terça-feira, 7 de agosto de 2007

Quebrada de Humahuaca











O que há de lindo em Jujuy está fora da cidade, mas dentro da província, que se divide em zonas turísticas de acordo com os ecossistemas. Têm a zona de selva, a zona dos vales, a zona dos salares e a da Quebrada de Humahuaca, que foi a que visitámos.

É uma paisagem desértica, seca, poeirenta e ventosa, mas o olhar nunca se cansa. Nem sequer posso dizer que a cada curva temos uma vista linda, porque a estrada raramente tem curvas. Mas a vista, essa, é sempre linda. Linda na sua versão abandonada, hostil e luminosa, tudo em partes iguais. No aconchego do aquecimento do carro, não sentimos o frio nem o vento, apenas o ar seco. Sequíssimo, na verdade, a humidade não ultrapassa os vinte e poucos pontos percentuais. A temperatura varia entre cerca dos zero graus e os vinte e qualquer coisa a meio do dia. À sombra, treme-se, seja a que hora for. Para combater a amplitude térmica, as construções típicas dos índios locais são construídas em adobe e têm a capacidade de manter a temperatura interior entre os 15º e os 20º C.

A pouca vegetação resume-se a cactos e a plantas espinhosas mas, segundo nos conta Omar, o guia turístico mais nostálgico da sociedade patriarcal que alguma vez conheci, a terra é tão fértil que basta atirar as sementes à terra. E regar com a (pouca) água do Rio Grande (que talvez seja grande em comprimento, não em caudal, pelo menos em dez dos doze meses do ano).

Ao longo da estrada, surgem aqui e ali uns aglomerados urbanos. Custa acreditar que haja quem viva aqui, todo o ano, por escolha própria. Mas sim. E muitas das aldeias foram posteriormente colonizadas pelos espanhóis, com o seu característico urbanismo ortogonal, praça de armas, igreja e cabildo.

O mate de coca faz o seu quinhão para ajudar a aclimatização (rima e é verdade), mas a altitude e a secura dão-me sonolência. Acrescido ao facto de a noite ter sido dura com a noite mal dormida na residencial. Adormeço no caminho de regresso, mas só depois de me certificar de haver visto a paleta dos pintores, uma sucessão de formações geológicas coloridas pela combinação vencedora dos minerais.

À chegada a Jujuy, a alma cheia de espaço e de paisagem; a mente já ocupada a pensar na última noite de Rio de Janeiro, a residencial de todos os horrores.

1 comentário:

Bau disse...

Os padrões muito bonitos, as fotografias muito apetitosas, os posts muito engraçados. Apenas uma ressalva: não confundir hospedaria Rio de Janeiro com a cidade. Essa é maravilhosa, estamos entendidas? Uhm! Baláber! ;)