segunda-feira, 21 de junho de 2010

Hoje é um dia especial!

Para além de ser o dia do solstício, é também o dia de um aniversário muito especial! Cá deste lado do charco também vamos celebrar este número redondo. Parabéns!

Portugal! Portugal!

Levantámo-nos com as galinhas para acompanhar o jogo com a Coreia do Norte. Valeu bem a pena! Agora resta esperar o jogo com o gigante-Brasil... Em todo o caso, hoje impõe-se: Portugal! Portugal! Portugal!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morreu o homem, fica a obra

Morreu José Saramago. Já não era novo e não estava bem de saúde, segundo o jornal, portanto, não é propriamente uma notícia inesperada. Que descanse em paz e que a família se recomponha da sua perda, são os meus desejos.

Mas o que é importante aqui é que a sua obra fica, obra essa que vamos querer continuar a ler e reler porque os seus livros são, simplesmente, fora de série.

À procura de casa (a parte I de uma série, seguramente, bem longa)

Cá no Panamá usam-se as casas gigantes, sejam elas apartamentos ou vivendas, o que importa é que sejam muito grandes. Bem aproveitadas, nem por isso, o aproveitamento de espaço não é, claramente, uma prioridade. Influências norte-americanas? Espaço a mais? Não sei. A verdade é que todo e qualquer electrodoméstico é gigante e o espaço excessivo lá se vai preenchendo.

Nas nossas buscas de casa, um dos nossos requisitos é que tenha lugar para a máquina de lavar loiça. Ora aqui, esse requisito em particular é visto como uma excentricidade de europeus. Para quê uma máquina?

Já vimos casas com espaço de dois metros de largo para o frigorífico - e não exagero, dão para guardar até roupa e livros (e tudo o que nos aprouver). Fogões igualmente gigantes, fornos enormes, micro-ondas que ultrapassam tudo o que já tinha visto. Já para não falar nas máquinas de lavar e secar roupa - duas funções que até podiam estar na mesma máquina, mas para quê, se espaço não falta?

Agora: máquina de lavar loiça é que nem pensar. Isto porque, como já devem ter adivinhado, usa-se ter uma máquina humana para lavar a loiça, máquina essa que - nas casas que visitámos - é arrumada (ou seja, dorme e vive) num quartinho microscópico, a maioria das vezes sem janela nem ventilação.

Daí a minha frustração: casa gigante, sim; quarto de empregada, sim (uma bela arrecadação, no nosso caso); sítio para a máquina de lavar loiça? Nem pensar, até porque, como me disseram hoje, seria preciso mandar cortar o mármore da bancada!...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Bailoterapia

Decidi começar no Panamá uma actividade que ia começar em Buenos Aires, mas que nunca aconteceu. Afinal, como diz a minha amiga F., não há que deixar a vida para depois.

Recém-chegada à cidade, vi num cartaz "yoga y danza" e pensei que não era tarde, nem cedo, era mesmo o momento certo. Matriculei-me e comecei a ir às aulas de Bailoterapia, disciplina que eu desconhecia totalmente que existia mas que, ainda só com três semanas de aulas, já mostra o seu poderoso efeito.

Sempre me considerei bastante descoordenada. Digamos que tenho muito jeito para línguas e, vá, para pintar qualquer coisinha, mas chega à parte do movimento e ou é uma coisa bem bruta, ou então... enfim, delicadeza e graça no movimento não são atributos que possa dizer possuir.

(Pausa: estou aqui a pintar um quadro que também não corresponde totalmente à verdade. Nadei durante muitos anos e parecia um peixinho a deslizar pela água. Tão torpe - ah, nem Thorpe! - não sou. Termina a pausa, a gracinha, e voltamos à nossa programação habitual.)

Corrigindo, portanto: sempre me considerei descoordenada para dançar. Avisei o professor, não fosse ele estar à espera de um prodígio da salsa e do merengue, e ele desvalorizou. O que era necessário era pasarla bien.

Pois que "la" passo muito bem. Já descobri que quanto mais relaxar e menos olhar para os pés do professor, melhor acompanho a aula. E, claro, tenho que ignorar a companheira que dança tão exageradamente, meneia tanto a anca, que parece um caniche sob o efeito de crack.

Quanto à parte "baile" do étimo, não sei. Já a terapia, essa, funciona muito bem: saio de lá com um enorme sorriso e, chegada a noite, durmo como um bebé feliz.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O Tal Canal (parte I)

Confesso que não esperava que uma visita ao Canal do Panamá me entusiasmasse tanto, mas descobri que afinal os prodígios do engenho humano me fascinam.

A República do Panamá tem a particularidade de estar instalada na porção mais fina de todo o continente americano. Claro que isso talvez não fosse assim tão interessante se essa porção fininha, de 80km de espessura, se localizasse muito mais a norte ou muito mais a sul. Ir dar a volta ao Cabo Beagle, na Terra do Fogo, seria então um caminho só um bocadinho mais longo. Mas não: o Panamá situa-se precisamente no centro do continente, na porção de terra que liga a parte norte à parte sul. Se pensarmos no vitruviano, o Panamá está no umbigo, precisamente no umbigo do mundo.

(Pausa para a banda sonora, reminiscência dos anos de adolescência com o Jovanotti a cantar, em loop dentro da minha cabeça, o "ombelico del mondo". Fim da pausa musical.)

