sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Calendário do Advento, dia 17

Orange spongecake with chocolate

2010 foi um ano de muitas mudanças, nomeadamente a de casa, país e cultura. Foi um ano muito difícil e trabalhoso, e - apesar das muitas viagens - praticamente sem férias.

Já tenho as malas feitas, os presentes (feitos à mão!) terminados, os trabalhos fechados, tudo despachadinho para ir, tranquilamente e sem sequer levar o tricot, de férias.

O bolo da foto já foi, claro está, mas parece-me ser uma boa fotografia para ilustrar este post em que me despeço até para o ano e desejo a todos um óptimo Natal e um 2011 muito bom.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Calendário do Advento, dia 11





Estamos todos de acordo em relação à qualidade das fotografias: não são as coisas mailindas que já vimos à face da Terra. E quanto à decoração natalícia da cidade? Será que estamos de acordo?

Assim se faz o Natal no Panamá.

(E, em memória do jornalista Carlos Pinto Coelho, vamos todos cantar aquela melodia do final do "Acontece".)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Calendário do Advento, dia 7


Apesar de estes floquinhos nada terem que ver com a situação que vivo neste momento - a muita precipitação, lá fora, é mesmo em estado líquido - o número de Dezembro da zine tem uns quantos lá postos. Enquanto não está pronta, aqui fica a amostra.

Hoje finalmente comecei a sentir o espírito natalício (confesso que o calor não ajuda): ouvi uma canção de Natal e a história por detrás da sua criação, olhei para os floquinhos, pensei em chocolate quente, tricot e sobrinhas para aquecer o coração e fiquei contente por saber que em breve estarei em Lisboa.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Calendário do Advento, dia 4, ou "tradições natalícias de outras partes")

No Sábado passado fomos convidados para ir rebentar a tradicional piñata navideña. Não tirei fotografias, mas aqui poderão ver o respectivo aspecto.

Assim, sem saber ler nem escrever, partimos nós para a festa da piñata, na total ignorância sobre o que esperar - e mesmo sobre o que levar.

Chegámos a um dos muitos condomínios fechados de Costa del Este - que praticamente parecia uma aldeia do Natal, já que as casas todas iguais tinham quase todas renas, trenós e senhore de vermelho insufláveis por todos os lados. Ali, sim, já se vive o Natal, como que ignorando pacificamente o calor que o Pai Natal deve estar a passar com aquele traje vermelho tão abrigado.

Quando chegámos a casa do nosso anfitrião deparámo-nos com uma imensa festa, com gente muito aperaltada, DJ e grandes colunas e, no meio, a famosa piñata.

O significado da dita é muito interessante e curioso: tem sete picos, que representam os sete pecados mortais (alguém os sabe enumerar?). Uma pessoa de olhos vendados (símbolo de fé) usa um pau - a ferramenta de Deus para combater os pecados - para rebentar a piñata. Quando isso acontece, de dentro saem os frutos da erradicação dos pecados. Neste caso, saíram pequenos brinquedos (bolas, apitos e ioiôs) e muitos doces (chocolates e pastilhas elásticas). Diria mesmo que estes frutos originam o pecado da gula!

Mas a gula-gula, que é como quem diz a "gula-guleira", veio mesmo com o jantar, que estava perfeitamente delicioso. Os anfitriões, mexicanos, convidaram-nos a todos para um convívio de tacos, com as famosas tortilhas de milho e diversos recheios para as acompanhar. O mole (febras de frango em molho de chocolate) estava de lamber as pontas dos dedos e chorar por mais e o puré de feijão era pura poesia. A guacamole estava também deliciosa - e como não gostar de uma boa guacamole, ainda por cima feita por quem a sabe mesmo fazer.

A sobremesa fez-me lembrar Portugal: uma magnífico arroz doce tal qual o da minha mãe, assim humidinho e com os grãozinhos de arroz agulha bem al dente. Delícia total.

Depois de todas estas tentações - e todos sabemos que a comida mexicana não é conhecida por ser levezinha e dietética - só mesmo um passinho de dança para fazer descer a refeição.

Os nossos anfitriões também são ávidos coleccionadores de presépios, todos expostos: o mexicano, uma árvore da vida, foi o meu favorito. E sabem que o menino Jesus, nestes presépios centro-americanos, não está agarrado à manjedoura? A explicação é simples: ele só é lá colocado na noite de Natal, deitado sobre uma caminha de algodão feita com as boas acções das crianças da casa. Não sei se ainda é assim nos presépios tradicionais portugueses, mas desconhecia este costume.

Apesar do calor que se faz sentir, sinto muito mais a presença do Natal aqui no Panamá que na Argentina. Curioso, não é?

(E, para quem celebra, feliz Hanukkah!)

Calendário do Advento, dia 2

Não sendo propriamente a imagem mais natalícia que já vimos em todas as nossas vidas, foi este o panorama do passado dia 2 de Dezembro. Agora falta esclarecer que este panorama não é excepcional: isto acontece muito frequentemente. Num país tropical, onde chove tanto, não entendo como é que aos três pingos caídos se inundam assim algumas partes da cidade.

