Estar longe do meu país deu-me - talvez mais do que esperava - um ataque de patriotismo agudo. Durante estes anos aqui em Buenos Aires, onde assumem sempre (mas sempre!) que sou brasileira, encontrar coisas que me façam lembrar de Portugal deu-me muita alegria.
(Abro aqui um pequeno parêntesis para explicar que não tenho absolutamente nada contra o Brasil ou os brasileiros e não considero minimamente ofensivo que pensem que sou brasileira. Não é nada disso. É só a coisa de "assumir", ou seja, para um argentino, só porque falo português, sou brasileira. E não, juro que no mundo há outros lugares onde também se fala português, nomeadamente... em Portugal.)
Todos sabemos que a distância nos dá uma perspectiva mais clara do panorama, seja ele uma situação familiar ou até a de um país. E estar aqui na Argentina trouxe-me talvez uma maior apreciação pela vida que Portugal proporciona aos seus habitantes. Não vou dizer que é um país nórdico no que toca a salários ou à altíssima eficiência do serviço nacional de saúde, mas também não é a desgraça de que os meus compatriotas tanto falam. Viajar - e viver no estrangeiro - dá-nos ferramentas de comparação entre a nossa e a de outro lugar. Em todo o lado há coisas melhores e outras piores; faz-nos falta a nós, portugueses, apreciar mais as coisas que temos e valorizar-nos mais perante o exterior. E esta também foi uma aprendizagem com os argentinos, que têm de si próprios uma imagem muito boa (talvez exagerada) mas que lhes dá uma confiança imensa e um espírito de iniciativa invejável.
A distância também nos faz entender até que ponto somos de um certo lugar: nunca me tinha sentido tão portuguesa quanto aqui, na Argentina. Mas também sei que, um dia quando voltar a Portugal, me vou sentir mais estrangeira que nunca.
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