisso, bem que posso abrir aqui uma série intitulada "momentos Calmiderm". De duvidoso interesse, é sabido, mas certamente profícua.)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Preparativos

Kimonos waiting to be shipped!

Já falta pouco para o Natal e aqui no abbrigate* faço montículos de kimonitos, prontos para irem para as suas novas casas.

Gosto de olhar para eles e imaginar os bebezuquinhos que lá vão estar dentro. Fofo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Rosario

Rosario, Santa Fe, Argentina

Museu de Arte Contemporânea de Rosario, Santa Fe, Argentina

Rosario, Santa Fe, Argentina

Fomos a Rosario, não à do Pedro Aniceto, mas sim à da província de Santa Fé, na Argentina. A 300km a norte de Buenos Aires, a cidade estende-se ao longo de uns 10km (medido a olhómetro, não se guiem por mim) ao longo do Rio Paraná, o mesmo que dá o nome ao estado do Brasil, que passa pelas cataratas de Iguaçú e que se vem juntar ao Rio de la Plata aqui já bem pertinho de Buenos Aires.

Rosario respira aquela atmosfera de segunda cidade, embora dispute esse estatuto com Córdoba. Ainda assim, tem aquele ambiente alternativo que não se vê na capital - fenómeno que em Portugal também encontro no Porto. As pessoas, os edifícios, as lojas, os restaurantes, os monumentos, tudo, tudo tem um aspecto muito próprio e bonito. É um importante centro comercial, já que a partir dos seus portos se exporta uma percentagem muito elevada da produção agrícola do país. No final do século XIX recebeu muitas vagas de imigração europeia, facto que explica a concentração de edifícios de carácter e gosto europeu na cidade.

Contudo - e como não há bela sem senão - Rosario padece de sujidade crónica. Ou de falta crónica de cuidado, talvez. Os edifícios, lindíssimos, estão a cair aos bocados; as ruas, sujas, sujas como há muito não via. O lixo e os cocós de cão são tantos, tantos, que em algumas ruas tínhamos de ter muito cuidado para não pisar nada indesejável. As baratas circulam pela rua como se não houvesse desinfestação na cidade há coisa de cento e cinquenta e três anos, arrumando Macau num canto no que ao índice de barata por metro quadrado diz respeito. E olá que em Macau havia bastantes baratas, afinal de contas era um clima bem tropical. Mas em Rosario? Nossa, tanta barata que metia literalmente nojo. E eu não sou enojada com essas coisas.

Mas nem tudo é negativo no que toca ao esforço de cuidado urbano: a marginal está praticamente toda habilitada com jardins, espaços verdes e ciclovias e o contacto da cidade com o rio é total. Além disso, quem desenhou a quadrícula da malha urbana decidiu que em vez de pôr as ruas paralelas ao rio, elas deveriam estar em diagonal com o rio. Parecendo que não, isso permite que mais edifícios estejam sobre a marginal e que muitos mais apartamentos tenham vista de rio. Uma óptima ideia!

No Sábado, o dia esteve farrusco e demasiado frio para a época quase estival, mas no Domingo o sol deu um ar de sua graça. Os rosarinos foram, em massa, para a beira-rio, e nós também. Saldo: uma saudável tonalidade de verão e um evidente lembrete da roupa que tínhamos vestida nesse dia, marcada para a posteridade (até ao próximo banho de sol) na pele.

As fotos estão aqui.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Cômputo carioca

Rio de Janeiro

Dias no Rio: 5
Aulas de surf: 2
Vezes que me consegui pôr de pé em cima da prancha de surf: 2
Vezes em que foi verdadeiramente espectacular estar em cima da prancha: 1
Banhos de praia: 3
Qual deles o melhor: hmmm. Difícil. Aquele em que saltei as ondas e disse "tchan-tchans", como a C1?
Vezes que disse que tinha déficit de oceano: difícil de contar, aí umas 20. E foram só 5 dias.

Rio de Janeiro

Feijoadas: 3
Sopas de feijão: 1
Moquecas de camarão e peixe: 1
Queijo mineiro: 0.45 (não se iludam, comi muito!)
Espetadinha de queijinho de coalho grelhado: 1
Águas de coco (que no tempo da Segunda Guerra serviram de soro, esta é uma piadinha para... oh, vocês sabem quem são) bebidas: 3

Rio de Janeiro

Telemóvel caído à sarjeta: 1
Sinónimos aprendidos para a palavra "sarjeta": 1 (bueiro. Não conhecia!)
Aprendizes de Clark Kent conhecidos: 1
Tampa de sarjeta levantada:1
Número de homens a levantar a supra mencionada tampa de sarjeta: 1
Telemóvel recuperado: 1

Rio de Janeiro

Palavras novas: muitas, difícil contabilizar.
Expressões novas: muitas, também.
Nova expressão favorita: "porque eu sou fóbica!", em que "fóbica" se lê "fuóbica!"