É por essa razão que o canal tem a importância estratégica que tem, porque encurta as rotas comerciais marítimas em várias dezenas de dias. E, para os panamianos, é talvez uma das principais fontes de rendimento do país.

Voltando à tal porção finita do continente americano, também conhecido por istmo, caracteriza-se por não estar toda ao mesmo nível: mais ou menos a meio do percurso que liga o mar das Caraíbas, no Oceano Atlântico, ao Pacífico, o terreno sobe alguns metros. Ora para vencer este obstáculo, foram criadas umas estruturas elevatórias chamadas de eclusas, que não são nada mais que pequenos compartimentos artificiais que se enchem ou esvaziam de água. Ao encher, o barco que lá está dentro sobe; ao esvaziar, o barco desce. Se estivéssemos a ver o canal de perfil, veríamos que a água das chuvas se acumula no Lago Gatún, um lago artificial provocado pela barragem com o mesmo nome. Esta água serve para alimentar então as eclusas, colocadas entre o lago e os dois oceanos, um de cada lado.

No dia em que fomos visitar o Canal, ou, mais precisamente, as Eclusas de Miraflores tivemos a sorte de ver a aproximação de dois navios, um em cada sentido, passando diante de nós precisamente ao mesmo tempo. O resto? Só visto, mesmo. E é bonito, quem diria?

Canal de Panamá: Eclusas de Miraflores
Do miradouro, olhando na direcção do Pacífico...

Canal de Panamá: Eclusas de Miraflores
...e na direcção do Atlântico.

Canal de Panamá: Eclusas de Miraflores
Chega um barco, vindo do Pacífico. A eclusa ainda está com pouca água...

Canal de Panamá: Eclusas de Miraflores
...como se pode ver aqui.

Canal de Panamá: Eclusas de Miraflores
A água flui do compartimento mais alto (à direita) para o mais baixo (à esquerda, onde está o navio) e as comportas abrem-se.

Canal de Panamá: Eclusas de Miraflores
O navio pode passar...

Canal de Panamá: Eclusas de Miraflores
...e seguir pra bingo, que é como quem diz, em direcção ao Atlântico!

Todas as fotos, aqui.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Estou que não posso!

Pode ser que os visitantes deste blog já tenham dado conta de um botãozinho aqui à direita. Ora espreitem. Estão a ver?

Pois é, na sexta-feira passada fiquei que não podia. Não é que alguém da equipa do Travelavenue.com achou que o meu blog era digno de entrar no grupo dos favoritos de 2010? É por isso, caros leitores, que estou que não posso. Que isto era só uma coisa para a família e os amigos. Que tinha só mão-cheia de leitores. E desses, alguns comentadores. Pois que afinal estou mesmo orgulhosa, extremamente babada e algo chatinha com o tema: aqui o "Entre..." está feliz.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A fiesta começa cedo

Os dias, cá, começam bem cedo. Levanto-me entre as 6h30 e as 7h da manhã todos os dias e o sol já vai alto. Já há muito movimento na rua e, como não está frio, não custa nada sair da cama e enfiar-me no duche. Pelo contrário, até sabe bem, para refrescar.

Ora pois que ontem, Domingo, me levantei em igual horário (e sem despertador) e deparei-me com um dia longuíssimo: que fazer às sete da manhã de Domingo? Vai que li, que tricotei, que isto e que aquilo e que às 9h, já depois do pequeno-almoço, decidimos subir à piscina no terraço.

Chegamos à área social do edifício (assim se chamam as instalações comuns, como ginásio - sim! -, piscina - hahã! - ou salão para eventos - tal qual leram), bem, como dizia, chegamos à área social do edifício e formulamos um vago desejo de encontrar a piscina vazia, ou pelo menos tranquilinha, para dar para ler mais umas páginas.

Mas os panameños são fiesteros e a fiesta começa cedo. Não sei a que horas terá acabado a festa no Sábado, mas posso afiançar que às 9h da manhã já se festejava com rum e whiskey e muita dança ao som de salsa.

Uma das conclusões possíveis é: people-watching é tão divertido.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Prodígio de organização? Hmmm...

ribbing

Para que conste, já comecei a fazer as prendas de Natal. Não que seja um prodígio de organização: sou é lenta, mesmo. E, além disso, não vale muito a pena tricotar para mim, dado que (e não me canso de repetir) agora vivo num país tropical.

terça-feira, 1 de junho de 2010

No filme das férias de outra pessoa

panama surreal

No Domingo passado queríamos ir visitar o Canal, mais concretamente as eclusas de Miraflores, mas enganámo-nos no caminho, atravessámos a Ponte das Américas e fomos parar ao meio da selva. Não selva urbana; selva da verdadeira. Da estradeca, entalada entre verde e mar, víamos pássaros exóticos a voar (vi um tucano!) e botecos à beira-mar a prometer peixes e mariscos de comer e chorar por mais.

Parámos num e entrámos num mundo paralelo: uma experiência surrealista proporcionada pelo sol a pique, um mar azul a perder de vista, ilhotas no horizonte e gente a dançar no meio das mesas ao som dos ritmos caribenhos que cá se ouvem, de preferência a todo o decibel.

O ceviche de polvo, esse, estava óptimo.