sexta-feira, 29 de junho de 2007

Colômbia parte V: de pulseirinha posta

Três dias in-tei-ros de sol e de sesta, de banhos e de leituras à beira-mar ou perto da piscina. Ao longe, no horizonte, uma ilhota tropical cheia de palmeiras a emergir de um mar de uma cor entre o turquesa e o celeste. Enfim, pouco habitual para os nossos olhos destas zonas temperadas.

A pulseirinha posta significava que tudo estava incluído e, durante três dias, soube bem não ter de pensar onde íamos jantar ou almoçar. Já sabíamos que era algures por ali, que não íamos ter trabalho nem esperar muito pela refeição. E, já que estamos nisto, a qualidade e a variedade da oferta não era nada má.

Nos bares do hotel, o Paulo ficou fã do Malecón de los Enamorados que, para ele, se transformou em Molocotón de los Enamorados. Por falar em melocotón, de repente na Colômbia o léxico já é mais parecido com o de Espanha: frutilla já é fresa outra vez, tal como durazno volta a ser melocotón.

(A anedota, a respeito dos nomes das frutas, foi mesmo em Bogotá, alguns dias depois, quando quis pedir um batido de banana. Havia lá um batido de banano, mas uma pessoa nunca sabe ao certo até que ponto estes nomes são verdadeiros ou falsos amigos, dado que, na língua espanhola, uma palavra super comum num país pode ser uma asneira odiosa noutro. E por isso, fiz a figura de parva do ano ao perguntar ao rapaz se banano era banana... Aqui na Argentina, banana é banana, mas por exemplo batata é papa e batata doce é batata. Uma pessoa confunde-se!)

Voltando a San Andrés e ao Malecón de los Enamorados das predilecções do Paulo, nos bares do hotel até os cigarros estavam incluídos, imagine-se!!! Pela parte que me toca, fiquei-me pelos sumos naturais e olá se bebi muito sumo de maracujá, de morango, de guanabana, de lulu, de banana... (não me perguntem que frutas esquisitas são estas pois não faço ideia dos respectivos nomes em português).

Li o livro do Murakami num ápice: depois do da Almudena Grandes, com para cima de trinta mil páginas, despachei uns quantos em muito pouco tempo. Foi bom, bom não ter de parar de ler para ir trabalhar ou para outro compromisso qualquer. Foi ler, e depois ler e no intervalo dormir a sesta.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Cartagena: algumas fotografias

Gosto desta







A Heróica chiva do nosso contentamento





Momento embaraçoso

Hoje fui pagar uma factura de electricidade já vencida. Para quem não sabe, não sei se em toda a Argentina, mas pelo menos em Buenos Aires há uma coisa chamada "Pago Fácil" e que, supostamente, devia facilitar o pagamento das contas. Mas não facilita. Em todo o caso, como a factura estava vencida, já não dava para pagar no "Pago Fácil" (que é difícil) e tive de ir directamente a uma das sucursais da companhia de electricidade, que por sinal até ficava pertinho da aula de castelhano.

Quando cheguei, o segurança sorriu-me e perguntou-me se me podia ajudar (até aí tudo bem), indicou-me onde é que devia pagar a factura (tudo bem também) e lá fui eu.

Paguei a factura sem novidade (confesso que estranhei!) e dirigi-me à saída, passando, naturalmente, pelo segurança.

Disse-me qualquer coisa que não percebi, aproximei-me, depois percebi que estava a ser simpático e a oferecer a mesa dele para eu apoiar o meu saco enquanto arrumava a tralha toda lá dentro. Aproximei-me e sorri, ele estava a ser simpático, vá, e vai daí ele sai de trás da mesa e vem dar-me um beijo.

Na cara, sim, também era o que mais faltava.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Colômbia parte III: Cartagena City Tour

Uma das atracções na visita a Cartagena é o city tour numa típica chiva, um veículo local de passeio adequado ao calor e ao carácter festivo, com ventilação natural e muita, muita cor. No fundo, é uma camioneta parecida com um eléctrico de São Francisco, só que muito, mas mesmo muito ruidosa. Cada uma tem um nome e a que nos calhou era "Heróica". Heróica, sim, porque lá subiu a inclinada ladeira até ao convento, sobretudo tendo em conta que o peso médio dos passageiros era largamente superior aos nossos (somados).