Como diria alguém que sabe muito mais que eu: é a vida, menina, o que é que se há-de fazer?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Calendário do Advento, dia 1

Estrela

Porque já estamos em Dezembro e o Natal se aproxima, uma estrelinha - fotografada durante o passeio pelas rochas na Ilha Iguana, Pedasí - para alegrar os nossos dias.

(Dezembro, já?!)

Coisas que eu cá sei

Hoje descobri bolor debaixo da cama, nas ripas do estrado e na parte de baixo do colchão.

Veredicto? Que nojo. Nojo, nojo, nojo.

Aqui no Panamá travamos uma corrida contra a humidade. Já perdi, nesta corrida, uma camisa. Botas e sapatos de Inverno foram limpos e apanharam sol, e no Natal vão direitinhos para Portugal, sem passar pela casa da partida nem receber dois contos.

O problema é o colchão, que é um portento de peso e de conforto e que é uma pena se se estraga. De momento, apanha sol na varanda. Vejamos se resulta.

Com 95% de humidade relativa todos os dias, o panorama é este.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pedasí

Como se chamará esta praia?

Este fim-de-semana foi prolongado aqui por estas paragens e então decidimos partir à descoberta de Pedasí, em alegre companha. Fomos com alguns portugueses que estão cá, todos mais ou menos na mesma situação que nós. E assim fomos, oito adultos, quatro crianças, quatro carros, creio que mais que um leitor de DVD, uma gigante garrafa de rum e várias de coca-cola, por esses caminhos do Panamá.

Pedasí fica na costa do Pacífico, a cerca de 300km da Cidade do Panamá. A viagem demora entre quatro e cinco horas, dependendo do número de paragens necessárias para aguentar a jornada. Até Divisa, o caminho é feito em "auto-estrada" - as aspas referem-se ao mau traçado, ao péssimo pavimento, à sinalização praticamente inexistente e ao facto de a estrada passar no meio das povoações. Em Divisa, faz-se o desvio para sul e entra-se na porção de território panamenho designada por Península de Azuero. A estrada é nacional, bastante boa na maioria do seu trajecto, mas com buracos e obras noutras partes. Enfim, por alguma razão nos recomendaram muito que comprássemos um carro com tracção às quatro rodas - e foi o melhor que fizemos.

Adiante. Pedasí é uma aldeia pequenina e arranjadinha, bonita e acolhedora, cheia de alojamentos turísticos rústicos e bem integrados na paisagem. Nas praias à volta da aldeia encontram-se os aldeamentos turísticos: uns em construção; outros já construídos. Todos os que vi - mas todos mesmo - muito bonitos e arranjados, com uma arquitectura bem integrada na paisagem. No nosso caso, ficámos muito bem instalados nos Azuero Ocean Lofts. A dois passinhos de uma praia deserta bem batida de ondas, com uma piscina, pequena mas agradável, e uma integração na paisagem muito cuidada, este lugar é muito recomendável. Fica a uns 10km da aldeia (e, por conseguinte, dos restaurantes), mas é muito tranquilo.

Playa Arenal, Pedasí, Panamá

As praias são quase exclusivamente de areia escura, exceptuando as da maravilhosa Ilha Iguana, reserva natural acessível por lancha. Aqui existe um banco de coral que aparentemente é muito raro nas costas do Pacífico e, por essa razão, a areia é um pó branquinho e delicioso, aqui e ali salpicada por pedaços grandes de coral que fazem uma "exfoliação" talvez um pouco brusca. Chamemos-lhe exfoliação, portanto, e ninguém precisa de saber os palavrões que me passaram pela cabeça quando os pisei, inadvertidamente.


going to Isla Iguana, near Pedasí, Panamá

Por ser Domingo, a ilha tinha muita freguesia - e ter freguesia, aqui, significa música aos berros e toda, mas toda a gente de cerveja ou outra bebida na mão. Jogar às raquetes? Isso é coisa de portugueses frouxinhos...!

É uma ilha bonita, sim, senhores leitores, mas é também vítima de um mal muito local, que é o lixo por todo o lado. Lixo no meio do bosque, lixo a flutuar na água. É um horror, mas parece-me que é um fenómeno panamenho: não há abundância de caixotes de lixo nem prevalece a cultura de cuidar o património, começando por não sujar.

The best meal of the weekend: fish with patacón

Mudando radicalmente de tema para coisas bem mais interessantes, vamos ao que interessa: a comida. O peixe é fresco, fresquinho, e até na choça à beira da praia se serve um prato bem servido de filetes de peixe com patacón. Foi, muito provavelmente, a melhor refeição do fim-de-semana.

Em Pedasí urbano temos o Isla Iguana (bom peixe, sim, senhores, umas amêijoas com alho e gengibre bem deliciosas) e o Pasta e Vino (pasta despretensiosa e bem confeccionada, a preços justos).

Um bom fim-de-semana, óptimo para sair da cidade e descansar. Até parece que estive de férias!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O número de Novembro já anda no ar!

