terça-feira, 31 de março de 2009

Sobre como os portugueses são nostálgicos e os brasileiros não

Um dos estereótipos que mais vezes ouço repetido é que os portugueses são nostálgicos e melancólicos, enquanto que os brasileiros são todo o oposto. A base para esta afirmação é, logicamente, o que cá chega destas duas culturas, a saber, o fado de Portugal e tudo o resto do Brasil.

Ontem, na aula de pintura, ouvia com atenção as letras de canções de Bossa Nova, canções que já ouvi tantas vezes, letras que sei de memória mas que talvez nunca tenha analisado à luz deste estereótipo. E pensei que os argentinos (e não só) falam tanto da nostalgia dos portugueses, comparando com a alegria dos brasileiros, claramente porque assentam a sua convicção num estereótipo que se vai reforçando e alimentando de si próprio.

Posto isto, cabe aqui então desmentir que nem toda a música portuguesa é fado (nem Madredeus, que a seu tempo também vinha constantemente à baila quando eu dizia ser portuguesa); nem todo o fado é triste (ora pensem na letra do Sr. Vinho e digam lá se não tenho razão) e, apesar de gostarmos de fado, nem só de fado vive um português.

Por outro lado, nem toda a música brasileira é animada e optimista, pois há muita poesia que fala da dor da separação, da nostalgia de se ser trocado por outra pessoa ou do sofrimento de se ser deixado para trás. Talvez esta seja uma reminiscência da herança portuguesa no Brasil, talvez, mas convenhamos que o Brasil já é independente há algum tempo e que Portugal não é o país do mundo mais conhecido pela exportação da sua cultura (ou sequer pela sua representação no estrangeiro) nos tempos que correm.

Imagino que muita gente saiba de que lado do oceano vem a letra que se segue. Não diminuindo nem um milímetro a beleza da sua poesia, acho que podemos concluir que é bastante (frisemos o bastante) triste e nostálgica:

Mais um adeus
Outra separação
Outra vez solidão
A ausência é um sofrimento

O amor é uma agonia
Vem de noite, vai de dia
É uma agonia
E de repente
Uma vontade de chorar

"Mais um adeus", letra de Vinicius de Moraes

terça-feira, 24 de março de 2009

Surpresas

Ainda antes da minha máquina virar impressionista, estava um dia a passear e a exercitar a minha nova visão quando me deparo com isto:



Por um momento, pareceu-me familiar e normal, até que me lembrei que estava na Argentina. Não só do outro lado do oceano, como também fora de zonas onde existem grandes comunidades portuguesas.

Olhei melhor e...



Vêem atrás? É a imagem da assimilação da imigração cá na Argentina e é também um pouco como me sinto, portuguesa por estas bandas. Com mais detalhe:

terça-feira, 17 de março de 2009

Impressionismo

A Ahimsa ganhou! Valha-nos o espírito optimista dela para fazer desta miopia electrónica uma coisa positiva. Ela é que tem razão, dêem-me os parabéns porque tenho uma máquina impressionista!

Para celebrar o facto, inicio aqui uma série de fotografias da minha "nova" máquina. Esta série poderá ser curta, mas também poderá ser longa. Esperemos que tenda para o primeiro caso, porque vou já esta tarde à assistência Sony.

Não é bem um Impression, soleil levant mas, com algum esforço...


...temos um Impression, Rodríguez Peña au midi.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Parece que uma de nós tinha de ser míope

Estou tão triste!

(vá, calma: electronicamente falando, estou triste; de resto, não estou triste, não senhora, a vida está até muito bem, sobretudo com a nova visão e também porque no Sábado almoçámos com a nossa amiga S., recuperada depois de tão dura doença. Força aí!)

Voltando à minha queixa: estou triste! A minha máquina fotográfica digital, que andava comigo para todo o lado, achou que uma de nós deveria continuar míope. Como não sou eu, agora é ela. Hoje ia fotografar o trabalho feito na aula de pintura e...