Arranjámos, na boa tradição da família Monteiro Ramos, nominhos para todos os participantes do passeio, inclusivamente para o tonto que ia a fazer a reportagem em vídeo e que vendia o DVD a 50 000 pesos colombianos (algo como 25 euros, após consultar o meu conversor humano de divisas). Explicou-nos, entre dois monumentos, o conteúdo do seu magnífico DVD e pediu-nos que manifestássemos atempadamente o nosso interesse para que pudesse filmar-nos mais... claro está que o meu jogo durante a tarde passou a ser a "fuga ao filme", escondendo-me sempre subtilmente atrás de alguém. Ele percebeu e passou a chamar-nos o tempo todo: "Portugal, Portugal! Donde está el cabrón? En la mochila?".

(faço aqui uma pausa dramática para enfatizar a pergunta anterior e esboçar a que se impõe: "cabrón? hmmm?". Preocupação no rosto da minha Mãe: "ai, desgraça da rapariga agora aqui a dizer tantos disparates, para o que lhe deu!". Mãe, nada temas: tudo tem uma explicação.)

No convento, o guia contou uma lenda sobre um "cabrón" que tinha desaparecido. Confesso que não me lembro bem dos pormenores mas aparentemente o tal "cabrón" refere-se a um bicho que era adorado e provavelmente sacrificado por seitas não-cristãs, o que provocou o estupor nos primeiros missionários que lá chegaram ao alto do monte e se depararam com o espectáculo.

No meio disto tudo, o choné do homem-vídeo teve sorte: esboçámos o nosso melhor sorriso amarelo e não respondemos torto...

Colômbia parte II: em Cartagena

Cartagena é uma cidade com um centro histórico muralhado e, diga-se de passagem, muito bem conservado. A traça é espanhola, claro, com ruas mais ou menos ortogonais, muitas praças e casas com entre um e três pisos, as mais baixas para os estratos sociais mais baixos, subindo em altura à medida que o seu proprietário sobe na pirâmide social. Isto, claro, na época colonial, dado que agora todo o centro é a área de maior excelência com o metro quadrado mais caro da Colômbia, se não estou em erro. É lá que está a casa de veraneio do Gabriel Garcia Márquez, por exemplo.

A cidade colonial é linda. Muito bem conservada e pintada com cores vivas, nas varandas de madeira vêem-se plantas trepadeiras e muitas flores. Nas ruas, as pessoas sentam-se e tentam combater o calor com o ocasional leque, ou então apenas prostradas à sombra de uma árvore, à espera da brisa. O calor, pelo menos em Junho, é perto do infernal, a humidade não lhe fica atrás e dá o golpe de misericórdia no banho fresco acabado de tomar. A mosquitagem não ajuda, é certo, mas há sempre um suminho natural delicioso para beber.

(Um pequenino à parte: bebi uma limonada com leite de coco que ainda hoje me deixa de água na boca...)

Fora das muralhas há algumas ruas coloniais, o castelo de São Felipe de Barajas e, em cima da única colina, um convento (achava que era de Santa Clara mas diz o Paulo que é de Santo Agostinho).

As zonas novas têm encantos naturais parecidos com o Rio de Janeiro (numa escala mais pequena), com o recorte da costa a fazer praias em plena cidade, e os desencantos da paisagem humanizada não planeada. Apesar disso, por não ser muito grande, é uma cidade que mantém o seu encanto praticamente intacto e um passeio no seu centro histórico numa carruagem puxada por cavalos é um momento absolutamente inesquecível.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Colômbia parte I: aventuras e desventuras nos aeroportos desta América Latina

As férias começaram numa fria madrugada porteña.

Contrariamente ao que temia, os radares do aeroporto e a meteorologia não nos decepcionaram. O que nos ia deixando em terra, isso sim, foi a velocidade (ou a falta dela!) do check-in para o voo Buenos Aires-Bogotá. Estivemos na fila mais de hora e meia e, quando chegámos ao balcão, lá pudemos compreender o porquê de tanta demora. A emissão dos cartões de embarque, bem como as demais operações, era feita manualmente. Sim, manualmente! O cartão de embarque vinha preenchido à mão... Enquanto o funcionário preenchia o dito cartão, era preciso ir a outro balcão pagar a taxa de entrada na Colômbia. Assim é, paga-se uma taxa para entrar no país.

A viagem é bastante longa, algo entre seis e sete horas. E estamos sempre na América do Sul! Estes passageiros dormiram o tempo quase todo porque a alvorada havia sido antes das cinco da manhã.