"We´re in Panama!" issue #6, November 2010

Ora para quem não se apercebeu, ali para as bandas do meu outro blog já foi lançado o número de Novembro da zine. Desta vez com pedido especial! Explico: vou fazer uma apresentação sobre a zine aqui no Panamá e gostaria de ter fotografias da zine tiradas pelos leitores: quer sejam "zine parties" ou leituras mais tranquilas, mandem-me as vossas fotografias da zine pelo mundo. As melhores serão publicadas aqui e incluídas na apresentação.

Obrigada!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Entre o Panamá e Buenos Aires

Floralis Generica, Buenos Aires

Seis meses depois da partida, voltei a Buenos Aires para cinco dias de jacarandás em flor, muitos passeios a pé e muitos, muitos mimos das amizades que fiz nos meus anos por lá. Não visitei nenhum museu (e olá se tenho um déficit de cultura) nem conheci lugares novos, mas revi os meus preferidos (como a flor, acima) e, sobretudo, sentei-me à sombra lilás que agora inunda a cidade. Novembro é o meu mês preferido em Buenos Aires, e tive a sorte de lá poder ir.

Passei pela minha antiga rua e falei com a minha querida porteira - e amiga; visitei o ginásio e falei com as companheiras de sofrimento na aula de pilates. Revi tricotadeiras e partilhei chazinho e bolo; visitei a minha antiga aula de pintura, cheguei no intervalo e daí passámos ao chá, do primeiro chá ao segundo, e do segundo ao jantar.

Visiting my former painting class

Notei a louca inflação, que duplicou preços entre Maio e Novembro; vi as mudanças na demografia da noite, alguns restaurantes fechados e muito menos gente nos restaurantes da moda. Jantar fora está muito caro.

Iglesia del Pilar, Buenos Aires

Adorei não ter calor de noite nem sentir humidade no ar. E sobretudo - ou apesar de tudo - adorei a sensação de voltar a casa, uma casa que já foi minha, já não é minha, mas sempre estará no meu coração.

Nos vemos!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Depois das estrelas no céu...

Estrelas do mar em Bocas del Toro, Panamá

Estrelas do mar em Bocas del Toro, Panamá

Estrelas do mar em Bocas del Toro, Panamá

...umas estrelas no mar, só porque sim.

Estas estrelinhas vivem alegremente na praia apropriadamente denominada de "praia das estrelas do mar", na Isla Colón, no arquipélago de Bocas del Toro, aqui mesmo no Panamá.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mais uma estrela no céu

Pensava eu que ia passar uns ociosos 5 dias em que podia escolher alegremente as actividades que me aprouvessem: ora costura, ora tricot, ora pintura... enfim, o que me apetecesse, quando me apetecesse.

Mas não. Surgiu um trabalho, adiantaram-me uma entrega, e como tal estive alegremente no expediente como se de dias normais se tratassem. Não me queixo, mas digamos que não era bem o que eu tinha organizado.

A pior notícia foi, infelizmente, a da morte do pequeno Afonso, filho de ex-colegas da escola, de uma leucemia que o atacou forte e feio. Fiquei muito triste - não sendo mãe, senti-me também um pouco mãe ao chorar a partida desta criança. Lembrei-me de todos os amigos que partiram antes do tempo e que tanta saudade deixaram. E lembrei-me também dos sobreviventes, que felizmente vão sendo muitos, e que cuja presença alegra os nossos dias.

O Afonso morreu mas o seu legado - graças à sua boa-disposição e aos esforços férreos da sua mãe e demais família - é o de o nosso país ser agora o quarto, a nível mundial!, em número de dadores de medula. Gente, somos só dez milhões, mas somos o quarto país! Graças ao Afonso e família, e graças também a todos os outros que se dão ao trabalho de organizar, dinamizar, difundir acções de recolha e à disponibilidade das equipas móveis. Todos, todos perdemos um lutador, mas todos, todos nos solidarizamos com esta causa. Isto é o melhor que tem o ser humano - e nós, nem sempre, mas muitas vezes, somos assim.

Afonso, serás recordado. Graça, um grande, grande abraço.

(Aqui, a notícia no telejornal.)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quando um bom insulto vem mesmo a jeito

Quase todos os feriados panamenhos se concentram precisamente esta semana. Tudo, tudo fecha para celebrar as festas da nacionalidade, das independências primeiro da Espanha e depois da Colômbia.

Sabendo isso, no fim-de-semana passado fui comprar uns tecidos que tinha debaixo de mira para poder realizar uns determinados lavores femininos. Umas fronhas para as almofadas do sofá, uns guardanapos bem giros, enfim, coisas bastante adequadas às minhas capacidades costureiras inciantes.

De maneira que assim fomos os dois, alegremente, até uma loja num bairro do centro que tem estes tecidos com motivos tradicionais dos índios Kuna - não que a loja seja de índios Kuna, essa é outra história.

A compra processa-se assim: somos perseguidos por uma das assistentes enquanto escolhemos - se temos sorte, a perseguição é simpática. Escolhemos, ela corta, escreve o valor num papelinho, e deixa mercadoria e respectivo papelinho num balcão onde uma outra pessoa chama o freguês por "de quem são estes cortes de tecido?". Pagamos, a pessoa ensaca a mercadoria e siga para bingo.

