quinta-feira, 29 de março de 2012

Giro!

Yesterday

My view at the Bazar

E é que foi mesmo giro participar no Bazar. Não nos iludamos: houve muitos, muitos aspectos organizativos que falharam (e tivemos inclusivamente um momento de "alguito que decir" com a organizadora), mas, para mim, a experiência de estar a mostrar as mantas ao vivo e a cores foi muito gratificante. Repeti centenas de vezes uma versão condensada da tradição do lenço dos namorados e da sua adaptação à manta para bebés, outros grandes e imensos amores das nossas vidas. O corpo ficou exausto, mas o ânimo, esse, estava em alta. Dizem que quem corre por gosto não cansa; e eu não me cansei de partilhar o meu entusiasmo com quem parou na minha banquinha.

O balanço é claramente positivo, até porque resultou em vendas e em encomendas. E foi excelente ouvir as opiniões das pessoas que viram e tocaram cada uma das peças.

Agora: lembrem-me da próxima vez levar um casaquinho de Inverno, que o frio lá dentro da sala me fez crer que estava num Inverno qualquer. Tinha o ar condicionado em cima e tive de recorrer a uma fantástica e abrigada gola larga, que desce sobre os ombros, que lá tinha exposta para venda.

Foi bom, quero repetir!

Today is the day: see you later at the Bazar!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Contadora, arquipélago de Las Perlas, no Pacífico

Ferry para Contadora, Panamá

Puente de las Américas, Panamá

Contadora, Las Perlas, Panamá

Dizem que Contadora é o local mais atlântico do Panamá, e eu não discordo: água fria e azul escura, com as suas ondas, assim a fazer lembrar o nosso mar.

Contadora, Las Perlas, Panamá

Talvez por isso tenha gostado tanto de Contadora: é uma ilha minúscula pertencente ao arquipélago de Las Perlas que antigamente era a colónia balnear da classe alta. Por essa razão, as casas em Contadora são lindas e estão bem cuidadas, as vistas são maravilhosas e é tudo bastante caro.

Contadora, Las Perlas, Panamá

A viagem pode ser feita de barco ou de avião. O barco, a nossa opção, demora um pouco menos de duas horas e é feita num catamaran a motor que leva umas sessenta pessoas. A saída é feita com vista privilegiada para a Ponte das Américas, os barcos que entram e saem do canal e, depois, para toda a Cidade.

A chegada a Contadora é muito menos sofisticada: chegamos à praia de Punta Galeón e uns botes pequeninos fazem o transporte até à areia. A partir daí, bastam poucos minutos para percorrer toda a ilha, num carrinho de golfe ou em bicicleta.

Contadora, Las Perlas, Panamá

As duas praias favoritas são a Ejecutiva e a da Villa Romántica, um hotel piroso mas bem localizado e que disponibiliza instalações sanitárias, bar e restaurante. Ficámos alojados na Casa del Sol, que dispõe de quartos e também de uma casa totalmente equipada, no centro da ilha.

Uma alternativa às praias de Contadora é negociar com um dos barqueiros uma volta a outras ilhas do arquipélago, programa que não fizemos. Preferimos ficar naquela praia a vegetar e a desfrutar da água "fria" que a corrente de Humboldt trouxera. A verdade é que me senti quase, quase, quase no Atlântico (não-caribenho).

Contadora, Las Perlas, Panamá

O jantar foi feito no Gerald´s, um restaurante (e alojamento) de um senhor alemão onde se come muito, muito bem. O grupo argentino com quem fomos falou largamente da nossa apetência por sopas: na verdade, para nós a sopa é um passo da refeição, mas na Argentina isso é luta que só a Mafalda trava. No final, contudo, todos se deliciaram com a excelente sopa de marisco, sopeiros e não-sopeiros!

No dia seguinte, o regresso à Cidade teve alguns percalços: para além da muita ondulação que o barco atravessa - será coisa de marés? - tivemos o azar de ter a companhia de um bêbedo, que não só moeu o juízo de todos como particular e muito especificamente azucrinou a mulher, que a páginas tantas fingiu adormecer. Ele lá se cansou de falar para o ar e foi para o convés, beber mais um bocadinho e incomodar outra freguesia. Como uma hora e quarenta e cinco pode parecer sete!...