A escala em Bogotá foi, provavelmente, a escala mais rápida da história. A imigração foi completada em menos de nada, com acesso às filas preferenciais da tripulação e de diplomatas e umas meninas da Avianca, localizadas em pontos estratégicos, chamavam-nos e registavam o nosso progresso naquele jogo de pista em direcção ao terminal doméstico. Ali entrámos por uma porta e saímos imediatamente por outra, num verdadeiro "sem passar pela casa da partida nem receber dois contos". A ida à casa-de-banho foi um novo contra-relógio em que desembaraçar-me do cinto foi um problema.

Chegámos por fim ao avião e, uma hora e uns trocos depois, a Cartagena de Indias, a nossa primeira paragem na Colômbia, terra de calor húmido e mar caribenho, ceviche e outras iguarias com peixinho fresco.

Colômbia: introdução

Em primeiro lugar, desengane-se quem pensa que a Colômbia é toda igual àquilo que aparece nos filmes de Hollywood. A Colômbia que visitei é sítio de boa comida, peixe bem fresco e gente muito simpática. Já me estava a esquecer de que o castelhano que falam é o mais cortês e bonito que ouvi até agora: não há frase sem floreado e até a simples resposta a um "gracias" é um "con mucho gusto, para servirle".

Os primeiros três dias foram passados em Cartagena de Indias, uma cidade muralhada no mar das Caraíbas, ou seja, na costa colombiana atlântica. Daí voámos para San Andrés, uma ilha mais perto da Nicarágua que da Colômbia, mas que "por adopção" (como nos explicou o taxista assim que chegámos) pertencia a este último país. Os últimos três dias foram passados em Bogotá, que funcionou como plataforma de readaptação ao frio e à cidade.

Chegámos a Buenos Aires em dia de eleições municipais com o bom auspício do radar de Ezeiza e hoje foi o regresso ao trabalho.

Ora foi assim...

domingo, 24 de junho de 2007

De regresso

O radar cooperou tanto na ida como no regresso e hoje chegámos a uma Buenos Aires com -2ºC. O estágio em Bogotá, que está num planalto a 2800m sobre o nível do mar, ajudou a fazer a transição do calor tropical de San Andres para o Inverno austral.

Brevemente, neste "sítio do costume", relatos e imagens da Colômbia.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Colombia

Amanhã, se o nevoeiro e o radar do aeroporto de Ezeiza não se opuserem, lá vamos nós em direcção à Colômbia, país de grandes cidades, belas praias e espero que fantástica comida. Estou desejosa de comer peixinho fresco verdadeiro!

Estou ainda mais desejosa de visitar este país e de opôr àquilo que vou encontrar todas aquelas imagens feitas vendidas pelos filmes americanos e pela distância (mais que física, do desconhecimento) que separa a Colômbia da Europa. Para além de Gabriel García Márquez, Shakira, droga e violência, certamente que a Colômbia tem muito, muito mais para mostrar. Acho que só Bogotá tem mais habitantes que "todó" Portugal...!

Também estive a ver a previsão do tempo: ora em Buenos Aires amanhã vamos ter chuva e temperaturas entre os 3º e os 14º. Para Cartagena de las Indias, onde já vamos passar a tarde (lá está, se o radar cooperar), a previsão indica 31º!

Bem, tenho de ir escolher a roupa e fazer a mala! :D

A tareia

"A tareia" é o título das três minhas últimas noites: sonho leve, com pesadelos e uma sensação geral de "ter levado uma sova" ao acordar. Mudámos de colchão.

Tenho saudades do meu querido e já algo gasto colchão de Portugal. Até já tenho saudades do colchão IKEA que estava antes na cama. Agora é um ferrari (qual ferrari, eu gosto mais de porsche!) do mundo dos colchões, mas deixa-me toda dorida.

Como diria certa mini-pessoa (cujo nome não podemos revelar): "ai, fida!".

terça-feira, 12 de junho de 2007

Santo Antoninho, tao longe me vais ficando!

Até nem sou uma fanática das multidões e dos apertões característicos da data, mas não posso deixar de sentir alguma nostalgia quando penso na sangria má, na barulheira até de manhã, no cheiro a fritos das farturas e na sardinha com salada de tomate e pimento verde, no bailarico (nos últimos anos ao som de um sucedâneo de Ivete Sangalo) e na dor de pés ao final da noite.

Mas, agora que estou cá longe, todas estas coisas adquirem um carácter pitoresco e o saborzinho a Lisboa, a bairro e a Verão, trazem-me saudosa e suspirante.