Ora parece que cá há uma certa tendência para enfiar tudo em sacos de plástico, mas daqueles que nem sequer têm asas nem nada, fechá-los, e agrafar-lhes o talão de caixa. Porquê? Porque la mercancía tiene que salir de la tienda así. Eu agradeci mas disse que não queria o saco de plástico, que tinha um saco perfeitamente aceitável comigo. Além disso, tendo o talão comigo já provava que tinha pago os tecidos, certo?

Que no, que no, que no. Seguiu-se uma tentativa minha de lhe explicar que não queria o saco porque não era ecológico nem fazia sentido, ao que ele respondeu a mítica frase:

Yo no soy ecologista. E soltou uma risada.

Embalou tudo, agrafou, e deu-me o pacote. Eu estava incrédula, só conseguia repetir que não era ecologista, que era palerma. O Príncipe segurava-me a mão e puxava-me gentilmente para fora da loja.

Como o próprio Príncipe disse nesse momento, não há como o espanhol rioplatense (leia-se: "argentino") para insultar alguém. E se os anos em Buenos Aires me deixaram alguma coisa - para além do sotaque portenho -, foi esse tipo de vocabulário.

Ah, alívio.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Da primeira vez que me perguntaram:

Como amaneció?

Olhei pela janela, vi as nuvens cinzentas, a chuva que caía, e respondi, encolhendo os ombros, que estava a chover.

Só depois entendi que essa é a forma dos colombianos se cumprimentarem e de perguntarem como estamos e se dormimos bem.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Medellín, considerações gerais

Downtown Medellín

Fomos a Medellín e vim de lá encantada, apaixonada, enamorada, praticamente cidadã honorária. Depois da nossa primeira viagem à Colômbia, em 2007, já esperava uma magnífica surpresa da parte da cidade com a pior - e mais desactualizada - fama de todo o mundo. E assim foi.

Botero sculptures in Plaza Berrío, Medellín

Esqueçam os dias negros do narcotráfico, do perigo atrás de cada esquina, da ameaça de Pablo Escobar e toda a sua entourage. A Medellín - "Mededjin" no dizer local - de hoje é uma cidade do século XXI, o exemplo claro de que as coisas podem mudar para melhor, havendo vontade e compromisso dos cidadãos.

Passemos aos dados práticos: situada a 1540m de altitude, num vale da Cordilheira Andina, a cidade goza da fama de ter a eterna Primavera, porque a temperatura nunca sobe muito nem desce demasiado. Tem um clima tão agradável que, quando começa a ficar calor, vem logo uma chuvada refrescar o ambiente.

A cidade é servida por dois aeroportos, sendo que o novo, internacional, dista uns 40 minutos em estrada de montanha do centro. O custo de vida é mais alto que no Panamá - o hambúrguer que aqui custa 7 ou 8 dólares lá custa quase o dobro. Não obstante, tem um sistema de transporte público metropolitano, o Metro de Medellín, que assume a forma de comboio de superfície na maioria da sua rede. No centro, circula sobre viadutos; e nas encostas para as montanhas envolventes, transforma-se em teleférico. Estas estações estão localizadas em bairros maioritariamente informais, e por isso não só são marcos arquitectónicos como também sociais, já que permitem um acesso fácil ao centro da cidade.

Metrocable, Medellín

De entre os museus da cidade, visitámos o de Antioquia, na Plaza Berrío (a antiga Plaza Mayor), e o de Arte Moderna. Ambos são muito bons, mas o meu coração derreteu-se completamente no primeiro, que, no seu estilo Art Déco, aproveita as imensas vantagens do perpétuo clima primaveril da cidade. E mais: tem entrada livre!

O mais emocionante da cidade é, na minha opinião, o amor que os seus habitantes nutrem por ela: não há um papel no chão, os equipamentos públicos são usados e muito estimados e as pessoas são amáveis e corteses.

Museo de Antioquia, Medellín

Quero a minha faixa de cidadã honorária de Medellín!

(Mais fotos aqui.)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Bem-vindos à Europa!

Avenida 24 de Julho. Ambas as fotografias são de Christophe Sauvage.

Este pode parecer um título estranho para um post aqui no "Entre...", mas tem uma razão de ser. Os lisboetas que lêem este blogue talvez já tenham reparado que de há uns dias para cá há uns mupis muito curiosos por essas ruas fora. Trata-se de um projecto artístico de nome "Bem-vindo à Europa" (ora cá está) e que se tem desdobrado por várias iniciativas.

Calçada dos Mestres

Uma delas, a que me faz aqui escrever, é uma fabulosa oferta de emprego. Tanto a descrição do perfil do candidato como a das funções dariam grandes gargalhadas, não fossem elas tão ironicamente certeiras.

Na minha opinião, este projecto é um dos mais interessantes, mais ricos e mais bem sustentados em termos conceptuais que vi nos últimos tempos. Os textos são observações que põem o dedo na ferida de uma forma irónica, sempre na fina fronteira entre comédia e tragédia. Texto e imagem dialogam de uma forma subtil para reforçar a mensagem que o artista nos quer passar - e deixam-nos sempre a pensar.

