Um dia, entrámos no autocarro público (e gratuito!) de Vail e deparámo-nos com um cenário inverosímil: todos os passageiros que lá estavam traziam cartola e fraque; as passageiras, vestidos, capinhas e umas bolsinhas em jeito de carteira.
Confesso ter tido um instante de perplexidade e até (pigarreio) de confusão. Entreolhávamo-nos, o Príncipe e eu, sem saber muito bem que pensar, até que a conversa foi inevitável:
"Que casacos tão estranhos, os vossos!"
E que curioso, que dentro do contexto, fossem os nossos casacos de esqui os intrusos!
Contaram-nos que pertenciam a um coro dickensiano e que dariam um concerto de canções de Natal, no dia seguinte, na Capela "Interfé".
No dia seguinte, lá estávamos nós, pontualíssimos, não só para ver o coro mas também para visitar a capela por dentro. Por ser multiusos, tem uma estrutura linda, em madeira, mas carece de todo e qualquer adorno; em lugar de um altar, tem uma janela, também bonita. A abóbada parece o casco de um navio, e todo o ambiente é de conforto, como se fosse a sala de amigo.
À hora certa, o coro deu entrada e começou o seu espectáculo, que foi lindo. Várias vezes convidaram a plateia a acompanhá-los nos refrões, e eu conheço dois meninos que não se fizeram rogados.
(Dois meninos que, por sinal, se conheceram num coro.)
No final do espectáculo, de coração quentinho e cheios de saudades de cantar, despedimo-nos do reverendo, que, à porta, desejou boas festas a toda a assistência. Entre o surreal e o espectacular, diga-se, e tudo porque metemos conversa com aquela gente de roupagem estranha no autocarro!
2 comentários:
Outro relato cheio de interesse!
Bjs
M
Que história tão gira :-). Um bom ano para esse lado do oceano!
fungaga
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