quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Luvaria Ulisses


A Luvaria Ulisses é um mundo à parte ali na Rua do Carmo. Entalada num vão de escada, esta luvaria é uma entidade anacrónica que vive e respira e aparentemente continua a resistir. As luvas deles são tão lindas, umas muito clássicas, outras bem modernas, tão bem feitas e - ainda por cima - tão bem vendidas que eu tinha uma imensa vontade de comprar lá um par.

Mas o Pai Natal, figura muito bem informada, antecipou-se e trouxe-me um par de luvas castanhas com costuras a laranja. Não dá para explicar a sensação de as usar (podem marcar-me o blog como tendo "conteúdo objectável"), mas é bom... é como comer ceviche, mas em luvas calçadas.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Os designers ja tem profissao!

É com muita alegria que aqui transcrevo o comunicado da Associação Portuguesa de Designers:

"Design e designers entram com pé direito em 2007
13 de Dezembro de 2006

A Associação Portuguesa de Designers comunica que, na sequência de um trabalho aturado que efectuou na Assembleia da República, junto dos Partidos com assento Parlamentar e das comissões da especialidade, conseguiu finalmente que fosse aditada a actividade «Designers», sob o código 1336 à tabela de actividades para os trabalhadores independentes, do artigo 151º do Código do IRS.

O referido aditamento teve lugar na sessão plenária da especialidade na Assembleia da República do dia 29 de Novembro do corrente ano, por consequência da aprovação por unanimidade do aditamento do Artigo 45º -A à Proposta de Lei nº 99/X, conforme publicado na página 80 do Diário da Assembleia da República de 30 de Novembro, 1ª série nº 23. Este artigo passou assim a integrar a referida proposta de lei que, sendo a proposta de Orçamento de Estado para 2007, foi aprovada na sessão plenária do Parlamento no dia seguinte.

A pretensão da obtenção de código próprio para os Designers foi também alvo de uma Petição, segundo os direitos consignados na Constituição Política Portuguesa e promovida pela APD, que pela forte adesão que registou, funcionou também como forma de pressão, motivando assim também esta tomada de decisão por parte do governo.

O devido reconhecimento da sua profissão é uma pretensão da grande maioria dos Designers em Portugal. A APD, consciente que este objectivo só será alcançado através de uma estratégia efectivamente integral, que englobe um conjunto de acções a todos os níveis, desde o institucional ao social, está também a colaborar com o Instituto Nacional de Estatística e o Instituto de Emprego e Formação Profissional nos trabalhos que envolvem as revisões actualmente em curso do Código de Actividade Económica e da Classificação Nacional das Profissões, onde passarão a constar, respectivamente, as “Actividades de Design” e a profissão “Designers”.

A Direcção da APD considera assim que o ano de 2007 é um marco para o Design e os designers portugueses. A todos e, sem distinção o nosso muito obrigado, pelo apoio dado a uma iniciativa que prestigia quem na realidade se interessa pelo presente e futuro do Design em Portugal.

A Direcção da Associação Portuguesa de Designers"

Bem hajas, APD!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Machu Picchu II


O segundo dia em Machu Picchu foi assim: soalheiro e repleto de mosquitos.

Como só está a cerca de 2000m sobre o nível do mar e tem muita vegetação, o ar é muito oxigenado e os efeitos da altura sentidos no Cusco desaparecem.

Não senti uma "confluência de energias cósmicas", mas a cidadela "me mató": empoleirada em cima de um monte rodeado por montanhas ainda maiores, a canalização da água é escavada na e da pedra, tal como os templos, as casas, os silos, os socalcos ou as estruturas de observação astronómica. Lá em baixo, muito em baixo, correm regatos, que na verdade são rios que alimentam a central hidroeléctrica. Os trilhos incas marcam a face da montanha até à Porta do Sol, a entrada possível para gente e a entrada única dos raios da manhã do solstício.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Machu Picchu


Assim foi o primeiro dia de Machu Picchu.

De um momento para o outro, não se via nada, nada, absolutamente nada. Ficávamos completamente dentro das nuvens, e tudo o que sobrasse para fora do poncho-maravilha ficava molhado. E sobretudo frio. Depois as nuvens acotovelavam-se e abriam uma pequena clareira e tinha-se toda a cidadela por entre a neblina. Muito fotogénico, muito húmido, bastante oxigenado, um alívio em relação ao "soroche" (mal de altura) do Cusco.

Como toda a gente tinha os mesmos ponchos comprados aos mesmos vendedores à saída da estação, dava para nos dividirmos em equipas. "Ponchos amarelos, sigam para a esquerda; ponchos vermelhos, ala prá direita; malta do poncho azul, aqui comigo!", isto dito em voz de comando por um dos guias.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Pileta

Esta é provavelmente a minha palavra preferida do idioma espanhol falado na Argentina.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Uma achega ao design

É só mesmo uma achega, porque sobre o design e a sua relação (ou não) com a arte está a internet cheia de artigos (como a discussão recorrente no Foroalfa, em www.foroalfa.com).
O que é um bom design é uma questão cuja resposta tem variado ao longo da história da disciplina. Esta resposta já foi "um objecto de produção industrial que parece manufacturado" ou "um objecto cuja forma respeita totalmente a sua função". Hoje em dia, estamos perante a mudança do paradigma de design e a resposta é um pouco mais elaborada: o bom design é aquele que tem em conta a relação eficiente entre os factores económico, social e ambiental.

Design para os designers?

"Design para os designers" é como a Associação Nacional de Designers encerra o texto em que fala dos seus objectivos e planos para o futuro. Entre "reconhecer o exclusivo para o exercício da profissão a licenciados e diplomados" e "regulamentar e consciencializar para a obrigatoriedade da observância de regras ético/deontológicas", parece-me que a AND se fechou completamente à volta do seu próprio umbigo e se esqueceu do fundamental no design.
O design é para todos, menos para o designer. Se fosse para o designer, então não seria designer, mas sim artista. O design é uma ferramenta de trabalho para resolver problemas das pessoas (sejam problemas de comunicação gráfica ou de usabilidade), e não um atributo externo dos objectos. Ao contrário da arte, o objecto de design nasce de uma motivação externa ao sujeito. Por outras palavras, o designer - como o engenheiro - resolve problemas.
Dizer "design para os designers" remete para uma concepção distorcida de design, aquela que perpassa para a opinião pública. Fala-se de "objectos com design" (abrindo bem o "e" de "désaine") quando se pensa em mobília minimalista ou as cadeiras assinadas pelos famosos. Mas o design é aquele que não se vê, está nas BICs e nos clips e nessas invenções todas que nos facilitam tremendamente a vida. Isso é que é design.

Whatever

Gostava de saber porque é que os portugueses gostam tanto de dizer "whatever".
A mim faz-me lembrar uma pessoa com quem foi particularmente desagradável trabalhar. Cada vez que ouço esta palavra, lembro-me dele e tenho arrepios na espinha. Yuck.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006