terça-feira, 27 de novembro de 2012

Visita ao Canal do Panamá, do lado Atlântico

Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

No Domingo passado fizemos um daqueles passeios que tinha de aqui partilhar. Fomos visitar o Canal do Panamá, desta feita do lado Atlântico, mais concretamente as eclusas de Gatún.

O Canal do Panamá é uma construção artificial que aproveita determinadas características naturais do país, sendo a principal razão o facto de ser um istmo com apenas 80km de terra entre os dois oceanos. Além disso, é uma zona sismicamente estável e com muita chuva - verão que a precipitação é essencial ao funcionamento do canal.

O canal tem três sistemas de comportas que vencem as diferenças de cota entre ambas as margens e o lago artificial de Gatún, que se localiza a meio do percurso. Além disso, estas comportas ajudam a controlar o fluxo de água, para que corra sempre da terra - ou seja, do lago Gatún - para o mar - isto é, ambos os oceanos. Os três sistemas de comportas são, do Atlântico para o Pacífico, ou de Norte para Sul, Gatún (cujas fotos aqui mostro), Pedro Miguel (a uns 30km da Cidade do Panamá) e Miraflores (na Cidade).

Navio a passar nas Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

As eclusas de Gatún têm a particularidade de ser muito pouco turísticas, pelo que as tribunas de observação se encontram muito mais perto dos canais de água do que acontece em Miraflores. Vimos dois barcos a virem do Atlântico e a serem subidos na câmara mais perto de nós, depois a avançarem para mais uma câmara em direcção ao lado. Explicou-nos o guia que o capitão do barco tem de ceder os comandos ao capitão do canal. Os pilotos sobem para a ponte e controlam, juntamente com o pessoal de terra, a progressão dos barcos nas eclusas. Parece loucura, mas entre o casco dos barcos e as eclusas há apenas 60cm... é um passinho só!

Navio a passar nas Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Navio a passar nas Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Navio a passar nas Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Navio a passar nas Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Navio a passar nas Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Nas câmaras, os barcos são conduzidos por quatro reboques que circulam sobre carris, através de cabos em tensão presos tanto na proa como na popa. Dois de cada lado, ajustam a tensão para que o barco entre direitinho nas câmaras, sem incidentes.

Já na câmara, fecha-se a porta de trás e as águas sobem, vindas de um sistema de canais que permeiam as paredes, até chegarem ao mesmo nível das da câmara em frente. O movimento da água é feito através, simplesmente, da gravidade e as tinas são abastecidas pelo depósito de águas pluviais que é o lago Gatún. É por esta razão que a muita precipitação que aqui se faz sentir é tão importante para todo o processo. De momento, as águas passam de umas câmaras para as outras sem serem reutilizadas; nas ampliações que estão a ser feitas, foi criado um sistema de tinas que recupera cerca de 60% da água utilizada, sendo assim menor a dependência do nível de água no lago.

Quando o nível da câmara de baixo atinge o da câmara imediatamente seguinte, abrem-se as comportas à proa do barco, que avança para o próximo passo. O princípio é muito simples, mas a execução de engenharia é complexa. Parece uma obra de lego, em tamanho gigante, em que tudo funciona perfeitamente, tudo encaixa na perfeição. Todos trabalham em conjunto e harmonia e o resultado é fascinante, mesmo para quem não aprecia estas grandes estruturas.


Navio a passar nas Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Navio a passar nas Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Navio a passar nas Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Navio a passar nas Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

O Canal do Panamá está a sofrer ampliações nas suas comportas para poderem suportar mais fluxo, devido à grande procura. Para o país, o Canal é uma mina de ouro, gerida e mantida com muita atenção ao detalhe.

Terceira eclusa em Gatún, Canal do Panamá

Terceira eclusa em Gatún, Canal do Panamá

Na ampliação do canal em Colón, do lado Atlântico, foi construído um centro de visitantes, com miradouro, centro de interpretação e auditório. A funcionária que aqui nos atendeu respondeu a todas as perguntas que lhe fizemos, com muita sabedoria e segurança. Fomos magistralmente atendidos por todos, desde empregados de limpeza, seguranças, até ao pessoal técnico.

De lá de cima, contam-se pelo menos vinte e oito gruas a trabalhar, muitos operários, maquinaria, andaimes. É uma visão impressionante que faz lembrar aquele show dos anos 80 do Jim Henson, com uns operários muito pequeninos e fofos (eram os Marretas? Não me recordo... Quem ajuda?). A visão é absolutamente impressionante, é impressionante pensar que ali está a ser construída uma estrutura gigantesca, que dentro de alguns anos vai estar tapada pela água.