Rio de Janeiro

Vezes em que me senti em casa: 1, ou seja, todo o tempo.
Vezes em que me senti em Portugal: muitas. Especialmente ao visitar as confeitarias Cavê e Colombo, no Centro, bem como o Real Gabinete Português de Leitura (onde se pode consultar o Diário de Leiria mais recente, por exemplo)
Vezes em que me senti em Macau: 2, pelo calor e ao passear no Centro.
Vezes em que me senti em Goa: 2, vide ponto anterior.

Rio de JaneiroViseu? Não, Rio.

Celebridades vistas: 1
Tardes passadas em Ipanema: 1, fabulosa.
Tardes passados na converseta: 5, ou seja, todas.
Conversas boas: todas. Nossa, quando eu e a F. nos juntamos, o teca-teca só pára quando tem mesmo de ser.

Rio de Janeiro

Molduras de quebra-cabeças completadas: 0.98. Faltou uma peça, mas valeu o esforço.
Projectos de tricot começados: 2
Projectos de tricot acabados: 1, quase integralmente no avião, porque não me ocorreu que lã e aquele calor todo não combinam. Aqui em Buenos Aires a temperatura ainda está amena e eu esqueci-me de que o Rio fica (cantemos todos!) num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza! Ai que beleza!

Rio de Janeiro

Mais fotos aqui.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Porque sim

Só porque são bonitas, umas fotografias de umas rosas maravilhosas no Rosedal de Palermo.
Flowers everywhere

Flowers everywhere

Flowers everywhere

Bom fim-de-semana!

domingo, 15 de novembro de 2009

O meu marido é um guerreiro ninja

Ontem andávamos nós a passear e a fotografar jacarandás em flor, sentados - quase literalmente - na nuvem mais cor-de-rosa do mundo, quando de repente aconteceu o que jamais me tinha acontecido: fomos quase vítimas de um assalto.

Tudo se passou muito rapidamente e o que me lembro daqueles poucos segundos são meros flashes: no primeiro, senti dois vultos atrás e muito perto de nós. O meu pensamento, alguém que o Paulo conhece. No segundo momento, a pessoa do meu lado agarrou-se à minha mão, a que levava a máquina fotográfica. Perguntou-me "me pasás esto?" e começou a fazer força para me fazer largar a máquina. Nesse instante, da surpresa dos amigos passou rapidamente para a clareza do "isto é um assalto!" e aí gritei. Primeiro, gritei-lhe que não, que não. Fiz força para conservar a máquina na mão - e consegui, graças à correia de segurança que anda sempre, mas sempre enrolada no pulso. A miúda - nesta altura já tinha percebido que eram duas miúdas, garotas aí pelos seus vinte anos, com idade para ter juízo - só me conseguiu agarrar a bolsa da máquina e afastou-se com ela, vitoriosa, até que percebeu que lá dentro não ia nada.

A seguir, o terceiro momento, aquele que eu denomino de "instante-guerreiro-ninja": vejo o Paulo no ar, perna em riste, a dar um enorme pontapé à outra miúda. Nesse momento, percebi que a sorte estava do nosso lado, pois elas começaram a afastar-se, certamente com pouca vontade de lutar.

Conta o Paulo que, ao princípio, também tinha pensado que fosse alguém conhecido a pregar-nos uma partida (de gosto duvidoso, acrescente-se) e que, quando me ouviu gritar, percebeu que não. Sentiu uma pressão: pensamos que a ajudante lhe encostou uma chave às costas para ele se sentir ameaçado e não reagir. Contudo, ao ouvir-me gritar, defendeu-se como sabia ter mais efeito, que foi com um pontapé no flanco. A chiquita hoje deve ter acordado com uma valente nódoa negra, no mínimo.

Toda esta acção, que durou uns meros segundos (que pareceram dias), revelou-me algo que eu não sabia: quando chegou o momento de libertar a adrenalina e a agressividade da cena, saíram-me impropérios tanto em português como em castelhano, de forma igualmente natural. O Paulo comentou mais tarde que nunca me tinha ouvido dizer tantas asneiras; olhando para trás, eu não disse muitas asneiras, eu repeti-as foi muitas vezes.

Resumindo: Mães, estamos bem. Paulo+Billy, 1; miúdas parvas que nem sequer estavam a roubar para comer, já que pela compleição física se podiam perceber uns quantos alfajores a mais, 0.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Primavera

Spring in Buenos Aires

Spring in Buenos Aires

Spring in Buenos Aires

Novembro é o meu mês preferido em Buenos Aires: todos os defeitos da cidade desaparecem detrás da histérica nuvem violeta dos jacarandás em flor. O ar está morno, com a promessa do Verão (algo asfixiante) ao virar da esquina; não está nem muito frio nem muito calor. Está perfeito. Os dias são longos e o ar, para além do escape dos autocarros, também cheira a flores.