Apesar de tudo, Contadora, tal como Boquete, ficou na lista dos lugares a repetir no Panamá, provavelmente quando recebermos visitas. Quem sabe coincide com a altura da avistagem de baleias (entre Julho e Outubro)? Ficamos à espera.

Número 22 da zine já está online!

We´re in Panama, issue 22

A nova zine está no ar, no sítio do costume. Este mês, debruço-me sobre o acto de tirar fotografias, como era e como é. Espero que gostem!

Podem também descarregar e ler os números anteriores e passar pela página de facebook, que quer ser gostada e partilhada pelos vossos contactos.

Em breve, o post sobre a ida a Contadora, com direito a passageiros bêbedos e tudo.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Ontem.

View from the future #communitygarden in #cascoantiguo #panamá

Ontem foi dia de actividade comunitária aqui por estas bandas: juntei-me a um grupo de pessoas que decidiram ir limpar um lote muito bonito - mas abandonado - do Casco Viejo para lá construir o primeiro jardim comunitário. Será coincidência praticamente todos serem estrangeiros?

Graffiti in Casco, neighbouring the future #communitygarden

O lugar é lindo, tem um campo de jogos ao lado e fica à beira da praia. Os grafiteiros fizeram um bom trabalho, deixando as paredes muito mais bonitas do que estavam (não é sarcasmo), mas o lote, em si, estava uma miséria. Entre lixo, pedras, ervas daninhas, preservativos, roupa interior suja (juro), roupa exterior igualmente suja, redes de pescadores e objectos não identificados (suspeitei de uma mina anti-pessoal, mas deve ser porque ando a ver demasiados filmes), o lote estava a precisar de mãos e de muito carinho. Não fosse localizar-se numa rua muito estreita, num bairro que é património mundial, seguramente já teria um prédio novo a nascer.

Graças a todos estes factores, lá fomos nós tratar do lugar. Quando cheguei, depois do almoço, já muito tinha sido feito. Mesmo assim, cortei muita erva, separei muito lixo e conheci gente nova. Para a semana há mais.

Thought I'd share I just used a machete. #panamá #communitygarden

O melhor? Usei um machete. Muito bom.

sábado, 17 de março de 2012

Boquete, Panamá

Já sei que para os leitores brasileiros deste blog o nome "boquete" significa outra coisa totalmente diferente. Mas para os efeitos deste post, Boquete é uma terra panamenha, na encosta do vulcão Barú, pertinho da fronteira com a Costa Rica. Encontra-se a 1600m acima do nível médio das águas do mar, o que significa que goza de um clima tropical de altura. Traduzindo, apesar do sol ser quente, as sombras são fresquinhas e a noite pede agasalho.

O caminho até lá leva cerca de 7 horas pelas estradas panamenhas. Apesar de longo, a paisagem é linda, sobretudo a partir da cidade de Santiago, porção em que somos acompanhados pela visão da cordilheira central, coberta de nuvens.

Devido às suas características climáticas e topográficas, em Boquete há morangos (todo o ano!), café de altura e muitas, muitas flores. Há trilhos na montanha, rios com quedas de água, escaladas, rafting e outras aventuras.

"Se Vende"

Queda de água, a recompensa pela caminhada

Ponte suspensa sobre o riacho

River uphill from Boquete

River uphill from Boquete


Uma família abastada chiricana (da província de Chiriquí, onde Boquete se situa) decidiu fazer um enorme jardim e abrir as suas portas ao público: Mi jardín es su jardín, aberto entre as 9 e as 16 e de entrada livre, é um jardim cuidado, com laguinhos e peixes, pontes, flamingos de plástico e piscinas com formatos estranhos. É imperdível, não só pelo fogo das buganvílias como também pelas casas, que podemos apreciar de fora. É incrível ser um jardim privado aberto ao público e tão, mas tão cuidado.

"Mi jardín es tu jardín" I

"Mi jardín es tu jardín" II

"Mi jardín es tu jardín" III

"Mi jardín es tu jardín" V

Também há a visita às lojas de morangos, onde se faz de tudo um pouco com esta fruta: batidos, gelados, iogurte, molhados em chocolate ou caramelo, morango split e outras variações que tais. E isto, caros leitores, todo o ano. Todo o ano! E doces! E deliciosos! Comi ao natural, claro está, para quê inventar quando o original já é o que é?

