sexta-feira, 31 de julho de 2009

Uma tia babada

My mood board is happy

A tia Bi, muito babada, deixa aqui um desenho que a sobrinha C1 lhe fez enquanto falavam por skype. É ou não é uma artista?

(é sempre curioso quando nos referimos a nós próprios na terceira pessoa...)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

"Meeeeeeedo!" ou "a cultura do..."

Aqui por estas bandas - aliás, como em muitos outros sítios - existe uma cultura do medo. Quem liga as notícias depara-se com reportagens ("reportagens" talvez não seja o termo mais indicado, chamemos-lhes "peças"), digo peças de um quarto de hora ou mais, em que se conta ao pormenor o "crime de Berazategui", ou o "de Recoleta", ou outro qualquer.

Ao darem a notícia, não respondem ao "onde, o quê, quem, quando" iniciais, mas esmiuçam o "quem" e o "como" como ninguém. De tal forma que, mesmo sem terem dados concretos, falam de tudo quanto se pensa que é certo, como se fosse certo. Explicam as facadas, as armas disparadas, as pauladas, tudo com detalhes dignos de um romance de cordel. E é este o serviço noticioso. Uma das expressões que mais ouço cá é o "tema de la inseguridad". É o tema principal! Não é a questão do acesso ao serviço público de saúde ou a corrupção que atravessa toda a administração pública. O problema, mesmo mesmo, é a insegurança. Mas faça-se um inquérito a uma amostra significativa da população de Buenos Aires e serão poucos os que já foram assaltados.

A verdade é que a sensação de insegurança se deve muito ao facto de a comunicação social difundir uma cultura do medo. Como já aqui contei antes, os números de infectados com a gripe A são "mais de 100 000", segundo as notícias. Estranho, não é?, quando os EUA têm pouco mais de 30 000... A Argentina deve ser um fenómeno!

Posto isto, passo agora a contar o episódio da madrugada de Domingo passado. Assim à distância dá vontade de rir, mas a verdade é que as coisas poderiam ter corrido francamente mal. Ora no Sábado à noite tivemos um casamento e albergámos cá em casa um amigo, que tinha avião de regresso a casa no Domingo de manhã. Como ficámos cansados da festa antes dele (dizem que a idade não perdoa e atrevo-me a concordar), deixámos-lhe as minhas chaves e recomendámos-lhe muito que nos acordasse de manhã antes de ir para o aeroporto. Por um lado, queríamos despedir-nos dele; por outro, a porta de lá de baixo do edifício só se abre com chave, mesmo de dentro para fora, portanto alguém teria de lha abrir para ele poder sair.

Para não nos acordar, saiu sem nos avisar e deixou as chaves em casa. Claro, assim que chegou lá abaixo deparou-se com a evidência da porta fechada, às sete da manhã, e de um avião a sair dentro de poucas horas. Tocou para a portaria, precisamente no dia em que a porteira está de folga. Como não respondesse, ele continuou a tocar, a tocar, até que ela decidiu ver o que se passava. Ia abrir-lhe a porta quando a filha lhe recomendou muito cuidado, porque "podia ser um assaltante".

A partir daí a coisa descambou. Foi chamada a polícia, que veio de arma em punho procurar o "assaltante", que entretanto tinha subido outra vez ao nosso andar e tentava acordar-nos (hmmm... sem êxito). Lá se encontram polícia e "assaltante", arma na mão do polícia, pedido de documentos, o rapaz alcoolizado porque vinha de um casamento e preocupado porque tinha o avião na iminência de sair, enfim, todo um carnaval de mau gosto. Às tantas, a porteira lá o reconheceu como sendo o nosso amigo, depois de ele lhe relembrar que ela nos tinha visto aos três juntos, no hall do prédio, arranjadinhos para sair para a festa.

E é isto: uma coisa tão simples quanto ele a querer sair do edifício para ir para o aeroporto poderia ter-se transformado numa tragédia, isto tudo porque a primeira coisa que se pensou foi que ele era um assaltante.

Faz lembrar a história do ratinho Desperaux. Se não viram, vale a pena, pois é uma bela fábula sobre a cultura do medo.

Cabe aqui acrescentar, à laia de epílogo, que o nosso amigo chegou bem a casa e que ainda gosta de nós. Ufa!

terça-feira, 21 de julho de 2009

É amanhã

DSC03948

É amanhã o exame de alemão. Como não se me ocorre nada de interessante para contar aqui no "Entre...", publico uma fotografia de um trabalhinho fofo que fiz na sexta-feira passada para uma pessoinha ainda mais fofa, a minha sobrinha C2. Estou danada para poder apreciar com o tacto o volume bochechal, bem como para contar pessoalmente as bolinhas que são os deditos dos pés.

