terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Afinal é possível

O taxista que nos levou de casa até ao aeroporto de Ezeiza alvitrou, a meio caminho entre a cidade e o aeroporto, aquilo que tantos outros alvitram, com a pontaria que é comum a quase todos os outros.

Brasileiros ou italianos?

(suspiro imperceptível)

Ni uno, ni otro: portugueses!

E aí já estávamos preparados para o que é costume: o ser vizinho (por ter ascendência espanhola), o ter estado quase lá (porque viajaram a Espanha) ou então a vertente futebolística da coisa, com Cristianos Ronaldos, Dimarias e Aimares.

Mas não:

O meu apelido é português, é Coelho! O meu avô era português!

E daí em diante foi um desfiar de pérolas portuguesas, desde o nosso "pollo a la portuguesa" (que até hoje não sei como é confeccionado) até à canção popular que tinha manjericos a rimar com "aqui eu não fico" e, a dada altura, um "dá-me a tua mão". Eis senão quando o nosso taxista, uruguaio de Montevideo, neto de português, diz numa dicção perfeita o fonema impronunciável por quase todos os não-lusófonos: a "mão", a este taxista, saiu perfeita.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

É quase Natal!



E como tal, por cá preparam-se malas e ultimam-se detalhes pré-natalícios. Sobre a cama do quarto das visitas, tudo o que me fui lembrando que temos de levar. E já é muito! E ainda não é tudo...

Mas o importante é que nos próximos dias as circunstâncias extraordinárias que são estar em Portugal, a comer feijoada, a namorar com a sobrinha e a pôr a conversa em dia com pais, irmãs e amigos farão com que as minhas contribuições para o "Entre..." sejam mais esporádicas.

Assim sendo, a todos quantos por aqui passarem, desejo Boas Festas, sejam elas no frio ou no calor.

Até breve!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Quem vive numa cidade cosmopolita, tal como eu...

...pode ser que tenha a sorte que temos nós, os habitantes desta rua. Explico: o empregado municipal que aqui passa todas as manhãs, vulgo "varredor de rua", também é cantor. E não só é cantor como é um excelente cantor que não nos priva do prazer de o escutar. Enquanto trabalha, canta, enquanto canta, trabalha. E nós ouvimos. Eu ouço, pelo menos.

Sugeriram-me que gravasse a sua voz para a colocar aqui. Se conseguir ultrapassar as minhas limitações técnicas, assim o farei.

E lembrem-se: Carlos Gardel começou assim, enquanto trabalhava no mercado porteño do Abasto.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Grande concerto!

O palco estava instalado sobre umas escadas que vão do pátio até à entrada de um dos pavilhões onde se realizam espectáculos

Ao lado, a tal de pantalla onde eram projectadas as imagens de Liniers a pintar. Nesta música, "Hindue Blues", projectaram um quadro que o artista fez e ofereceu ao outro artista, o da música.

Na sexta-feira passada fomos a um concerto fabuloso: Kevin Johansen+The Nada+Liniers. As duas primeiras parcelas desta soma são os músicos; a segunda, um cartoonista, que está nos concertos a desenhar e a pintar ao vivo e a cores, para nosso deleite. Em cima da mesa dele instalam uma câmara e projectam essas imagens num ecrã gigante (já ia escrever "numa pantalla gigante", mas corrigi a tempo).

Ora como todos as letras das músicas são muito divertidas, as melodias e os arranjos das ditas são muito bons, a banda é excelente e todos, mas todos são rapazes muito bem dispostos, o concerto resultou em três horas de gargalhada sem parar e muitas cãibras nas bochechas.

A páginas tantas, e como relata aqui o próprio Liniers, e podem comprovar aqui em filminho no youtube, vocalista e cartoonista decidem inverter os papéis.

Quem segue o blog de Liniers sabe que ele tem uma guitarra desde o aniversário e que o pouco que sabe tocar não alcança para muito mais que um par de acordes do Knocking on heaven´s door... mas nem mesmo assim o rapaz se descaiu, para gáudio da plateia, que ria e aplaudia sem parar.

Não sei qual a agenda de concertos para o ano que vem, mas se alguém os apanhar numa cidade perto de si, é mesmo um concerto a não perder. Amanhã tocam em Asunción, no Paraguai, para o caso de interessar a algum destes leitores. Fora eu uma fã mais dedicada e lá estaria...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Claudine Caron

chez-Claudine.jpg

Nos idos de 2000 estava de viagem com um casal amigo, regressando a Lisboa depois de uma estadia no sul de França. Com algum receio disseram-me que teríamos de parar para visitar uma prima afastada que vivia numa aldeia perto da fronteira espanhola, que teríamos de lá ficar a dormir e que assim só chegaríamos a Lisboa um dia mais tarde. Foi coisa que não me preocupou, até porque para passeio estou sempre pronta.