Claramente a melhor altura do ano para cá estar.

Mais fotos aqui.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bzzzzz parte II

Primavera no Rosedal de Palermo
Já o disse no blog do abbrigate* e digo-o aqui também: acredito que algures entre as fibras e as malhas do que tricotamos ficam retidos sentimentos que temos e moléculas dos lugares onde tricotamos. É por isso que levei o coletinho da C2 passear ao Rosedal de Palermo no Domingo passado.

Como vêem, a Primavera chegou em força e o coletinho quase se mimetiza com a envolvente.

Sou uma tia muito, muito babada, saudosa e...

Primavera no Rosedal de Palermo
...maluquita, como diria C1.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Faces ocultas


No "El País" de Domingo, veio um artigo sobre o novo escândalo de corrupção em Portugal. Assim de repente já imagino as cabeças que se abanam num gesto de "não, este país é uma vergonha". E, convenhamos, novo escândalo de corrupção não contribui para uma imagem muito positiva.

Contudo, vejamos o lado bom da história: a trama é investigada, chega à opinião pública e, se tudo correr bem, será processada pela máquina da justiça. Os protagonistas verão o seu nome associado a uma história suja e, se tiverem vergonha na cara, não voltam a brincar aos inimputáveis.

Já é mais do que se pode dizer sobre os casos que acontecem aqui na Argentina (e noutros países da América Latina), onde as redes de corrupção não são sequer tocadas.

E tenhamos presente que para cada corrupto activo tem de haver um corrupto passivo e que todos nós podemos escolher deixar de tolerar assumir este papel.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Wiedervereiningung

Vinte anos depois, não dá para não mencionar a queda do muro de Berlim. A Deutsche Welle está que está com uma transmissão ininterrupta e em directo desde Berlim. Nos interlúdios mostra excertos de filmagens feitas há vinte anos.

Para além da alegria do festejo, cabe aqui também fazer o comentário "mudam-se os tempos": em quase todos os planos da reportagem aparecem cigarros no enquadramento, normalmente em primeiro plano, normalmente sem mão completa a agarrá-los e, também normalmente, não pertencentes ao entrevistado. Assim como uma espécie de emplastro, mas em forma de cigarro. Alguém mais nota isso ou sou só eu?

E nos penteados? Quem repara nos penteados?

Parece que foi ontem, e afinal já passaram 20 anos. Impressionante. Gott sei dank, como me disseram uma vez, a propósito da queda do muro.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Bzzzzz...

DSC05411

Imaginem umas abelhinhas a dar às agulhas para tricotarem umas coisinhas fofas para umas meninas ultra, ultra-fofas.

Uma dessas meninas ultra-fofas disse-me hoje, por skype, que vinha da escola a pensar em mim e que era mesmo comigo que queria falar. Contou-me que já sabe escrever o nome, sem olhar para o cartão!

(coração de tia muito feliz)

Felizmente já falta pouco para o Natal.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ontem

outro género de animação de rua

outro género de animação de rua

Ontem foi dia de grande animação aqui na rua. Estava eu aqui de volta do computador quando me chega ao nariz (um nariz que é um radar, diga-se) um estranho cheiro a queimado. Na rua, uma fumarada negra subia ameaçadoramente desde o segundo andar do prédio exactamente ao lado. Precisamente do prédio onde vive a vizinha que grita desalmadamente durante a noite.

A chuva caía torrencial e sair para a rua não era o que mais apetecia, mas engolir fumo negro também não. Então peguei casaco, chaves e carteira, tranquei a porta e abalei escadas abaixo até à rua. Pensei cá para comigo; "não, o computador é bonito mas não é o mais importante. Nem o tricot, nem a nova máquina de costura, nem sequer o passaporte, o importante mesmo é eu estar cá em baixo." Eu seja santa, as coisas que me passaram pela cabeça.

Os bombeiros e a polícia agiram num instante: fecharam a rua, conectaram mangueiras, apagaram o fogo e salvaram dois velhotes que não conseguiram sair sozinhos da casa em chamas. Estavam assustados, aturdidos e só um bocadinho chamuscados, felizmente. Hoje já recebi a notícia do meu serviço noticioso pessoal (a muito querida porteira do nosso prédio) que estão em observação e fora de perigo.

Ufa.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Uma surpresa





Chegou-me uma surpresinha à caixa de correio. Mais leituras, estou contente!

