segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Encontros e ervilhas

Desde que nos mudámos para este prédio onde vivemos que os elevadores têm sido palco de muitos encontros curiosos. Um deles, num dia em que levava a bicicleta comigo, foi com um senhor muito castiço, seguramente com idade para ser meu pai, de cabelinho muito branco, muito magrito e muito bem disposto.

Com uma bicicleta no meio, a conversa de circunstância andou à volta desse assunto. Assim me contou ser holandês, dividir o ano entre o Panamá e a Holanda e ter saudades de ser ciclista durante as suas estadias tropicais.

E, a partir daí, sempre nos cumprimentámos e trocámos umas palavras, ou em inglês ou em espanhol. O tempo, a bicicleta, o café do lado, tudo servia de assunto para a nossa curta converseta.

Na sexta passada, após um ano e meio de encontros de elevador, este senhor conta-me que em Abril volta à sua Holanda natal para um casamento de um familiar, e também para aproveitar o Verão europeu.

Como eu desconheço Verão europeu mais bonito que o português (sei que a minha idoneidade na matéria é absolutamente discutível, mas obviemos isso), disse-lhe exactamente isso. Ele achou curioso que eu soubesse como era o tempo em Portugal... até que lhe contei que era portuguesa.

Foi uma alegria! Não é que o senhor viveu onze anos em Lisboa, no mesmo bairro e tudo? E viemos nós cruzar-nos no Panamá.

O mundo é uma ervilha, está visto.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

E agora, algo totalmente diferente

Quilt top

O meu primeiro quilt! Ainda não está terminado, mas tem sido a minha diversão de fim-de-semana (isto é, depois da praia).

Quilt top, up close and personal

Digamos que não tornei a minha vida mais fácil ao escolher, para primeira tentativa, um esquema que pede alinhamento horizontal e vertical, mas, apesar de todos os seus pequenos defeitos, amo de paixão esta colcha linda que está a nascer. É a minha primogénita, e dizem que não há amor como o primeiro!

Quilt top

Ainda o quilt não está terminado e já fica tão lindo no sofá! Não que seja o objecto mais necessário num país tropical, convenhamos, mas um dia destes havemos de nos mudar para uma latitude mais alta e aí, sim, será usado.

The back

Gosto tanto dele, que até o avesso me parece interessante - algo reptiliano, talvez? Ou como escamas de peixe... enfim, desvarios de uma "costureira"* apaixonada, é o que é.

(*"Costureira" merece umas enormes aspas, porque eu não sou mais que uma principiante. Que gosto, gosto sim senhores. Agora daí a ser costureira... falta.)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Desenvolvimentos

Antes de mais, quero agradecer todos os comentários ao post anterior. Respondi a todos, lá mesmo ao lado. Também já fiz reclamações junto da recepção (sim, o edifício tem-na) e da administração (idem).

A conversa na administração foi interessante. A senhora, muito compungida, disse-me que estava de acordo comigo mas que tinham ordens da Junta (a comissão de moradores) para não autorizar a utilização dos elevadores principais por "empregadas e animais". Claro, perguntei-lhe se não achava ligeiramente idiota manter as pessoas à espera, no rés-do-chão, só porque a dita Junta não autoriza. "Es que después nos regañan, señora", explicou-me.

Aqui, tive de lhe dizer que me parecia muito estranho que eles tivessem medo de receber uma reprimenda por fazer uma coisa justa e normal. Continuo sem entender isso, mas a discussão aqui sai sempre no mesmo: a ordem vem de cima e que depois recebem uma repreensão. Não entendo: não pensam? Correm o risco de despedimento? Que será?

A nossa empregada, que se tem revelado um autêntico braço direito, uma colaboradora fantástica, já está instruída: da próxima, usa o intercomunicador para me chamar. Quem ousar proibir que ela suba comigo no elevador vai ter a vida bem difícil.

Haja paciência...!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Coisas às quais não me consigo adaptar

No fim-de-semana passado estivemos a ver o filme "The Help", que conta as muitas histórias de como as empregadas de limpeza - negras - eram tratadas pelos seus empregadores brancos nos Estados Unidos. Os episódios contados pelas empregadas são o retrato de uma realidade que existiu até há pouco tempo nos Estados Unidos e que, infelizmente, continua a existir no Panamá.

Ontem, esperávamos a chegada da empregada às sete e meia da manhã. Contrariamente ao que é habitual neste país, ela é do mais pontual que existe: chega sempre antes, e depois faz tempo para tocar à campainha à hora certa. Por isso estranhei terem passado dez, quinze, vinte minutos. Nada.