Nitidamente as raparigas argentinas não precisam de pôr ao luar o nome dos seus pretendentes: são tão lindas de cair para o lado que o Santo António aqui não tem trabalho nenhum.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Diz que e uma especie de uniformizacao

Só que sem ser.

Este post também podia ter como título "formatos há muitos, seu palerma", porque é mesmo isso. É uma uniformização de formatos sem ser (qual A4, qual letter!) e a multiplicação da dimensão.

É que aqui na Argentina não há factura que tenha o mesmo formato que a seguinte. E que nem se pense que a largura máxima do envelope DL (esse sim, obedece à uniformização) constitui barreira à variedade de tamanhos. Cada folha é uma folha e, na sua autêntica unidade, tem um formato diferente da folha seguinte.

O dossier das facturas, que em Portugal fica tão arrumadinho (e gordo, pois...), cá é uma paleta de formatos de papel cujos modelos provavelmente nem nomes têm. A Telefónica, por exemplo, que é a mãe da Movistar (acho que não estou a cometer um grande erro, mas sabe-se lá!), tem uma factura com uma dimensão diferente da sua filha. Talvez porque a Movistar é filha e seja mais pequena? Não me parece. Uma é mais larga, a outra mais comprida. Ambas cabem no envelope, mas uma mais folgada, a outra menos.

Isto é um problema grande para uma designer! Eu gosto de ver as folhas arrumadinhas e com os furos para entrar no dossier no sítio certo, nem mais acima, nem mais abaixo! Mas não. Cá não. Agora a minha política é marcar-lhes o meio, a cada uma, e furá-las aí.

Quanto ao aspecto do dossier... nem vale a pena falar.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

As maravilhas da tecnica

Tenho vindo a descobrir as maravilhas do leitor mp3 que os meus pais me ofereceram de forma algo progressiva. Primeiro, delirei com o facto de ter rádio. Depois comecei a gostar de lá ter música. E agora descobri a maravilha dos podcasts. Estou feliz com esta descoberta porque é um óptimo substituto para a leitura enquanto almoço. Muito mais ergonómico também: como não posso pôr o livro dentro do prato e tenho a chamada "miopia" (embora os anglófonos o digam muito mais explicitamente com o seu "shortsighted"), às vezes não consigo ver bem as letritas e tenho de repetir tudo até me cansar.

E aqui surge a descoberta do podcast. Neste momento, subscrevo uns podcasts do Nuno Markl, umas coisas curtinhas para a palhaçada, e um podcast sobre ilustração, ilustradores e ilustradores-designers. São entrevistas que demoram cerca de hora, hora e meia e que brotam uma conversa informal para dentro dos meus ouvidos enquanto me reabasteço. É quase como se estivesse a almoçar com eles, mas sem ter de me preocupar com ter boas maneiras à mesa. Também ouço nas viagens de autocarro, embora aqui seja mais difícil por causa do ruído de fundo dos motores e das buzinas. Ou enquanto estou no supermercado, tentando perceber a diferença entre ovos brancos e castanhos.

Quando chego a casa, vou espreitar as páginas dos entrevistados e ver os seus trabalhos, para construir uma imagem visual do trabalho referido na entrevista.

Estou absolutamente rendida e já decidi que o próximo passo é um audiobook.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Telegoelando

Estamos em Junho!

Junho, para mim, era sinónimo de manjerico, calor, dias longos, decorações de papel pelas ruas, santos populares, sardinha assada, bailaricos improvisados e a minha fartura anual ("fartura anual" é ambíguo... explico-me: refiro-me especificamente ao frito coberto de açúcar e canela, na única vez que o como durante todo o ano).

Este ano, Junho é mais parecido com Novembro ou Dezembro, com frio, casacos e camisolas. Sim, e sol, é verdade, e vento. E nada de castanhas, porque as que encomendei na mercearia e que paguei a preço de ouro vinham podres.

Este ano, Junho é televisão! A primeira semana (esta que começa hoje - ou talvez ontem) é marcada pela "semana clímax" do WB Channel, em que todas séries têm o seu último episódio. Portanto prevejo uma barrigada de sofá, televisão como se não houvesse amanhã (ou próxima semana... o que será que vão pôr no ar na próxima semana?). E até calhou bem, dado que o Paulo está no Chile.

Bau in Rio, estás preparada? Podemos sempre ligar-nos pelo skype e ir comentando tudo durante no intervalo, o que te parece?