Com a mana C1 tenho falado frequentemente por skype e ouço coisas deliciosas como "Bi, não precisas de ter saudades minhas, basta ligares-me por skype!" (será que já contei isto aqui? muitas vezes?), o que me apazigua as saudades, mas da C2 vejo os sorrisos e ouço os guinchinhos de satisfação (ou o berreiro de fome) que vai dando.

Hmmm, dúvida metódica: será que é por ter o cérebro torrado, ou melhor torriert, que estou a dizer todas estas coisas cheias de baba de tia?

Talvez seja melhor mandá-los passear aqui, onde estão as fotografias de todo o processo do dito trabalhinho.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Um país sério?, ou continuação do post anterior

Noutro dia telefonaram-me para fazer um estudo de mercado. A temática era a situação actual da Argentina, nos campos económico, político e social. Esfreguei as mãos de contente por ter finalmente a opção de manifestar a minha opinião sem ser olhada de lado como sendo "a europeia que vem para aqui comentar o que não sabe".

A páginas tantas, perguntam-me quem é que eu acho que toma realmente as decisões nacionais: se Cristina Kirchner (a presidente), se Néstor Kirchner (o marido da presidente e ex-presidente), se os dois em conjunto.

Aqui tive de fazer uma pausa para pensar na minha resposta e a verdade é que não sei. Disse que não sabia quem seria. E isto parece-me muito grave: quando não se sabe quem realmente é o presidente de um país, ou melhor, quando não se sabe se a presidente (democraticamente eleita? a dúvida persiste) é que exerce de facto o poder, então as coisas não estão nada bem.

Um país sério?

Ontem estava a ouvir o podcast do Governo Sombra, da TSF, em que se comenta o (lamentável) episódio dos corninhos no hemiciclo português. Confesso que, apesar de muito lamentável, eu não consigo parar de rir com a cena e tenho até alguma curiosidade de saber o que terá passado pela cabeça do (ex-)ministro no momento em que os fez.

Mas o que interessa aqui foi um comentário que foi deixado no jornal Globo, que dizia: "em país sério é assim: faz palhaçada, dança." (no minuto 14 do podcast). Este comentário foi lido durante a reunião do Governo Sombra e foi amplamente comentado pelos participantes que, com muito humor, se referiram à parte em que Portugal era visto como "país sério".

E é aqui que eu quero chegar. Bem sei que a minha visão está já nublada por meses de ausência e milhares de quilómetros de distância, mas às vezes estes são factores que nos permitem avaliar melhor o avanço ou retrocesso de um país.

De uma forma geral, os portugueses acham que o seu país não é sério e fazem "desabafos" para o ar, perfeitamente inconsequentes, da forma menos eficaz possível. Por exemplo, quantas vezes ouvimos dizer "isto é tudo uma bandalheira", ou "eles são todos iguais" ou "eles são todos uns corruptos", referindo-se à classe política em geral. Não vou dizer que tenho uma imensa simpatia pelos políticos, mas a verdade é que eles estão onde estão porque foram eleitos.

Ora bem, aqui chegamos à parte em que Portugal, que pode não ser um país sério para muita gente, é um país onde as eleições são um dever e não uma obrigação (ao contrário da Argentina ou até da Austrália, onde o voto é obrigatório); Portugal é um país que tem uma Comissão Nacional de Eleições que organiza e supervisiona o acto eleitoral, que produz boletins de voto universais e que controla o acto eleitoral para que não existam fraudes.

Só para pôr esta situação em perspectiva, uma situação que parece natural e óbvia para os portugueses, aqui na Argentina os boletins de voto são responsabilidade dos partidos; não há cruzinhas em quadradinhos: o voto faz-se pondo o "cupão" do candidato em questão dentro do envelope. E, atenção, nem todos os boletins de voto chegam a todas as câmaras, seja por falta de dinheiro, de controle, por sabotagem ou por fraude. Ou seja, se um cidadão que vai cumprir a sua obrigação de voto quer escolher um candidato X e o "cupão" desse candidato não chegou à câmara de voto, então não vai poder votar nele.

Voltando ao facto de os portugueses, em geral, não acharem que Portugal é um país sério, tenho a dizer que acho que, em geral, os portugueses queixam-se muito mas nos sítios errados. Ou seja: queixam-se muito para o ar, para obter a empatia do ouvinte (exemplo disso são as paragens de autocarros!) mas agem muito pouco. Um exemplo: outro dia recebi um email com uma petição para os direitos dos cegos. Pediam para assinar e, quando o total de assinaturas perfizesse o milhar, para reencaminhar para outro sítio qualquer. Por curiosidade, passei os olhos pelos nomes que já lá estavam e vejo isto:

961- Isabel Xxxxx - Xxxxx (é de lamentar quão mal está este país embora para os "nossos" (des)governantes isto esteja tudo porreiro, pá!)