Chegou trinta minutos depois e explicou-nos que no rés-do-chão a tinham retido, bem como às outras empregadas que entretanto se foram juntando. Confesso que não estava a entender porquê, mas sei que para alguns dos meus vizinhos a entrada no prédio deve ser mais vigiada que uma alfândega. Aqui, já espero tudo, por razones de seguridad.

Tudo, tudo, não: impediram-lhes o acesso porque àquela hora os funcionários do edifício estavam em plena recolha do lixo, usando o elevador de serviço. Ora a torre em que vivemos dispõe, para além deste elevador, de dois elevadores "principais" (ou seja, para os residentes). Concluindo, estas mulheres tiveram de esperar lá em baixo porque os funcionários da recepção, a mando da administração do condomínio, não as autorizaram a usar estes dois elevadores, que estavam desocupados. Porquê? Porque "empregadas e animais" (e, aparentemente, os próprios funcionários) não os podem usar.

Há dias em que não tenho palavras para expressar o desprezo que sinto por aquelas pessoas que, ao sentir que têm um dedinho de poder, o usam da forma mais autoritária, imbecil e dominadora possível.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Olha a zine sequinha!

Ora aí está o número da zine que não fala nem de chuva nem de humidade:

We´re in Panama, issue 20

Ah, estação seca, que bom ver-te de novo!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Bombons

Love in the air

Sometimes love is difficult to express

Estes tios estão sempre, sempre, sempre a pensar nos seus bombons lindos e crescidos.

(C1, já pediste à Mãe que vos imprimisse a última zine?)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Cantigas

Vail Interfaith Chapel, Colorado

Vail Interfaith Chapel, Colorado

Um dia, entrámos no autocarro público (e gratuito!) de Vail e deparámo-nos com um cenário inverosímil: todos os passageiros que lá estavam traziam cartola e fraque; as passageiras, vestidos, capinhas e umas bolsinhas em jeito de carteira.

Confesso ter tido um instante de perplexidade e até (pigarreio) de confusão. Entreolhávamo-nos, o Príncipe e eu, sem saber muito bem que pensar, até que a conversa foi inevitável:

"Que casacos tão estranhos, os vossos!"

E que curioso, que dentro do contexto, fossem os nossos casacos de esqui os intrusos!

Contaram-nos que pertenciam a um coro dickensiano e que dariam um concerto de canções de Natal, no dia seguinte, na Capela "Interfé".

No dia seguinte, lá estávamos nós, pontualíssimos, não só para ver o coro mas também para visitar a capela por dentro. Por ser multiusos, tem uma estrutura linda, em madeira, mas carece de todo e qualquer adorno; em lugar de um altar, tem uma janela, também bonita. A abóbada parece o casco de um navio, e todo o ambiente é de conforto, como se fosse a sala de amigo.

À hora certa, o coro deu entrada e começou o seu espectáculo, que foi lindo. Várias vezes convidaram a plateia a acompanhá-los nos refrões, e eu conheço dois meninos que não se fizeram rogados.

(Dois meninos que, por sinal, se conheceram num coro.)

No final do espectáculo, de coração quentinho e cheios de saudades de cantar, despedimo-nos do reverendo, que, à porta, desejou boas festas a toda a assistência. Entre o surreal e o espectacular, diga-se, e tudo porque metemos conversa com aquela gente de roupagem estranha no autocarro!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Denver em Dezembro

Denver vista do quarto de hotel

Este Natal, a sorte levou-nos às montanhas do Colorado para esquiar, com uma paragem para reabastecimento (de cultura visual) em Denver. Depois de dois voos, várias horas e 30º menos, chegámos ao nosso destino.

Denver Capitol

Denver

Denver Fire Dept. Truck

Denver não é uma cidade imensamente palpitante que nunca dorme, como Nova Iorque, e seria inútil (e frustrante) querer que o fosse. É uma cidade universitária, que serve de base para as montanhas do Colorado. Na verdade, é a última paragem nas Grandes Planícies antes de entrar na cordilheira das Rocky Mountains, a prima setentrional dos Andes.

Está a 1600m acima do nível médio do mar e constitui a paragem perfeita para a aclimatação necessária para nós: de 30ºC, com 90% de humidade relativa, passámos aos 0ºC, com 30% de humidade. Resultado: pele em escamas, boca coberta de película aderente e nariz constantemente a sangrar.

A cidade é ampla e limpa; tem uma Baixa pedonal, com um autocarro gratuito que percorre a Rua 16. Aqui encontram-se lojas, cinemas e muitos hotéis. Para quem vai de visita, é a referência a procurar.

Denver

Denver

Union Station, Denver

O que mais nos interessava, contudo, não eram as lojas: eram os museus. Decidimos ir visitar o Denver Art Museum, onde pudemos ver várias excelentes exposições temporárias e uma colecção talvez demasiado ecléctica de arte contemporânea. Estávamos sedentos de cultura visual, por isso nada nos desiludiu.