Encontro de Empresas de Design

Enquanto escrevo isto, decorre em Lisboa, na Fundação Portuguesa das Comunicações, o Encontro de Empresas de Design. Organizado por quatro designers com grande espírito de iniciativa (força, Margarida!), este Encontro pretende fornecer um espaço de discussão (e esperemos que de algum consenso) em termos das questões éticas e deontológicas da profissão. Isto num país onde o design ainda é uma disciplina bastante recente, com uma imagem percepcionada pelo público talvez bastante afastada da "realidade"; ou, melhor dizendo, daquilo que para mim é o design.

Na minha opinião, o design é compreendido pelo público como um atributo "bónus" de certa peça, algo que lhe é exterior e que se limita a algo estético: se tem "design", é mais bonito e, muito provavelmente, mais caro. Compreende-se então um objecto de "design" como tendo um certo carácter de obra de arte. Contudo, o design é uma disciplina que pretende a optimização da relação entre a forma do objecto e a respectiva função. De uma maneira simples, o design é uma disciplina de resolução de problemas. Tal como a arquitectura, diria eu, ou mesmo a medicina.

Claro que esta visão de "resolução de problemas" não combina em nada com a visão do design como luxo... Esta é a grande cisão dentro do design e entre designers. Mas adiante.

Voltando ao Encontro, que é o verdadeiro assunto deste post. Embora esteja longe de Portugal, acalento grandes expectativas em relação a esta ocasião de discussão de problemas que são comuns a todos os que praticam esta actividade em Portugal (e, quem sabe, noutras partes do mundo). Tenho esperança de que sejam consolidadas algumas directivas (ou sugestões de direcção!) que sejam consensuais na comunidade em relação a assuntos como a orçamentação de trabalhos ou a participação em concursos como forma de angariação de trabalho.

Estou curiosa por saber os resultados!

sexta-feira, 1 de junho de 2007

A descoberta da polvora ou talvez a maior invencao depois da roda

Os transportes colectivos em Buenos Aires são confusos. Sejamos justos: o metro (subte) não é assim tão confuso. Mas pode oferecer algumas armadilhas ocultas, nomeadamente em alguns acessos que só servem uma das direcções da estação em causa. Enfim, uma pessoa engana-se a primeira vez e depois já sabe.

O mesmo não se passa com os autocarros. Deve ser a rede de autocarros mais confusa que eu alguma vez vi na minha vida, embora devamos admitir que nem tudo é mau. O preço do bilhete, por exemplo, é ridiculamente baixo: custa cerca de 20 cêntimos de euro (oitenta centavos de peso); e a frequência de passagem também é surpreendente. Nunca se espera muito tempo.

Mas a verdade é que também há muitos aspectos negativos e eu demorei alguns meses a ousar entrar no mundo do autocarro porteño. E atenção que eu sou uma defensora do transporte público. A primeira vez mereceu um post aqui no blog. Sacudidelas, voltas pela cidade e o desconhecimento absoluto do itinerário e da localização das paragens de autocarro (saí na paragem "a seguir", porque só depois de se passar por ela se sabe qual é a melhor paragem). Ainda demorei um pouco a recuperar, mas quando comecei as aulas de castelhano aproveitei para me colar à colega inglesa que sabia que autocarro apanhar. E assim recomecei. E assim tomei conhecimento daquela que é a maior invenção depois da roda, a verdadeira pólvora porteña.

Trata-se de um guia de bolso da cidade.

O Guía T, o melhor amigo do homem (e da mulher) que precisa de andar de autocarro em Buenos Aires

No início há um índice de ruas e a esquematização das plantas da cidade. Depois, em cada página há uma planta, que se subdivide em sectores definidos por uma grelha ortogonal. Para cada sector, existe na página ao lado a lista dos autocarros que aí passam (não se sabe bem onde, mas em alguma das vinte ruas do quadrado). Aí, encontrados os pontos de partida e chegada, procuram-se coincidências nos números dos autocarros que lá passam.

À direita, a planta subdividida em quadradinhos; à esquerda, as linhas de autocarro que passam por cada um deles.

E pronto, a partir daí é consultar o itinerário da linha ou linhas que estão assinalados em ambos quadrados. Ou seja: ou se conhece bem, ou aventura total. Isto porque a descrição que lá se faz do circuito não é particularmente clara, como também existem paragens por todo o lado, com algumas a servir só uma linha - mas nunca a que nós queremos.

Do que mais gosto é dos desenhos dos autocarros!

Resumindo. O truque é ir com quem sabe. Mais nada.