Para mim, este é o típico desabafo "ao lado". Aquela crítica que não só não é construtiva como também não faz absolutamente nada para melhorar a situação. Quantas vezes escutamos as queixas das pessoas relativamente aos transportes públicos, ou aos serviços? E quantas dessas queixas são deixadas nos livros de reclamações obrigatórios por lei? Mais, quantas dessas pessoas é que vão realmente votar e usar o instrumento básico da democracia? Quantas pessoas participam activamente na sua freguesia ou no seu município? Quantas denunciam o incumprimento da lei através dos instrumentos postos à disposição do cidadão? Porque Portugal, que para muitos não é um país sério, tem uma justiça que tarda (muito) mas vai funcionando; tem um sistema de saúde pública que é velho, mas que continua a dar melhor assistência que o privado, sobretudo quando se trata de casos fora do comum; tem transportes públicos onde o utente é tratado com respeito; é um país onde a mentalidade vai mudando gradualmente e hoje já se respeita quem sobe na vida por mérito ou quem cumpre as suas obrigações.

É também um país onde as pessoas, de uma forma geral, se desresponsabilizam e preferem não agir e criticam em vez de mudar. E são estas pessoas que fazem de Portugal um país menos sério.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Conversa entre tia e sobrinha II

Noutro dia, numa conversa skypica com a minha sobrinha mais velha, estávamos a ver os trabalhos que tinha feito durante o ano na escolinha. Deixem-me que vos diga, a minha sobrinha é muito talentosa, aquela miúda vai ser uma artista. Digo eu, não sei, ideias minhas, mas parece-me que sim.

Ora estava precisamente a dizer-lhe isso, que ela era uma artista e ela, na segurança inabalável dos seus quatro anos, responde: "pois sou!".

Tomáramos nós em adultos acreditar nos nossos projectos com a mesma intensidade! A começar por mim, claro está.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Já tinha saudades!

É a verdade verdadeira: já tinha saudades deste blog. Quem diria, ter saudades de um blog?

Os dias têm-se sucedido a um ritmo vertiginoso e, felizmente, trabalho não me tem faltado. Além disso, o pânico pela gripe já está a acalmar e as actividades voltam paulatinamente à normalidade. Na semana que vem tenho o exame de alemão, o mesmo que era para ter sido na segunda-feira passada e foi cancelado. Aulas de pintura, só em Agosto. Mas entretanto têm surgido projectos de trabalho daqueles que mais parecem de tempos livres, daqueles que dão tanto gozo que apetece até levantar mais cedo da cama (e é Inverno!) para me sentar a trabalhar.

(Sim, devo estar doente, apanhada de alguma gripe estranha! Eu, sair mais cedo da cama? Está tudo louco? "Chove como na rua", diria a minha Mãe.)

E pronto: os dias passam num instante, quando dou conta já é hora de desligar o computador e ir conviver com o Príncipe, que por si só até nem chega muito cedo a casa. Deixa cá ver se consigo pôr os posts que tenho escritos mentalmente no caderno de notas virtual.

Espero conseguir voltar em breve!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Outro fim-de-semana de reclusão?

Central Park Hoodie
Costas do Central Park Hoodie que estou a tricotar.

Aproxima-se um fim-de-semana mais ou menos prolongado. Parece que ouço perguntar "como é que é isso de mais ou menos prolongado?". A resposta não é simples - nunca é - mas prometo que me vou esforçar.

Ora, como todos sabemos, estamos a viver uma "preocupante crise sanitária" (são expressões destas que se ouvem aqui a torto e a direito, e eu a ligar "sanitário" a outras coisas). A verdade é que os dados da Organização Mundial de Saúde não enganam: a proporção entre vítimas mortais e infectados com o vírus da gripe A é maior aqui que nos outros países. E isto, para além da óbvia tragédia que é para as famílias de quem foi ou está a ser tocada pelo vírus, é também uma grande dor de cabeça para as autoridades (sanitárias e não só).

(Nota: ontem recebi uma chamada telefónica em que me fizeram todo um inquérito sobre a prestação do governo, a situação da Argentina, a inflação, a corrupção... foi tão bom ter aquele bocadinhozinho de tempo de antena em que pude classificar como entendi cada um dos itens dados pela operadora, sem que ninguém me acusasse de ser estrangeira, ou, pior ainda, europeia!)