Christophe-Paul Sauvage, o artista em questão, conta tudo no site dele, "Ajudem o Artista", e promete mais novidades para breve. Agradece a ajuda de todos, mas nós também: é sempre bom depararmo-nos com uma mensagem que nos faz pensar.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Inaugurámos a casa e estreámos a varanda


E foi assim que no Domingo passado estreámos a nossa casa panamenha. Ainda sem conseguir aceitar o lixo que voa do prédio ao lado e que às vezes me aterra na varanda, nem me ter adaptado à falta de passeios para caminhar e de semáforos para atravessar a estrada.

Agora já cá estamos mesmo, de armas e bagagens e de roupa de Inverno guardada em caixas, cheios de saquetas absorventes de humidade.

Estamos no Panamá, circulamos numa carrinha quatro por quatro com vidros fumados e com o ar condicionado a bombar. Parecendo que não, a estrada inunda-se à mínima pancada de água - e olá se chove -, o sol é inclemente quando espreita - e de vez em quando espreita com força - e ao nível da rua está um calor que não se pode. Será a falta de sombra - e de árvores -, será o calor a ser reflectido pelo macadame das estradas? Não sei, tudo isso e mais qualquer coisa.

No meio de todo este universo que me rodeia e com o qual (ainda?) não me identifico, encontramos alguns oásis de muita alegria, como o sumo de ananás natural, o chocolate de agricultura biológica, conhecer pessoas muito diferentes de nós - e tão parecidas connosco! - e fazer novos amigos de muitos países diferentes.

Diz que é isto, a emigração.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ele há dias...

Sleepy aunt and a Princess
...em que temos modelos mesmo muito bons para desenhar. Uns porque dormem, outros porque estão de olhos vidrados na televisão (ou no ecrã do computador da tia, como é o caso), fazem com que desenhá-los (ou "copiá-los", na terminologia de certa pessoinha pequena-grande aqui representada) seja um autêntico prazer.

Lembro-me de um pedido - que terei de acrescentar à minha lista de afazeres para o período natalício: Bilocas, fazes outra cópia no teu caderninho para não te esqueceres de mim?

(Como é que eu me vou esquecer de ti?)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Natal é quando um Príncipe quiser

O Pai Natal trouxe-me um brinquedo novo e eu ando encantada.

When Christmas comes early...
(o meu blogue fica ou não fica lindo aqui no iPad?)

Tenho ouvido assiduamente os podcasts do Praia das Maçãs, mas aceito qualquer sugestão que me queiram fazer quanto a aplicações - das chiras, claro - para pôr aqui no meu brinquedo. Obrigada!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Zinices

Um dos aspectos mais divertidos de escrever, ilustrar e publicar periodicamente uma zine é ouvir as reacções das pessoas. Primeiro, porque os leitores levam cada número muito mais longe do que eu podia imaginar (literal e metaforicamente); depois porque me contam a forma como exploraram a leitura - e no fim quem fica a ganhar, claramente, sou eu.

Uma leitora e comentadora deste blogue mandou-me um mail onde me conta as suas "zine parties" com a sobrinhada. Com a respectiva autorização, transcrevo aqui parte do e-mail que me enviou a relatar as actividades desenvolvidas a partir da leitura da edição de Setembro:

"[...]Cada um tinha uma cartolina A3 colorida, dobrada ao meio e na capa colaram o mapa. Abrindo a cartolina vão recortar e arrumar os objectos nas partes da casa que escolherem. E podemos desenhar as salas?... perguntas que revelam interesse. Disse que dava prémios ao trabalho."

Giro, não é? O Príncipe até me sugeriu que fizesse uma adenda com uma planta, ideia dada por estes meninos muito criativos.

O e-mail termina com:

"Espero que a autora do projecto Zine não me peça "royalties" por alterar o original."

Pois que não peço, não! É com muita alegria que fico a saber que a zine é lida, "actividada" e vivida, e eu é que agradeço por me escreverem a contar estas histórias deliciosas. Bem haja!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Finalmente, casa

Home.

Os nossos móveis chegaram. Após quatro meses e meio, ou devo dizer, após longuíssimos quatro meses e meio, temos uma casa que começa a parecer um lar. Não dá para descrever a alegria de dormir na minha cama, sobre o meu colchão, com a cabeça na minha almofada - já nem me lembrava que era assim tão suave.

A abertura dos caixotes assemelhou-se muito à noite de Natal, com toda a expectativa e a surpresa de abrir um pacote que tem - ou não - algo que suspeitávamos que lá poderia estar. Encontrei cartolinas, tintas, pincéis, tesouras, telas. Encontrei a minha máquina de costura, da qual tantas saudades tinha, e o meu cavalete, que ainda não tive oportunidade de estrear.

Desde Março que não pinto (perguntem à alfândega argentina porquê, que eu já não tenho paciência) e desde Maio que não faço a maioria das coisas que fazia no meu estúdio em Buenos Aires.

É bom ter as nossas coisas de novo perto de nós.

Agora sim, parece que vivo cá no Panamá.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Novo número da zine

September issue now out!