No final da visita, queríamos atravessar o canal através de uma ponte que é estendida ou guardada conforme há barcos a passar ou não. Do outro lado, há uma povoação chamada San Lorenzo, onde existe uma marina com um restaurante. Infelizmente não conseguimos lá chegar porque a estrada após a ponte estava cortada. Devido ao forte temporal que se estava a fazer sentir (aliás, a chuva é visível em quase todas as fotografias), tinha havido um deslizamento de terras que impossibilitava o trânsito automóvel. Mesmo assim, atravessámos a ponte para ir e imediatamente voltar. Nesse percurso consegui captar estas imagens.

Ponte sobre as Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Ponte sobre as Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

Eclusas de Gatún, Canal do Panamá

É uma visita imperdível, e até já tenho vontade de voltar para ver os progressos nas obras.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Na Flórida, parques temáticos

Tanto eu como o Príncipe tínhamos, em criança (e não tão criança) visitado os parques temáticos da Disney (eu também tinha visitado o da Universal Studios, na Califórnia, aos onze anos). Por isso, ambos tínhamos vontade de revisitar e, quem sabe, voltar a sentir a magia que nos lembrávamos de ter sentido.

Tínhamos alguns dias e pensávamos que os íamos encher de parques temáticos. Não foi o caso, porque ao segundo dia já bastava, mas esses dois dias foram muito apreciados e aproveitados.

No primeiro, comprámos bilhete para visitar o Islands of Adventure, no complexo da Universal Studios. Neste complexo há dois parques, uma zona de lazer com restaurantes e lojas, para a qual não é necessário adquirir bilhete. Há também um hotel. Nós decidimo-nos por só comprar bilhete para um parque, e estou convencida de que fizemos bem.

Chegámos pela fresca, assim que abriu. Delirei com a arrumação dos carros no parque de estacionamento: havia funcionários que iam organizando o preenchimento dos lugares não pela vontade dos condutores mas por ordem. O primeiro carro ficava no último lugar da última fila, o penúltimo imediatamente ao lado. Assim que se preenchia a última, avançava-se para a penúltima e repetia-se o processo. Assim deixámos o carro num instante e preparámo-nos para um dia de muita caminhada.

Harry Potter neighbourhood at Universal's Islands of Adventure

Harry Potter neighbourhood at Universal's Islands of Adventure

Harry Potter neighbourhood at Universal's Islands of Adventure

Primeira paragem, o bairro do Harry Potter. Esta secção é recente e tem duas grandes montanhas-russas, uma mais pequena ("familiar", como lhe chamam) e outras atracções divertidas. Muitas lojas, onde é possível comprar roupa, varinhas mágicas, capas, enfim, mercadoria relacionada com o tema. Confesso, não sou fã: mas o bairro está muito bonito, a imitar uma vila medieval inglesa, com casas inclinadas, telhados nevados e umas barricas onde se vendiam bebidas e lanches.

A bebida favorita da zona é a butterbeer, que nós também quisemos experimentar. Imediatamente foi eleita a pior coisa de todas as férias, e conseguiu manter o lugar até ao fim dos quinze dias. Feito impressionante e indiscutível, a butterbeer é um refrigerante com sabor a caramelo, talvez a bolacha de caramelo, com gás. E... bem, para mim, intragável. Mas uma experiência interessante.

Candy for Harry!

At Islands of Adventure

Look!

As montanhas-russas da zona são muito giras, movidas e cheias de altos e baixos, mas a mais impressionante é a do Hulk. Foi também eleita como a melhor do dia, e foi bem divertida. Quando fomos, comecei por sofrer um bocadinho de medo, acabei a sofrer de falta de equilíbrio, mas o percurso tem uma surpresa, logo ao início, que acaba por marcar todo o itinerário de altos e baixos. O Príncipe repetiu e eu tirei-lhe várias fotografias. Quem o encontra?

The Hulk roller coaster

No dia seguinte fomos para o conjunto de parques da Disney, com um bilhete multi-parques nas mãos. Visitámos o Epcot Center, em primeiro lugar, e depois apanhámos o monorail para o Magic Kingdom.

Epcot Center Dome

O Príncipe queria rever o primeiro por ter lembranças dignas de ficção científica de quando tinha visitado, há 26 anos atrás. Pois bem, o Epcot Center continua praticamente como estava nessa altura. Depois tem uma parte, à volta de um lago, com representações de vários países. Pagodes na China, pizzarias na Itália, templos japoneses, enfim, não muito interessante para quem tem vontade de visitar os próprios países, não o pedaço feito de gesso.