Denver Art Museum

Inside the DAM

Denver Art Museum

Denver Art Museum

Denver Art Museum

Denver Art Museum

Na véspera de Natal assistimos à peça "A Christmas Carol", adaptada do texto de Dickens, no Denver Center for the Performing Arts. A sala estava cheia, a apresentação foi fantástica, com dança, música, figurinos e cenários fantásticos. Gostei particularmente de como a transição entre cenas foi integrada na peça, tendo os actores, em exímia coreografia, mudado eles próprios os cenários. A única coisa que não adorei foi a tentativa (algo frustrada) de imitação do sotaque inglês!

Denver Center for the Performing Arts

Denver at dusk

Entre Denver e Vail, onde ficámos durante a semana, há uma viagem de cerca de 2h30. Ainda considerámos alugar um carro, mas depois optámos pelo serviço da Colorado Mountain Express que, pasmem, até tem wi-fi nas carrinhas! Foi a escolha certa, já que em Vail o estacionamento é difícil e extremamente caro e o transporte colectivo dentro da vila é gratuito.

Mais fotos aqui.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Balanço anual: leituras

2011 in books: non-fiction

Estes balanços habitualmente são feitos no fim de um ano, não no início do seguinte. Mas como não houve tempo na semana passada, e porque mais vale tarde que nunca, vamos lá.

2011 foi o ano da minha "descoberta" da não-ficção. Até este ano, preferi sempre ler ficção. Porquê, exactamente, não sei dizer. Este ano, ouvi num episódio do Fresh Air, podcast que assino e consumo com muito prazer, a entrevista feita à autora do livro "The Immortal Life of Henrietta Lacks", Rebecca Skloot. Fiquei muito curiosa, e assim que tive oportunidade comprei-o e li-o. O que mais me surpreendeu foi tê-lo lido com o interesse que em mim desperta um romance apaixonante, sabendo que o que ali se contava eram factos reais da vida das pessoas mencionadas, e aquilo que ia retendo na memória era da mais finamente escrita divulgação científica. Aprendi que as experiências científicas usam linhas celulares e que uma das primeiras a ser produzida e das mais usadas actualmente é a HeLa (de HEnrietta LAcks).

Não posso dizer que gostei, porque, na verdade, amei e recomendo vivamente.

(Um parêntesis para contar que daqui parti para as dúvidas tiradas com a prima cientista - olá C.! - e fiquei a saber que, dentro da Drosophila (mosca da fruta, se não me engano), a linha celular com que trabalha também foi descoberta por acidente. E viva o Maio de 68!)

Ganhei-lhe o gosto e continuei com "What the Dog Saw", de Malcolm Gladwell. Já tinha lido vários livros deste autor de que muito gostei e vivamente recomendo, como "Blink", "Outliers" e "Tipping point", portanto já sabia que deste também haveria de gostar. Contrariamente aos que tinha lido antes, este é uma compilação de textos mais curtos publicados anteriormente na revista "The New Yorker", onde trabalha. Como costuma acontecer, houve textos que me agradaram mais, outros que me agarraram menos. Mas a verdade é que este jornalista consegue fazer da menstruação um tópico interessante, e só por isso já vale a pena ler.

Tal como o primeiro livro que mencionei, o interesse por "Born to Run", de Christopher McDougall, foi despertado por uma entrevista ao autor (talvez também no Fresh Air, mas agora não recordo com exactidão). O bichinho da curiosidade foi inoculado com a ideia extremamente subversiva de que as lesões dos corredores, maioritariamente nas articulações dos pés, joelhos e coluna vertebral, se devem ao impacto provocado por correr... calçados. A hipótese que o autor propõe é que precisamente por terem tanta protecção no calcanhar, os sapatos actuais induzem o corredor em erro motor, que acaba por assentar primeiro o calcanhar. Segundo o autor, correndo descalço (ou com sapatos de sola fina), automaticamente se corrige o passo para pisar primeiro com a "almofada" do pé (como outros animais que correm, como os cavalos ou as zebras), fazendo com que a articulação do tornozelo funcione como mola e absorva o choque. Subversivo? Sem dúvida!

Daqui, o jornalista parte para a investigação e descobre uma tribo mexicana conhecida por correr como forma de vida... e deixo o resto por contar. É um texto documental, é uma aventura, é também uma imensa fonte de informação. Posso-vos dizer que, desde que li este livro, sonho muitas, muitas vezes que estou a correr e não me canso nunca.

Também li "Happiness Project", de Gretchen Rubin. Tal como o nome indica, a autora dedicou-se, durante um ano, ao projecto de ser mais feliz. Explica a sua metodologia, dá ideias e sugestões aos leitores e conta-nos os seus progressos durante esse ano.