A verdade é que essa noite em casa da prima foi um daqueles momentos em que a vida muda um bocadinho, ou talvez até muito. Ao princípio estava preocupada por me sentir vagamente intrusa pois a prima não sabia que eu estava a viajar com eles. Mas rapidamente se dissipou tal sensação: a conversa ao jantar e depois do jantar, a noite bem dormida, embalada pelo som do Atlântico ao alcance da mão e o pequeno-almoço do dia seguinte fizeram daquelas poucas horas um momento absolutamente inesquecível.

Quando cheguei a Lisboa, recebi uma carta da nossa anfitriã a perguntar-me porque não havia escrito no livro das visitas e a pedir-me para o fazer a posteriori. Fiz então esta ilustração, que lhe enviei numa cartinha para ela colar no livro.

A prima chamava-se Claudine Coron e morreu esta semana. Depois deste encontro, nunca mais a vi, mas também nunca mais a esqueci. Esta é a minha homenagem a esta pessoa que em tão pouco tempo me deixou uma impressão tão forte. Bem haja e que descanse em paz.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Argentinizada

Para além de já ter descartado o "tú" e só usar o "vos", eu cebo e bebo mate, digo buendía em vez de buenos días e nunca, por nunca ser uso a palavra c...er, que em Espanha serve para tudo, desde apanhar, agarrar ou tomar.

Mas, apesar de argentinizada, uma pessoa não esquece de onde vem e quem é português, português fica. É o que prova a imagem abaixo:

Pastéis de Feijão de Torres Vedras acompanhados de um mate amargo, à verdadeira gaúcha!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Ah, como é bom voltar a "casa"...

E por "casa", entre aspas, quero dizer "Brasil". Sim, ir ao Brasil é como voltar a casa. Porque é assim que me sinto quando vejo o mar, os telhados de telhas, a calçada portuguesa (não sei se no Brasil a chamam de "portuguesa"; por favor não levem a mal a minha falta de alternativa na nomenclatura!).

Apesar do tempo ruim, ou do mau tempo, para quem preferir, que isso agora era para estar de short e camiseta, como me garantiram as minhas fontes, os quase quatro dias passados no Rio foram... óptimos. Foram mesmo cheios de comida boa, de passeios melhores e da companhia dos amigos, o que faz de qualquer visita a outra cidade uma experiência inesquecível. Já da outra vez tinha sido maravilhoso e desta as altas expectativas que tinha não ficaram defraudadas.

Na quinta saímos daqui do centro da cidade, do Aeroparque, rumo ao aeroporto de Montevideo. Experimentámos voar pela Pluna e não nos desiludimos. A escala no Uruguai é muito curta mas faz-se sem problemas, dado que os passageiros são deixados numa mini-salinha (mini, mas bem apetrechada de Duty Free, não que eu seja fã) e os quarenta minutos de espera passam num instante.

Chegados ao Galeão, foi uma alegria poder falar português. Talvez de forma mais pausada, mas é óptimo poder falar a minha língua e ser compreendida, sem ter de estar sempre a traduzir.

saltinho no Museu em NiteróiSaltinho no Museu de Arte Moderna de Niterói, célebre projecto do Arquitecto Niemeyer. E muito fotogénico, não é?

o mítico orelhão O Paulinho telefona à C, num mítico orelhão de Ipanema.

decorações natalícias, brazilian style Decoração natalícia de montra de Ipanema. Quiçá o chinelo da Garota?

Visita ao Brasil, sobretudo se o tempo está mau e a praia não é a opção que mais ocupa o nosso tempo, não está completa sem falar da gastronomia. Ah, e aqui... aqui o Brasil tem cartas para dar, sobretudo com o déficit de oceano, peixe fresco e de saborzinho a feijão. Já para não falar nas sobremesas, apesar de ser mais chegada a salgados que a doces.

água de coco na praia, à noiteA água de coco não podia faltar, né não?

"A" feijoada no Bar do Mineiro, em Santa Teresa"A" Feijoada no Bar do Mineiro, no bairro de Santa Teresa. O bar, mais próximo de uma tasca que de um bar propriamente dito, estava cheio, cheio, o que só atesta a sua qualidade.

casquinha de siriCasquinha de Siri na Tia Penha, nos arredores do Rio.

bobó de camarãoBobó de camarão, também na Tia Penha. Resta-me referir que voou. Desapareceu. Evaporou. Foi-se. Em menos de nada.

queijinho de coalho na brasa, à beira da praiaQueijinho de coalho assado na brasa, à beira da praia. Sol, água de coco e queijinho que vem ter connosco? Pode-se desejar mais na vida?

Domingo de manhã o sol espreitou, ainda que de forma envergonhada, e pude molhar as pernas nas águas do Atlântico Sul, mais ao norte que Cariló. Vesti-me a preceito e tudo, mas depois o mar revolto e um fundão na rebentação actuaram como dissuasor aos meus desejos de um mergulho completo.

saltinho na praiaAh, a praia!!!! O oceano... o mar revolto, as ondas, a água fria, a espuma branca! É o meu déficit de mar a falar mais alto!

De "casa", voltámos a casa. Também foi bom chegar.

P.S. Faltam-me as fotografias para documentar a cocada. Mas, gente, eu não sou chegada a doces e olhem que com este não pude resistir! Mnham, mnham!