(Obrigada, M!)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Um saltinho a Puerto Madryn

Foi num instante que o fim-de-semana passou e já deixou saudades. Rever as fotografias e lembrar-me do azul do mar ajudam-me a aguentar os meses até à próxima deslocação à costa atlântica.

Fomos na sexta pela fresca, antes ainda de as galinhas acordarem. Acordaram logo a seguir, claro está, porque a menina do balcão de check-in nos sentou precisamente de ouvido colado à turbina. Num avião velhinho de uma das companhias aéreas menos recomendáveis do mundo (Aerolineas Argentinas, para o caso de quererem saber), lá chegámos sãos e salvos a Puerto Madryn.

Ao sairmos do avião, pensei que aquele vendaval era coisa da danada da turbina, mas não: estava uma ventaneira tal que ao levantar a perna para andar, o vento a levava. Literalmente.

Apesar do tempo, aproveitámos para ir a Punta Tombo, uma reserva onde se localiza uma colónia de pinguins. De momento, estão a chocar os dois ovos que as fêmeas põem e, dentro de algumas semanas, nascerão os filhotes. Pai e mãe intercalam-se na incubação do ovo e quem não está de serviço vai ao mar alimentar-se. Quando volta, toma o lugar do outro para que também ele se possa alimentar.

O dia seguinte, Sábado, amanheceu lindo, cheio de sol e com muito menos vento. Estavam reunidas as condições ideais para irmos ver as baleias! Entrámos na Península de Valdés, parque nacional, e o que se seguiu foi como que andar num parque de diversões, só que natural. À beira da estrada vimos guanacos, ñandús e bichezas exóticas locais. Um pouco mais tarde, já no barco, vimos baleias (da espécie franca austral) com as suas crias. Não dava para ver e tirar fotografias que se aproveitassem, portanto decidi ver. E não é que fui recompensada com uma subida e consequente mergulho de costas por uma baleia de várias dezenas de toneladas? O passeio foi lindo, lindo, e felizmente ainda trago os olhos cheios de mar. Isto de viver longe da costa... às vezes custa.

DSC05217

Depois do barco, almoçámos e fomos procurar os elefantes-marinhos.

Elephant seals in Península Valdés

Elephant seals in Península Valdés

Os elefantes-marinhos vivem organizados em haréns.

(Pausa para comentários jocosos. Fim da pausa para comentários jocosos.)

Depois de quase um ano passado no mar, estes bichos vão para terra para a etapa de reprodução. Durante este período raramente voltam à água, o único lugar de onde provém a sua alimentação. Por esta razão, perdem muito peso durante o tempo em terra. As mães, depois de darem à luz, amamentam as crias durante algumas semanas e dá-se um fenómeno de "transmissão de massa": as crias, alimentadas exclusivamente com leite materno, duplicam o seu tamanho em pouco tempo; as mães, em contrapartida, saem muito esbeltas deste período, até porque não se alimentam enquanto estão em terra.

Poucos dias depois de darem à luz já o macho do harém as emprenhou outra vez. Mas por ainda estarem a amamentar a cria, o embrião fica a "hibernar" e só se implanta no útero três meses mais tarde. A gestação dura mais nove meses, o que significa que a elefanta-marinha está sempre grávida. Um despacho!

Tongues of fire goes elephant seal-watchingO tricot também foi passear. Pode não entrar na cabine do avião, mas lá ver elefantes-marinhos, vê.

Daqui, fomos espreitar uma mini-colónia de pinguins. Pequenina, mas linda.

DSC05260

Voltámos a Puerto Madryn com a estepe patagónica por paisagem, embalados pelo ronronar do motor da camioneta. A sesta perfeita, depois do dia perfeito.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Turistas por cá


Temos visitas cá em casa. Ao fim-de-semana, entramos em modo "turista" e vamos passear a todas aquelas zonas que visitamos somente nestas situações. Sabe muito bem.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ceci n´est pas...

Canelonis com espinafres, cogumelos e requeijão, feitos pelo Príncipe.

...um blog de cozinha. Não obstante, não podia deixar de mencionar o nosso desafio doméstico depois de termos visto o filme Julie & Julia. Quem for ver o filme saberá que cada uma das Júlias se propôs cumprir um desafio grande, do género "enorme". Cá em casa, pelo contrário, contentamo-nos com uma coisa mais simples, mas que tem sido divertida: às quartas-feiras e aos Domingos experimentamos, à vez, uma receita nova. A única regra é que esteja num dos livros de cozinha que cá temos em casa.

No cardápio doméstico já tivemos, cozinhados por mim: trouxas de espargos, muffins de acelga, rolo de noz com espinafres e cogumelos; cozinhados pelo Paulo, tivemos cataplana de porco e espargos, sopa de milho e, ontem, uns magníficos canelonis de espinafres, cogumelos e requeijão. Feitos na pastalinda que lhe ofereci, claro.