Este livro interessou-me mais pelas ferramentas que sugere que pela leitura em si; não obstante, vale a pena ler, quanto mais não seja para ver como outros tentam viver melhor e também para ousar colocar-me novos objectivos desafiantes e cumpri-los.

Os três livros seguintes pertencem ao género de literatura de viagem. Publicados pela Tinta da China, a colecção é coordenada por Carlos Vaz Marques (que também conduz as deliciosas entrevistas da série "Pessoal e Transmissível" e o hilariante debate semanal do "Governo Sombra") e os livros entram na categoria livro-objecto: boa encadernação, design cuidado, papel espesso, tipografia pensada e até um marcador de página em tecido. Quem quer livros electrónicos quando pode sentir o prazer de ler um livro assim?

O primeiro título que li, recomendado pela Prainha, foi "Disse-me um adivinho", de Tiziano Terzani. A história começa com a premonição de um adivinho, que lhe diz que em determinado ano não deve andar de avião. A viver na Ásia, Terzani decide levar a informação a peito e transformá-la num projecto de trabalho. Daí nascem os relatos deste livro, de muitas viagens por esta nossa Terra.

Já em Outubro, talvez Novembro, li "Caderno Afegão", de Alexandra Lucas Coelho. Ao início, confesso, a escrita parecia-me um pouco entrecortada, dando assim um ritmo que mais tarde percebi que seria o ritmo afegão da viagem cheia de sobressaltos (literais e figurados). Com estradas esburacadas e cheias de obstáculos, entendi mais tarde que o ritmo era, naturalmente, esse. Ao início, estranhei. Depois, também se entranhou, qual pó que vemos sempre no ar das imagens que desse país tenho.

Através das palavras da jornalista, viajei por terra e por avião, conheci militares portugueses lá, comi melhor e pior e ouvi muitos tiros.

(Novo parêntesis: coincidentemente, tinha lido pouco tempo antes "Kite Runner", de Khaled Hosseini, cuja primeira parte se passa nos tempos áureos da Cabul dos anos 60 e 70; na última parte, várias décadas mais tarde, o narrador volta ao seu país e descreve uma cidade parecida com a descrita em "Caderno Afegão". Parecia-me, ao ler este livro, que já lá tinha estado e que lia sobre uma cidade que, de facto, tinha visitado, como quem lê sobre um lugar onde já foi feliz. Curioso!)

No final, gostei tanto, mas tanto do livro que não hesitei e atirei-me logo para o segundo, da mesma autora, desta vez intitulado "Viva México".

Há que dizer que a América Latina é um conjunto de muitas Américas Latinas, e que entre a Argentina e o Panamá há uma enorme distância (física e metafórica) e que o México e o Panamá, apesar de relativamente próximos, estão a anos-luz de distância. Não obstante, há coisas em comum, talvez por aqui se consumirem telenovelas mexicanas ou por haver muitos mexicanos. Por isso, desta vez a minha "viagem" foi um misto de descoberta e de identificação: ao mesmo tempo que sentia que eram as minhas pernas - não as da autora - a percorrerem aquelas ruas, também sentia que uma amiga me contava, em segredo, a sua viagem por uma terra mágica, estranha, hostil, bela, cruel e colorida, as suas sensações ao deparar-se com o indescritível ou até ao sentir o sabor da tortilha.

Para viajar sem sair de casa, estes três títulos são o melhor que li em muito tempo.

Finalmente, o último livro (terminado já em 2012): "Necessary Losses" de Judith Viorst. A autora explora, do ponto de vista da experiência psicanalítica, as perdas e os lutos que todo o ser humano tem de fazer ao longo da vida para poder crescer. A escrita, apesar de ligeira, é excelente e muitíssimo informativa, com recurso a referências a outros investigadores e também ao relato de exemplos retirados da sua experiência profissional.

Que ninguém se assuste com a catalogação de "auto-ajuda", porque este livro é de "auto-conhecimento". Durante a leitura houve, em diversos momentos, o famoso "a-ha!" do reconhecimento daquilo que a autora contava como tendo sido uma experiência minha.

As minhas secções favoritas foram aquelas que se relacionam com a minha vida actual: amigos, família, a nova família formada por mim, a mudança da auto-imagem, a separação, a doença e a morte. Este é daqueles livros que vou recomendar a toda, mas toda a gente. Ou então talvez tenha de refrear um pouco o entusiasmo...

O ano de 2011 também teve muita leitura de ficção, de que talvez venha aqui a falar no futuro, mas o importante, o que me mudou como leitora e como pessoa foram os livros que aqui vos mostrei.

Que venha 2012!