Voltando ao fim-de-semana quase prolongado, amanhã é feriado, dia pátrio, daqueles que não são transferidos para a segunda-feira mais próxima. Sexta deveria ser dia de trabalho normal, mas o governo decidiu instituir um "feriado sanitário" ao qual muitas empresas deverão aderir, pelo menos na modalidade de ter os seus colaboradores a trabalhar a partir de casa.

Para quem não está habituado a estas andanças (as de trabalhar a partir de casa), um feriado sanitário vai ser isso mesmo, um feriado. E o resto é conversa.

Por mim, tudo bem: tenho livros, tricot e... ah, trabalho! para fazer.

Agora giro, giro, giro mesmo era que acontecesse o que aconteceu há dois anos atrás: um nevão aqui na cidade a 9 de Julho! Mas fim-de-semana mais ou menos prolongado já não é mau.

domingo, 5 de julho de 2009

Fim-de-semana de reclusão (ou talvez não)



Cá por estas bandas anda um alerta generalizado pela gripe A. E olá se há muito para contar sobre o assunto! Começando pelo princípio, até ao dia 28 de Junho, dia das eleições, não houve gripe. Não é não houve gripe nos media, não, é não houve gripe. Houve um bocadinho, aqui e ali, mas estava tudo controladíssimo.

No dia 28, os resultados das eleições dão um valente golpe na confiança da dinastia K. No dia 29, aparece a gripe. Em força. De repente, há milhares de infectados, centenas de casos graves e dezenas de vítimas mortais. Alguns canais de televisão falam em 100 000 infectados e hoje o dado é de 55 mortes confirmadas. Encerram-se escolas, antecipando as férias de Inverno, e fala-se em fechar lojas, centros comerciais, cinemas e teatros.

Ora nesta altura do campeonato decido ir consultar o site da Organização Mundial de Saúde, mais especificamente os dados relativos ao dia 3 de Julho. Quantos infectados na Argentina? 1587. Vítimas mortais? 26.

Sem querer de alguma forma desrespeitar as memórias e as famílias de quem faleceu vítima da gripe (ou vítima de outra doença pré-existente, que foi agudizada pela gripe), convenhamos que 1587 infectados está muito, muito longe dos 100 000 de que tanto se fala.

Um dos primeiros artigos que li no início da histeria pela pandemia da gripe suína comparava a mortalidade da gripe A com a mortalidade da malária, dizendo que esta matava uma pessoa cada 30 segundos. O problema é que as pessoas que morrem por malária vêm de países pobres e acabam por não constituir de forma alguma uma preocupação para quem vive em países mais desenvolvidos. Digamos que a malária não é tão rentável como... uma gripe.

Quem ganha com a instalação do pânico da gripe? Ganha quem produz as drogas anti-virais, o álcool em gel, as máscaras; no caso argentino, e quiçá também noutros contextos, ganhará também quem usa a história para desviar a atenção da opinião pública da realidade política que se vive.

Os media locais vivem da veiculação da cultura do medo: é a questão da insegurança, com as notícias sensacionalistas de assaltos e tiroteios que preenchem telejornais inteiros (a par com o futebol e o tempo); agora, a gripe, que ofusca toda e qualquer notícia que possa ter alguma relevância (passou-se por alto o "episódio" das eleições no Irão; do conflito no Sri Lanka?... o que é o Sri Lanka? Conflito?). Como será quando chegar a Primavera e aumentar o risco da dengue? Ora aí está uma coisa que me preocupa, já que morre mais gente por dengue que por gripe!

Com toda esta paranóia, no Inverno do ano que vem vou esperar que se fechem as escolas durante um mês, se adiem exames e que se fechem lojas e cinemas, já que, afinal de contas, todos os anos há uma gripe no ar.

Tenhamos cuidado e prudência, mas nada de pânico!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Usurpando

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Usurpando totalmente o gorro a seu dono, mostro aqui o passa-montanhas terminado. Agora só falta mesmo é a neve.

(E a etiqueta!)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Uma manta? Ou um saco de tricot?

Blanket? perhaps knitting bag?

Ninguém sabe ao certo. O que se sabe é que já parece um menir, daqueles que o Obélix transportava, só que em vez de ser às costas é ao colo. Quando a tricoto, tapo as perninhas e os joelhos, que isto o frio ataca à séria e o Inverno (a idade?) não perdoa. Como estou a usar lã pura, as mãos ficam quentinhas e, de caminho, bastante hidratadas com a lanolina que ainda sobra nas fibras.

Acho que depois deste post é que me vão chamar, sem sombra de dúvida, avozinha.

Como dizia uma lenda urbana, com um encolher de ombros: é a vida, menina, o que é que se há-de fazer?