Umas semanas depois do último post, faço aqui uma curta passagem para contar que o número quatro da zine, gratuito como sempre, está no ar. É só clicar aqui e seguir as instruções.

E agora vou, porque não tarda chegam os homens das mudanças com os nossos móveis. Sim, esses mesmos, aqueles que não vejo há quatro meses e meio! Vai ser um Natal em Setembro!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Entardecer

Sunset over Panama City, Panama
O entardecer, nestas terras, tem este aspecto, visto da varanda que mira a poente. Da varanda que mira a nascente, óbvio, vê-se o nascer do sol. Quem sabe um dia acordo antes das galinhas e fotografo o espectáculo?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Cada vez mais casa

Organic goodies

Organic goodies

Organic goodies

Organic goodies

Organic goodies


Ontem chegou o primeiro cabaz de produtos de agricultura orgânica e nacional, um serviço prestado pela empresa Culantro Rojo.

Passámos o dia a cozinhar os legumes que recebemos e, devo dizer, há muito que não comia espinafres tão deliciosos como os de ontem. A acompanhar a calzone que o Príncipe fez e regados com azeite da Capinha... um manjar.

E assim a nossa nova casa vai-se tornando cada vez mais casa.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Foi você que pediu um post sobre gastronomia?

chocolate

Não é que qualifique exactamente como gastronomia, mas acho que todos podemos benevolamente incluir a iguaria na categoria de alimentos. Vá, não que seja um alimento absolutamente essencial (quem disse, quem?), mas que a vida com chocolate é melhor, lá isso é.

Num dos passeios ao Casco Antiguo vi um café que tinha cá fora um dístico a anunciar "organic chocolate". Não hesitei: jamais hesito quando a causa é boa.

E foi assim que descobri este chocolate de agricultura biológica, nacional, mais concretamente de Bocas del Toro. Curiosamente, comprei duas barras e, acredite-se ou não, ainda não as terminei. E não é por falta de gula. É que o chocolate é tão bom e tão potente que, com apenas um bocadinho, fico satisfeita.

O problema é que provar este chocolate é um caminho só de ida: quem o prova não volta atrás. De agora em diante, a coisa fica difícil para as multinacionais chocolateiras...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Para começar bem a semana...

August issue is out!

...e adoçar um pouco o regresso ao trabalho, já está online a última edição da zine "We´re in Panama!". Está aqui, é só clicar, descarregar, imprimir e dobrar. E ler e comentar!

Espero que gostem!

As edições anteriores estão aqui: Julho e Junho.

domingo, 22 de agosto de 2010

Mercado de Abasto

mercado

A Cidade do Panamá não é conhecida por ser um destino pululante de eventos e distracções, por isso, cada fim-de-semana escolhemos uma coisa nova para ir visitar. Com três meses cá, já fomos a muitos sítios que os próprios panameños não conhecem - isto dito por uma local, entenda-se.

Uma das excursões de fim-de-semana, já repetida, foi ao Mercado de Abasto. A primeira dificuldade é encontrá-lo, porque não se trata de um mercado como nós estamos habituados. A entrada é escondida e confunde-se com a entrada para um parque de estacionamento. Dentro do recinto, há um pavilhão para as vendas a grosso e, cá fora, dezenas de pequenas lojinhas fazem a distribuição a retalho.

É toda uma experiência antropológica a preço de feira: o ananás custa 75 cêntimos, o molho de couves 5. Deve ser dos poucos sítios onde uma pessoa pode ser consumidoramente feliz com notas de um dólar.

Na primeira visita aproveitámos também para perguntar os nomes das coisas, já que apesar de a nossa mudança ter sido dentro do universo hispanófono, a maioria dos nomes de fruta, verdura e roupas muda. De maneira que conhecemos o chaiote - o "nosso" xuxu, creio - e o culantro - de cheiro e sabor muito parecidos ao nosso coentro, mas com folha longa, estreita e com piquinhos. A maior estreia do dia foi o sapote, uma fruta que fechada parece um pião, aberta parece um presente, e na boca é fibrosamente deliciosa. Sabem a fibra da manga? Aquela que fica teimosamente agarrada em tudo o que é dente, desde o incisivo até ao siso, lá atrás onde ninguém chega? Pois a do sapote não tem nada a ver. Entra, sai, desce e já está, segue caminho despachado esófago abaixo. A única coisa é o tamanho do caroço: quase do tamanho do da banana, com a (mínima) diferença de que não é comestível.

Resumindo: com uns míseros 5 dólares fazemos a festa, compramos fruta e verdura para toda uma semana e quiçá algo mais. Tirando a trabalheira de explicar que não precisamos do saquito de plástico, é todo um êxito.

A paragem seguinte é o Mercado de Mariscos, mas isso fica para outro dia.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Chuving e inunding

chuving e inunding

Quando chove muito, a rua inunda-se. Rapidamente percebemos porque é que toda a gente recomenda comprar um carro alto, mesmo para andar na cidade.