Alguém sabe o que lhe posso fazer para a ajudar? Não sei se o laser aqui funciona...

sexta-feira, 13 de março de 2009

summer is coming to an end

but it´s still warm to be outside sunbathing

summer

Não consigo estar muito tempo à frente do computador, sobretudo nos dias como hoje, de fim de Verão. Está calor, mas não muito; há nuvens no céu, mas não muitas; está uma brisa agradável.

Sobretudo tenho vontade de sair à rua para ver coisas, literalmente. Ver ao longe, então, é um sonho. Vou na rua e vejo os prédios; vejo cada janela e até vejo cortinados e candeeiros atrás dos vidros. Olho para longe e vejo tabuletas e números e mesteres e nomes de loja e leio tudo. Consigo ler tudo. Chego ao jardim e vejo árvores, folhas, ramos com uma nitidez desconhecida para mim. Olho para baixo e vejo pequenos fragmentos de folhas e de flores a moverem-se sozinhos; espreito, e vejo as formigas por baixo, atarefadas a trabalhar para o Inverno que se avizinha. Passa uma borboleta por mim e é laranja com pintinhas pretas - e eu vejo-as.

Este presente em forma de visão renovada é... é maior do que eu posso sequer verbalizar. Não que eu vivesse mal com as minhas dioptrias e os meus óculos permanentemente dedados e gordurosos, por muito que os limpasse. Mas assim, depois de verdadeiramente ver a luz, a vida é diferente.

Quem tiver dúvidas quanto à operação laser aos olhos, perca-as. A mim mudou-me a vida.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Chic Gamine

Costumo ser a última a ouvir falar de novidades musicais e portanto já toda a gente deve conhecer esta pérola com que me encontrei hoje. Estava num podcast que estava a ouvir hoje ("Definitely Not the Opera", para o caso de não conseguir fazer deste texto uma hiperligação) e fiquei hipnotizada. É que este quinteto não usa instrumentos, só voz e percussão. Chamam-se Chic Gamine e são o máximo. Ora ouçam!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Predisposición laboral

Predisposición laboral

Predisposição laboral não é coisa que todos os candidatos a um trabalho tenham, ok?

Ensaimada sanpedrina

Ensaimada Sanpedrina

Quem me conhece sabe que eu não sou rapariga de doces. Exceptuando o chocolate (o mais escuro possível, se faz favor!), não sou assim muito fã. Gosto de alguns doces menos doces, como aqueles algarvios em forma de fruta. Dispenso os fios de ovos do interior, mas se vierem, bem, também não é o fim do mundo. (Só não consigo mesmo comer os que têm forma de gamba. Não dá.)

Ora bem, o preâmbulo serve para dizer que, apesar de não gostar de doces, gostei muito da ensaimada sanpedrina que, para as gentes de San Pedro, é mallorquina. Tem forma de focaccia, massa parecida à da bola de Berlim e, no seu interior, creme de pasteleiro ou doce de leite. Preferimos o primeiro, porque entre um e outro o creme de pasteleiro ainda consegue ser menos doce.

Contrariamente a tudo o que eu poderia esperar, gostei da ensaimada. A textura da massa é muito leve, a massa praticamente não é doce e o creme de pasteleiro estava com uma textura muito agradável. Pelo tamanho da porção, é um doce para partilhar com alguém.

Acreditem, a mais surpreendida aqui fui eu.

One eyed Billy

Making of IF Breeze_05

Ontem, apesar de ter a visão totalmente descompensada por ter um olho a ver bem e o outro mal, pus-me a fazer uma ilustração em papel cortado. Documentei todo o processo e a respectiva série de fotografias está To check it out, click aqui. Espero que gostem!

A história do olho: fui fazer a correcção laser da miopia. O médico decidiu fazer um olho de cada vez e, apesar de ter começado pelo meu olho pior, a verdade é que me sinto a navegar num mar de nevoeiro quando tenho os dois olhos abertos ao mesmo tempo. Enfim, é uma semana em versão "one-eyed-Billy" (como nos Goonies) e na próxima segunda já tudo deverá estar bem. Mas olhem que é uma emoção ver anulados, em cinco minutos, mais de vinte anos de óculos, de distâncias nebulosas, de vistas cansadas. Viva o raio laser! Tenho ali os óculos pousados na mesa de cabeceira sem saber o que lhes fazer...