Confesso que não esperava que uma visita ao Canal do Panamá me entusiasmasse tanto, mas descobri que afinal os prodígios do engenho humano me fascinam.
A República do Panamá tem a particularidade de estar instalada na porção mais fina de todo o continente americano. Claro que isso talvez não fosse assim tão interessante se essa porção fininha, de 80km de espessura, se localizasse muito mais a norte ou muito mais a sul. Ir dar a volta ao Cabo Beagle, na Terra do Fogo, seria então um caminho só um bocadinho mais longo. Mas não: o Panamá situa-se precisamente no centro do continente, na porção de terra que liga a parte norte à parte sul. Se pensarmos no vitruviano, o Panamá está no umbigo, precisamente no umbigo do mundo.
(Pausa para a banda sonora, reminiscência dos anos de adolescência com o Jovanotti a cantar, em loop dentro da minha cabeça, o "ombelico del mondo". Fim da pausa musical.)
É por essa razão que o canal tem a importância estratégica que tem, porque encurta as rotas comerciais marítimas em várias dezenas de dias. E, para os panamianos, é talvez uma das principais fontes de rendimento do país.
Voltando à tal porção finita do continente americano, também conhecido por istmo, caracteriza-se por não estar toda ao mesmo nível: mais ou menos a meio do percurso que liga o mar das Caraíbas, no Oceano Atlântico, ao Pacífico, o terreno sobe alguns metros. Ora para vencer este obstáculo, foram criadas umas estruturas elevatórias chamadas de eclusas, que não são nada mais que pequenos compartimentos artificiais que se enchem ou esvaziam de água. Ao encher, o barco que lá está dentro sobe; ao esvaziar, o barco desce. Se estivéssemos a ver o canal de perfil, veríamos que a água das chuvas se acumula no Lago Gatún, um lago artificial provocado pela barragem com o mesmo nome. Esta água serve para alimentar então as eclusas, colocadas entre o lago e os dois oceanos, um de cada lado.
No dia em que fomos visitar o Canal, ou, mais precisamente, as Eclusas de Miraflores tivemos a sorte de ver a aproximação de dois navios, um em cada sentido, passando diante de nós precisamente ao mesmo tempo. O resto? Só visto, mesmo. E é bonito, quem diria?
Do miradouro, olhando na direcção do Pacífico...
...e na direcção do Atlântico.
Chega um barco, vindo do Pacífico. A eclusa ainda está com pouca água...
...como se pode ver aqui.
A água flui do compartimento mais alto (à direita) para o mais baixo (à esquerda, onde está o navio) e as comportas abrem-se.
O navio pode passar...
...e seguir pra bingo, que é como quem diz, em direcção ao Atlântico!
Todas as fotos, aqui.
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Há 2 dias
5 comentários:
Estava eu a ler o post, quando me deparo com as eclusas... hmmm, então mas isto não são comportas? - pensei eu. Lá tive de ir à wikipédia descobrir que é a mesma coisa! Passei umas muito giras, há uns anos, as da barragem de Assuão.
fungaga
Fungagá, esse passeio também deve ter sido bem giro!
Quanto a eclusas/comportas, nem sabes a trabalheira que me dá dizer o nome, sobretudo quando em espanhol é eSclusas! A danada da contaminação...
Comportas, comportas, comportas!
...que giro!!!
gosto muito das fotos!
Oi, Billy. Lia sempre teu blog aqui em Buenos Aires. Sou do BR e moro em BUe desde 2005. Quero poder entrar em contato com vc (vi seus trabalhos como designer) para falar sobre convites de casamento (o meu! em setembro!) meu email marianaspereira@gmail.com
Suerte en Panama! gracias.
Obrigada, Ricardinho!
Mariana, acabou de seguir agora um email para a tua caixa de correio.
Beijinhos e obrigada pelos comentários!
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