E o que fazem os transeuntes? Pois fazemos isto: andamos de chapéu-de-chuva apontado ora para a água que cai do céu, ora para a água que vem de baixo, espirrada pelos carros que teimam em rodar rápido. Ali, pé ante pé sobre a corda bamba que é o separador central, parecemos dançar uma coreografia de cabaré mal ensaiada.

Os meus pés escorregam dentro das sandálias e as minhas gargalhadas não me ajudam a manter o equilíbrio. E ouço:

Dale, mamita, si se cae la agarro!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Enquanto a poeira não assenta (e espero pelo sofá)...

...andamos nisto:

Trata-se de um novo modelito para o abbrigate*, inspirado nos deliciosos lenços dos namorados. O tecido, de algodão, é estampado com um dos motivos tradicionais dos indios Kuna do Panama. E a frase, essa, é bem portuguesa.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Enquanto ando em mudanças...

Sinalética no Panamá

...tenho muitos episódios caricatos para contar mas pouca disponibilidade para o fazer. Por isso, deixo aqui um exemplo da sinalética no Panamá, mais precisamente sobre o Cerro Ancón, a colina que coroa a cidade.

A designer maila ilustradora que vivem dentro de mim estremeceram de alegria ao ver estas colunas e não descansaram enquanto não as registaram fotograficamente. Aqui está, divirtam-se.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Estou triste

Morreu o António Feio. Que pena.

Edito para acrescentar estas duas canções, interpretadas pelo Jorge Drexler. Sempre que ouço o "Stay", penso no Patrick Swayze, que morreu exactamente do mesmo mal. E quando ouço "Sea", penso na querida Mercedes Sosa, que teve a boa ventura de morrer velha e de nos deixar muitas canções bonitas.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Esta manhã, no Casco Antiguo

Plaza Mayor, Casco Antiguo, Panamá

Esta manhã fui para o centro histórico da Cidade do Panamá para desenhar. É o meu bairro de eleição. Dos centros históricos hispânicos da América Latina, este é claramente um dos mais bonitos, até porque tem a imensa vantagem de ainda ter gente a viver lá. Gente que sempre lá viveu, que faz lá compras e que vai lá à escola.

E depois tem o Teatro Nacional, o Palácio do Governo e umas quantas igrejas e catedrais. E lojas, algumas para turista, outras bem escuras e a cheirar a humidade, com ventoinhas e velhotes à porta. Na Plaza Mayor, um engraxador sem trabalho e umas senhoras, penso que da brigada de limpeza urbana, a pôr a conversa em dia. Com muita calma, porque com o sol a queimar e o dia está lindo, estava um calor de não se aguentar. Que o diga a senhora da direita.

thursday, 9.30 am

Diz que a adaptação é isto - parte III

Tínhamos marcado ir ao consulado amanhã. Precisamos de nos ir inscrever, retirar um documento para termos a carta de condução cá, enfim, um par de assuntos que têm de ser resolvidos.

Preparámos documentos e fotografias (tarefa que merece todo um post) e o Príncipe libertou a manhã, na sua agenda, para lá irmos.

Por sorte, hoje ligou para confirmar - como vêem, estamos a aprender - e ficou a saber que amanhã não vai dar para irmos. Teremos de deixar para a semana que vem porque o computador do consulado está avariado.

Tal como leram: "o computador", no singular.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Diz que a adaptação é isto - parte II

Outra particularidade do panorama imobiliário panameño é que os edifícios têm uma coisa chamada de área social. Geralmente inclui piscina e ginásio, às vezes campo de squash e sauna, nas versões mais mirabolantes até sala de cinema têm.

Pois, lá está, a adaptação é isto: é ter ginásio no prédio, sauna e piscina, portaria como se de um hotel se tratasse e cartãozinho para subir pelo elevador. Quão longe está a minha casa escura e escondida no Beco do Rosendo, com aquelas paredes de 1916, escadas praticamente medievais e um chão que baixava no meio das divisões.

Adaptemo-nos, portanto. Resta saber como será a adaptação ao mundo real quando sairmos do Panamá!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Diz que a adaptação é isto

Diz que sim, que a adaptação a um novo país é jogar com o que temos e não comparar com aquilo a que estamos habituados. Enfim, podemos ter um olhar crítico, mas não exageremos, até porque não se muda um país em dois dias - e nem sequer sabemos se o país quer ser mudado.

Ora toda esta conversa sobre adaptação porque hoje fui tentar alugar um apartado na estação de correios mais próxima.

Cabe aqui fazer um interlúdio para explicar que no Panamá não há entrega de correio porta a porta, até porque as portas não têm números e isso complica bastante o trabalho a um carteiro. Porque não há carteiro, nem distribuição porta a porta. Aliás, coisa bem curiosa, aqui as moradas são dadas com base em pontos de referência: "vá pela Via Espanha até ao Instituto X, vai ver a bomba de gasolina Y, na diagonal oposta vai encontrar Z e aí está o prédio Alegria de Viver. Contorne, e atrás vai encontrar a nossa loja.".

Mas enfoquemo-nos no assunto em questão: a adaptação, vinda do episódio nos correios.