Main Street

Band on Main Street

Dali fomos para o Magic Kingdom, a "Disneylândia" pura, com paradas, a Avenida Principal, o castelo das princesas ao fundo. O ambiente, esse, continua mágico. A secção chamada "Tomorrowland" parece mais "Yesterdayland", mas mesmo assim tem atracções novas e as antigas continuam a ser divertidas.

(Aqui entre nós, a senhora que ia atrás de mim na Space Mountain soltou um só grito... contínuo, do princípio ao fim da viagem.)

Fun!

Look, it's a quilt!

The castle, by day

O dia foi muito bem passado, entre passeios, ilha do Tom Sawyer, casa assombrada, a casa da família Robinson (com uma colcha de retalhos na cama), os cortejos (que continuam a ser contagiantes) e o melhor de tudo, mas bonito mesmo, emocionante mesmo, foi o fogo de artifício, a rebentar ao som de canções da Disney, atrás do castelo das princesas.

Tomorrowland in Magic Kingdom, Disney

Castle in Magic Kingdom, Disney, Orlando

Tal como o nome promete, foi mágico. E de barriga saciada de magia, voltámos para o hotel para o mais que merecido descanso.

Fireworks in Magic Kingdom, Disney, Orlando

Tenho mais fotos aqui. E mais relatos para breve!

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Flórida

No Panamá, os feriados concentram-se praticamente todos no mês de Novembro. Pura coincidência, já que não programaram as suas independências de modo a ter mais feriados seguidos. O que acaba por acontecer é que se geram umas mini-férias, por muitos tidas como o início não-oficial do "Verão".

(Abro parêntesis para dizer que a estação seca, que por acaso até é no Inverno, acontece entre Janeiro e Março e é precisamente neste período que se dá o período de férias escolares. Fecho parêntesis e volto ao relato.)

Nós decidimos aproveitar como temos aproveitado muitos dos passeios que fazemos: abrimos a página da Copa, a companhia aérea local, irmã da United-Continental, e vemos que promoções há. Assim fomos parar à Flórida, primeira etapa desta viagem. Aproveitámos para visitar (e eu, para conhecer) um tio do Príncipe. Acho que lhe podemos chamar Real Tio, com todo o carinho e admiração, que ele merece isso e muito mais.

Alugámos um carro em Orlando e rumámos a Venice Beach. Desconhecia por completo a geografia da Flórida (vá, algo sabia), por isso foi com surpresa que vi a paisagem sub-tropical que têm, com um mar azul a perder de vista e um céu azul que no Panamá raramente vemos.

Siesta Key, Florida

Siesta Key, Florida

IMG_1274

Perto de Venice, localiza-se Sarasota (houve alguma dificuldade em aprender este nome, até porque lá para cima há uma chamada Saratoga. Estão a ver a confusão) e ali perto uma praia maravilhosa, no golfo do México, chamada Siesta Key. Esta praia tem várias particularidades, uma delas (a mais importante para muita gente) é que tem a água muito quente. Mas a outra, mais surpreendente para mim, foi o facto de a areia ser em pó e, mais ainda, ser fria. Fria, com o sol a pique, na Flórida. Fria. O que nos explicaram foi que por ser muito branca não absorve a energia térmica do sol, reflectindo a radiação. E que me dizem disto? Só posso dizer que foi algo extremamente inovador não ter que ir a correr, em bicos de pés, pela praia fora até chegar ao mar.

Venice é uma cidade adormecida que vive a sua época alta durante o Inverno. Enquanto que mais a norte se vive com nevões e muito frio, a Flórida goza de um clima muito temperado. A temperatura desce um par de dias por ano, e acender a lareira na passagem do ano é um evento. Na avenida principal têm jardins, lojas e restaurantes.

Venice, Florida

É lá também que se localiza a estação de correios (de onde enviei uma encomenda para a minha Tia C.) e esta sapataria. Atentem na montra:

Look! Fly sandals in Venice!

Vêem?

Outro evento local é ir ver o pôr-do-sol ao pontão. É realmente maravilhoso:

Sunset in Venice Beach

Depois de dois dias na costa ocidental da Flórida, voltámos a Orlando para uns dias de Disney e Universal. Mas isso fica para outro post.

Mais fotografias aqui.