sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Hipódromo de Palermo

winning ticket at hipódromo de Palermo

Uma das vantagens de termos visitas é que vemos coisas que de outra forma não veríamos. Não veríamos, por exemplo, a minha imensa classe (chamam-lhe "sorte de principiante" mas a mim parece-me que é despeito) a ganhar a primeira aposta que faço ao chegar ao Hipódromo de Palermo, no Sábado passado.

Já era conhecida a minha estratégia para ganhar no poker - para quem não sabe, é tricotar ao mesmo tempo. E fazer muito, muito, muito bluff, pois não há quem resista. Mas agora confirmou-se o meu estatuto de amuleto da sorte quando o meu cavalo ganhou e eu rendi ao senhor meu esposo 360% de lucro. É isso mesmo.

Acabadinhos de chegar, eu ainda nem tinha percebido como é que a coisa funcionava. Lá me explicaram bem explicadinho, houve até quem cobiçasse os caderninhos que os outros visitantes tinham, com as descrições dos cavalos de cada uma das corridas do dia. Chegámos ao quiosque das apostas e eu peço o oito, o meu número preferido e redondinho.

- Ese caballo no corre.

Ora, ora, que não corre. No dois.

E adivinhem só, o dois ganhou. Nem o vi chegar à meta, porque me diverti a olhar para as pessoas à minha volta, aos gritos, à medida que os cavalos se aproximavam da meta. É realmente interessante ver veias a saltar do pescoço, punhos no ar e os gafanhotos do entusiasmo a saltarem de tantas bocas.

O que faltou, mesmo, foi o chapelinho à Ascott. Fica para a próxima!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Converseta

Ontem entrei na farmácia aqui da esquina para comprar um par de coisas que precisava. O farmacêutico começou a aviar o meu pedido, entre muitos sorrisos. Pensei que teria coisas nos dentes - não é inédito - ou estaria mal vestida, pois vinha do ginásio. Pergunta-me:

- Disculpe, señora, que le pregunte: usted no es de acá.

Não, realmente não sou, não, sou portuguesa.

- Ah, de Portugal! Tamaña belleza no podía ser de acá.

E é isto. Vai uma pessoa à farmácia e tem o farmacêutico, com idade para ser meu pai, nestes delírios.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Importante

Andei a pensar que volta é que daria ao assunto para o tornar mais apelativo, menos urgente, menos dramático e a verdade é que não cheguei a nenhuma conclusão. Por isso, digo-o da melhor forma que encontro, que é a directa: é urgente e muitíssimo importante que o máximo de pessoas se inscreva como dador de medula óssea.

É óbvio que se trata de uma decisão pessoal e que também depende de factores como a idade, se a pessoa é saudável, entre outros. Mas partindo do princípio que a maioria das pessoas é saudável, conto-lhes o que penso sobre o assunto.

Para o paciente, encontrar um dador compatível é uma questão de vida ou de morte; para o dador, é uma picada no momento da inscrição e um procedimento simples (com algumas picadas, é certo) que raramente necessita internamento. Os benefícios para o paciente ultrapassam muito largamente os potenciais riscos do dador, já que não é necessária uma intervenção invasiva para extrair as células necessárias para o transplante.

No acto da inscrição, os dados do dador são guardados numa base de dados internacional (Bone Marrow Donors Worldwide), o que significa que um paciente que esteja num determinado país tem muito mais hipóteses de encontrar um dador compatível porque a pesquisa abrange todos os países incluídos na dita base de dados.

Não me querendo alargar em mais argumentos, deixo aqui links para quem quiser obter mais informações sobre o tema. Aproveito também para pedir a todos os que aqui vêm para considerarem seriamente a hipótese de se inscreverem como dadores. Seria bom ninguém precisar da ajuda, mas como há gente que precisa, é bom saber que podemos ajudar.

Em Portugal:
Centro de histocompatibilidade do Sul
Centro de histocompatibilidade do Centro
Centro de histocompatibilidade do Norte

No Brasil:
(Pelo que percebi, o Brasil ainda não participa nesta base de dados internacional. Mesmo assim, vale a pena inscrever-se como dador! Para quem quiser informação em português, os links acima têm todos os detalhes, bem como as respostas às perguntas mais frequentes)
INCA

Na Argentina:
Hospital de Pedriatría Dr. J. P. Garrahan

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

As alegrias da desconexão



Está visto: estar desconectada também é bom. É mesmo muito bom viver umas semanas mais afastada do computador e do blogue para depois poder voltar cheia de saudades desta minha "casa" que é o "Entre...".

Vir a Portugal é sempre uma alegria, não só porque se vêem os amigos e a família, como também porque é bom estar cá. Lisboa está cada dia mais bonita, tem cada dia mais recantos bonitos, cafés novos, lojas novas, ruas mais asseadas (é verdade, é mesmo o que observo!), autocarros silenciosos e estações de metro novas. Cada vez que venho deslumbro-me com as vistas do rio, as casas coloridas e os passeios em calçada portuguesa. Às vezes também escorrego nelas, sobretudo neste Inverno tão chuvoso, mas é sempre uma alegria acordar e ver a cúpula da Basílica.

Para quem sempre fala mal de Portugal, tenho que contar que liguei para dois atendimentos telefónicos de dois serviços públicos e ambos me responderam às minhas perguntas. Enfim, nem tudo funciona bem, como conta o Dicforte, mas há muita coisa a funcionar mesmo bem. Destaco aqui o atendimento ao cidadão da Câmara Municipal de Lisboa e o atendimento telefónico das Finanças. Ambos muito bons.

Outra maravilha, de índole totalmente diferente, foi o nevão com que fomos presenteados no fim-de-semana passado. Que sensação linda a de estar quentinha dentro de casa e ver os flocos a cair lá fora, a paisagem, gradualmente, a tingir-se de branco. E que lindo abrir a janela e não ouvir nada: nem gotas de chuva, nem água, nem carros, autocarros ou quejandos. E tricotar, tricotar, e depois sair e estrear gorrinhos (na foto, o primeiro gorro Koolhaas, feito para oferecer, mas que ficou pequenino. O segundo, já com o tamanho adequado, já está terminado e pronto a ir para o seu dono). Paisagem perfeita para a fotografia do gorro, não? Também ponto alto do passeio na neve foi o capote alentejano, que não desapontou, e ainda constatar que tenho muita pontaria (diz que avariei umas quantas máquinas fotográficas com umas bolas de neve mais certeiras...).

Enfim, muito mais há para contar sobre estes dias, mas mais relatos virão a seu tempo. Por agora, mantêm-se as tarefas de tia por mais uns dias. Em breve estarei do outro lado do oceano, já com o coração cheio de saudades, mas com muito mais disponibilidade para contar histórias aqui.

Até lá, um bom ano, cheio de coisas boas, e até breve.

P.S.: A foto acima foi tirada pela Bau.