Eu já sabia, quando ia para lá, que o mais provável era não conseguir alugar o apartado. Seguramente estaria a esquecer-me de alguma coisa essencial, apesar de levar comigo os dois passaportes - no apartado só entregam a correspondência enviada aos nomes que eles têm registados como associados à caixa postal. E também tinha dinheiro. E, achava eu, paciência.

Estava um senhor a ser atendido e eu observava e observava, pensava em como achava as estações de correio argentinas de outro mundo - se antes as achava más, agora acho-as maravilhosas. Realmente, não há como baixar a fasquia para se apreciar o presente!, pensava eu, até que fui atendida.

A senhora que me atendeu foi muito simpática, respondeu a todas as minhas perguntas com um sorriso, explicou-me todos os detalhes, e pronto, vamos lá, faz favor quero um apartado.

Que não. Que agora estão esgotados (sim) porque lhes estão a mudar as fechaduras (tal qual estão a ler). Lá para Agosto, quem sabe, mas mais vale ficar em lista de espera e assim contactamo-la. Só tem telemóvel? Não tem número fixo?

Ui, se a senhora soubesse...

Pergunto-me: não será momento de pôr números às portas? Se calhar não querem, e tudo bem, eu é que sou de fora e tenho de me habituar.

domingo, 25 de julho de 2010

Estas coisas estranhas




Este fim-de-semana pude finalmente fotografar uma coisa que me parece, claramente, de outro mundo: um auto-banco. Suponho que a minha surpresa se prende com o facto de não andar a viajar o suficiente, sobretudo para a parte norte aqui do continente. Atrevo-me a pensar que isto é hábito norte-americano, hábito esse que os panameños, depois de tantos anos de administração estrangeira, absorveram e preservaram.

Não sei bem se hei-de qualificar o acto de se servir de um multibanco sentado dentro do seu carro como extremo comodismo se como o cúmulo da praticidade. A verdade é que me parece estranhíssimo estar numa fila - como se de uma portagem se tratasse - para ir levantar dinheiro... Sobretudo quando há um estacionamento (gratuito) ao lado e caixas multibanco para "peões" (diria mesmo "regulares") sem filas nem demoras.

Sabe-se lá se um dia destes não sou eu a usar estas estranhas invenções!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mesmo a tempo para o fim-de-semana...

July issue is out!

Aqui vai o número de Julho da minha e-zine. Podem descarregá-lo aqui e comentar ali em baixo, que eu adoro receber comentários. É só imprimir frente e verso, dobrar pelas marquinhas que lá pus e siga para bingo.

Para quem não leu a de Junho, está aqui. E é gratuita, claro.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Aventuras e desventuras

Já estamos no Panamá há dois meses. Já explorámos alguns restaurantes - e não houve desilusões nessa matéria. Já estou a fazer contactos com clientes, já estou a fazer aulas de yoga (e de bailoterapia, como contei noutro dia). Já tenho uma rotina mais ou menos articulada. Tudo isso, mas ainda não temos casa.

Minto: temos casa. Aquela em que estamos, temporária, e aquela para onde iremos, em data a definir, nos píncaros de uma torre moderna. Quem diria, afinal até temos duas casas e eu a queixar-me.

Tudo isto seria muito mais bonito se, em vez de duas, tivéssemos só uma, a nossa, e se dentro dessa casa tivéssemos só as nossas coisas, e não as emprestadas.

Mas tudo isso está ainda longe de acontecer. As nossas coisas estão em Buenos Aires, provavelmente ainda presas na engasgada alfândega argentina, que noutro dia se deparou com 300kg de cocaína dentro de móveis usados, num contentor com Espanha como destino.

Assim sendo, espera-nos pelo menos mais um mês sem móveis, sem a nossa cama, sem a minha máquina de costura nem os meus pincéis nem o cavalete.

Bem sei: não é o fim do mundo - nem nada que se pareça - mas já estou um bocadichiquinho farta.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Coisas caricatas, ou talvez mesmo "do além"

Para quem gosta de uma bela gargalhada, recomendo muito um passeio pelo último post do Dicforte.

Quem é amiga, quem é?

Em Nova Iorque comprei livros



Já tinha aqui contado que comprei livros, muitos. No Museu de Arte e Design, o MAD, o vendedor viu-me a escolher cuidadosamente os volumes que ia levar e queria tanto fazer-me um desconto que me perguntou se era estudante (não sou), se os livros eram para fazer pesquisa (não propriamente para uma tese, mas vá), então está bem, aqui vai o desconto. Não o quis contrariar, ora essa, um senhor tão gentil e atencioso, porque pensando bem ainda foi uma nota verde - e podiam ter sido várias.

Na Books of Wonder, uma deliciosa livraria para crianças, comprei livros para as minhas sobrinhas e um outro para uma criança um pouquinho mais crescida - que ninguém desconfie que o livro é para mim.

Na livraria das Nações Unidas comprei o Ecoholic, esse livro bem gordinho que aí está na fotografia.

Comprei também uns quantos livros para ir lendo, mas claramente o mais importante, comprado numa livraria no mercado de Chelsea foi este:

 Uma bíblia, senhores, uma bíblia. Diz quem já leu que é leitura com conteúdo.