segunda-feira, 30 de abril de 2007

Particularidades do castelhano argentino

Se há coisa de que gosto é das pequenas minudências linguísticas que se vão apreendendo ao longo de uma estadia num país. E, claro, na estadia hospitalar pude apanhar algumas delas, logicamente dentro de uma temática difícil de encontrar em qualquer outro sítio.

É engraçado como o espanhol argentino está mais perto do português de Portugal que o espanhol de Espanha. Por exemplo, diz-se "casamiento" cá, em vez da "boda" espanhola. Mas a grande curiosidade, para mim, é quando cá se usam expressões parecidas a algumas caídas em desuso em Portugal.

Um exemplo desses, ganho logo no primeiro dia de hospital, é a expressão ir de cuerpo. Perguntavam-me sobre ir de cuerpo e eu fazia um scan mental e nada. Até que me lembrei do meu Pai contar que a sua Mãe dizia dar de corpo quando se falava em "fazer cocó". Significa isto que na Argentina se usa uma expressão semelhante a uma utilizada pela minha Avó da Beira Baixa! É lindo!

Por que caminhos terá esta expressão - bem metafórica - migrado?

sexta-feira, 27 de abril de 2007

De volta

Chiiii... que maneira de começar a experiência porteña...

Estou de volta a casa após duas semanas de internamento no Hospital Alemán de Buenos Aires. Tinha que ser a minha tripa a pregar-nos uma partida!

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Colectivo 93

Confesso que estava um pouco receosa relativamente à "experiência autocarro" em Buenos Aires. Têm um ar antigo, barulhento e, sobretudo, não há em lado algum a indicação do trajecto. São colectivos para iniciados.

Hoje foi o dia de passar esta prova e apanhei, conforme indicações de uma das companheiras de almoço, o 93, que vinha directo de Palermo para a Recoleta. Claro está que ninguém sabe (ninguém que nunca tenha andado!) onde é a paragem na Recoleta... mas cheguei! Saí numa paragem mais à frente, evidentemente falhei a mais próxima, mas cheguei.

E o melhor é que os autocarros cá têm pelo menos dois aspectos onde batem os da Carris aos pontos: são baratos (80 cêntimos de peso... qualquer coisa como 20 cêntimos de euro) e passam cada... sei lá, 30 segundos? É incrível! Enquanto me despedia das pessoas com quem almocei passaram dois (e não foi uma despedida à portuguesa em que ficamos mais meia-hora à conversa à porta); depois atravessei a estrada e preparava-me para uma espera valente quando apareceu novo autocarro. Já lá dentro, avançámos uns metros e fomos ultrapassados pelo seguinte.

Não há horários de autocarros. Para quê, se passam com tanta frequência?

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Irifune

Só para dizer que me reconciliei com o sushi, graças à perseverança do Paulinho e à mestria destes senhores:
Ah, como é difícil não fazer uma piadita parva com o nome do restaurante!

terça-feira, 10 de abril de 2007

Que dificil e pagar

Na Argentina, o mais difícil no processo da compra é o pagamento. E não é que as coisas sejam particularmente caras. É porque é mesmo difícil pagá-las.

Ontem vivi mais um episódio que fortalece esta minha teoria. Fui ao supermercado (a escolha da hora não ajudou, é certo) comprar "umas coisinhas" que me faltavam para o jantar. Em dez minutos tinha reunido o que me faltava. Começou o dilema: qual das caixas escolher? Não só porque cada caixa aparenta ter uma especificidade ("pagamento com cartão? hmmm... não"; "envíos a domicilio? hmmm, também não, levo eu", "embarazadas y discapacitados? pois, não estou nem sou, digo eu, mas ainda que estivesse ou fosse, seria para pagar com cartão ou dinheiro dava?", "caja rápida, menos de 10 unidades? rápida não parece ser, tem filas até à charcutaria... e eu tenho para aí 11 unidades, não dá") como também em nenhum lado há troco. É que não há troco de nada, não é propriamente de pagar uma despesa de 10 pesos com uma nota de 500 (nem sei se há nota com valor tão alto, mas vá).

Esperei, esperei... olhava para as pessoas e ninguém - repito, ninguém! - se enervava! Que mistério! Concluí portanto que quem vai ao supermercado em Buenos Aires à hora de ponta tem mais paciência do que quem aguenta o trânsito do IC19 ou da ponte diariamente. Aparentemente todos sabem o que vão encontrar pelo caminho (trânsito), mas a malta de cá é nitidamente mais tranquila.

Finalmente, após trinta ou quarenta minutos (!!!), chegou a minha vez. A minha despesa era de trinta e poucos pesos, dei uma nota de cinquenta. E aí compreendi a causa da demora:

"Algo más chico, tenés?"

Ora vamos lá ver, algo más chico do que uma nota de 50... então só se fosse 10. E 10 não dava para pagar a despesa de 30 e tal. E, bem, eu tinha dado uma nota de 50 porque - justamente - não tinha dinheiro trocado.

Chama supervisora, pede troco à supervisora. Esperamos supervisora, que é chamada por não sei quantos caixas ao mesmo tempo. Sim, porque há que relembrar que era hora de ponta. E à hora de ponta não havia troco nas caixas. Conclusão: quem trocou o dinheiro foi o cliente que estava atrás, que lá fez o jeitinho.

A coisa boa é que neste supermercado há queijo fumado. Só por isso, já vale a pena.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Divino Suspiro

Palavras para quê?

Buenos Aires

Depois de uma viagem (felizmente) sem história, cá estou no ameno Outono porteño. Tenho as janelas abertas, estou de T-shirt e não está frio. Que bem que sabe.