Visitámos uma quinta de café, a Finca Lérida, onde pudemos fazer a visita guiada e aprender muito sobre esta cultura. Nunca tinha visto a árvore do café, nem provado o sabor da fruta, à qual chamam "café cereja". É doce, mas não deve ser comida. O café, o grão de café, é o caroço deste fruto. Desde a sua colheita até à chávena, vão várias etapas de processamento, de três tipos: natural, em que o grão seca dentro da polpa, tal qual foi apanhado; honey, em que o grão passa uma parte do tempo dentro da polpa; e lavado, em que é separado da casca e polpa logo ao início. Depois deste processamento, são comprados por distribuidores, que o torram, embalam e vendem.

Fruit and grain, fresh off the coffee tree

Prontos para a prova de café

Laboratório de café

IMG_7350

Horta de cheiros



Finalmente, a comida: em Boquete há uns quantos restaurantes altamente recomendados. Têm fama, e merecem-na: The Rock e Panamonte foram os visitados e em ambos comemos regiamente. O primeiro tem um ambiente muito acolhedor, com a sua lareira, iluminação e espaço fantástico; o segundo localiza-se numa casa antiga, também muito bonita e arranjada. Ficaram muitos por experimentar - da próxima vez será, que Boquete ficou na lista dos lugares a repetir.

De volta a casa, pelos caminhos do Panamá

(Mais fotos aqui.)

sexta-feira, 9 de março de 2012

Não é não mas depois vai-se ver e talvez

Shopping downtown PTY #panamá

Esta é uma das retrosarias onde me costumo abastecer aqui no Panamá. É aquela em que, um certo dia, me obrigaram a trazer um saco plástico porque o dono não era ecologista. Podem ter agora a dúvida - justificada! - de porque é que continuo a lá ir e a resposta é muito simples: é que não há grande alternativa.

Quando comecei a fazer o quilt (já terminado, nem sei porque é que ainda não o mostrei aqui), notei que o meu x-acto de tecidos, uma jigajoga parecida com um cortador de pizza, era mauzito. Em vez de cortar, vincava, e não havia lâmina que cortasse, depois de experimentar todas.

Pus-me portanto à procura de um novo. Cá, curiosamente, a resposta é que tal coisa não existe. Não é que não têm, mas sim que não existe. Que não há, que não trazem e que não existe, e não há volta a dar. Não é não é não.

Ontem, fui lá de novo e casualmente fotografei a parede exterior da retrosaria, tematicamente decorada. Deve ter sido bem bonita em tempos que já lá vão, mas hoje está descascada, numa rua onde cheira a chichi e o lixo abunda.

O algodão, contudo, não engana: vejam lá que objecto está representado no canto superior direito, acima da fita métrica.

Sou só eu que vejo o tal objecto que não existe porque não há e não se fabrica?

segunda-feira, 5 de março de 2012

Cada qual com seu amigo

Antes do concerto do @drexlerjorge

Há uns meses atrás, uma das actividades que a minha sobrinha mais velha fez com a outra tia emigrante foi a de escrever uma carta ao Pai Natal. Começou-a com, pasme-se, "Meu velho amigo Pai Natal".

Pois é, decidi seguir o exemplo dela: meu velho amigo Jorge Drexler, na quinta-feira passada fomos ver-te no concerto que deste aqui no Ateneo da Ciudad del Saber, no Panamá. E foi tão bom. Entraste sozinho em palco, com as caixinhas de sons que pontapeaste e desligaste, encantaste-nos com a tua comunicação cantada com o público, chamaste colaboradores ocasionais para tocarem outros instrumentos. Enfim, vim de lá com a alma lavada, apesar das condições de som não terem sido as melhores.

E a temperatura, nossa, a temperatura. Num país onde se usa e abusa do ar condicionado, nós víamos-te a tirar casaco, arregaçar mangas, limpar a testa. E nós, na plateia, tirávamos casacos e arregaçávamos mangas, porque alguém se lembrou de desligar o ar, apesar da sala cheia e do país tropical.

Quando saímos, levezinhos e a flutuar de alegria, a noite estava fresca e levantou alguma pele de galinha.

Foi o fim de noite perfeito para o concerto que tão generosamente nos deste. Espero poder rever-te numa sala de espectáculos melhor, com melhores condições, mas já sei que um concerto teu é bom, seja onde e como for. Obrigada.