Uma das (minhas) descobertas
porteñas foi a pintura. Comecei a frequentar as aulas de pintura da
Asociación de Amigos del Museo de Bellas Artes, com modelo vivo, e a minha vida foi mudando, aos poucos.
Penso que a minha profissão, a de designer de comunicação, é muito desgastante em termos criativos. A páginas tantas, no meio do turbilhão dos trabalhos, há pouco tempo para testar, experimentar novas soluções para resolver os problemas (de comunicação) propostos pelos clientes. E isso acaba por, paulatinamente, opacificar a nossa estrelinha brilhante, aquela a que podemos chamar de criatividade.
A pintura, portanto, apareceu-me como um terreno de teste, onde tudo, mas tudo mesmo era permitido. Em cada exercício que fiz predispus-me para o erro, para o teste, para tentar uma coisa diferente - tudo experiências que no trabalho como designer, a maior parte das vezes, não tenho tempo para fazer.
O tricot e as lãs também foram, curiosamente, uma forma de teste criativo e, paralelamente, de integração na cidade. Através do
ravelry, comunidade tricotadeira virtual (e mundial), encontrei pessoas muito diferentes com uma coisa em comum: o gosto pelo tilintar das agulhas.
Uma coisa levou a outra e hoje tenho uma marca de roupa para pequenitos tricotada à mão, a
abbrigate*. Como a necessidade aguça o engenho, um dia destes tive de arregaçar mangas e tingir lãs. Com a ajuda de um catálogo escolhi cores e fios e fui comprar as anilinas, só que, quando cheguei a casa e deitei mãos à obra, descobri que também nas lãs havia repetido o meu universo cromático da pintura, fugindo um pouco das cores que inicialmente tinha previsto obter!
Parece-me que a conclusão a retirar é que não podemos mesmo fugir à nossa natureza.
Nota: quem tiver vontade de ver o que andei a pintar durante estes dois anos, clique
aqui e comente abaixo!
2 comentários:
Sabes, admiro-te muito pelas coisas que alcançaste. E sou fã dos teus trabalhos :-D
Nossa, V, que fofa, deixas-me envergonhada logo de manhã. Obrigada.
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