domingo, 15 de novembro de 2009

O meu marido é um guerreiro ninja

Ontem andávamos nós a passear e a fotografar jacarandás em flor, sentados - quase literalmente - na nuvem mais cor-de-rosa do mundo, quando de repente aconteceu o que jamais me tinha acontecido: fomos quase vítimas de um assalto.

Tudo se passou muito rapidamente e o que me lembro daqueles poucos segundos são meros flashes: no primeiro, senti dois vultos atrás e muito perto de nós. O meu pensamento, alguém que o Paulo conhece. No segundo momento, a pessoa do meu lado agarrou-se à minha mão, a que levava a máquina fotográfica. Perguntou-me "me pasás esto?" e começou a fazer força para me fazer largar a máquina. Nesse instante, da surpresa dos amigos passou rapidamente para a clareza do "isto é um assalto!" e aí gritei. Primeiro, gritei-lhe que não, que não. Fiz força para conservar a máquina na mão - e consegui, graças à correia de segurança que anda sempre, mas sempre enrolada no pulso. A miúda - nesta altura já tinha percebido que eram duas miúdas, garotas aí pelos seus vinte anos, com idade para ter juízo - só me conseguiu agarrar a bolsa da máquina e afastou-se com ela, vitoriosa, até que percebeu que lá dentro não ia nada.

A seguir, o terceiro momento, aquele que eu denomino de "instante-guerreiro-ninja": vejo o Paulo no ar, perna em riste, a dar um enorme pontapé à outra miúda. Nesse momento, percebi que a sorte estava do nosso lado, pois elas começaram a afastar-se, certamente com pouca vontade de lutar.

Conta o Paulo que, ao princípio, também tinha pensado que fosse alguém conhecido a pregar-nos uma partida (de gosto duvidoso, acrescente-se) e que, quando me ouviu gritar, percebeu que não. Sentiu uma pressão: pensamos que a ajudante lhe encostou uma chave às costas para ele se sentir ameaçado e não reagir. Contudo, ao ouvir-me gritar, defendeu-se como sabia ter mais efeito, que foi com um pontapé no flanco. A chiquita hoje deve ter acordado com uma valente nódoa negra, no mínimo.

Toda esta acção, que durou uns meros segundos (que pareceram dias), revelou-me algo que eu não sabia: quando chegou o momento de libertar a adrenalina e a agressividade da cena, saíram-me impropérios tanto em português como em castelhano, de forma igualmente natural. O Paulo comentou mais tarde que nunca me tinha ouvido dizer tantas asneiras; olhando para trás, eu não disse muitas asneiras, eu repeti-as foi muitas vezes.

Resumindo: Mães, estamos bem. Paulo+Billy, 1; miúdas parvas que nem sequer estavam a roubar para comer, já que pela compleição física se podiam perceber uns quantos alfajores a mais, 0.

7 comentários:

Bau disse...

Yeah! Não lhes disseste "toma que já almoçaste!", "vão-se encher de moscas!" e "vai-t'a comer um ganda boi!"? Não? Como é que é isto tudo em castelhano? Repito... YEAH! Pena o rotativo do Paulo não ter apanhado as duas meliantes. Não há paciência para a gandulagem, sobretudo aquela da estirpe "só-porque-sim"!

Mariana Ramos disse...

Que susto! (pai e mãe em simultâneo).
Onde é que isso se passou? A miúda deixou-te a capa da máquina? Apareceu alguém, polícia, transeuntes, etc?
Lembro-me que também fiquei muito zangada e gritei muito ao "nosso assaltante do 12º andar, em Macau".
Será de família?
Beijinhos e boa semana, sem percalços!
M

Trinca Tricot disse...

Bem isso é que foi coragem, o facto de teres dito algumas asneirase impropérios é normal, tipicamente de quem é português, já me aconteceu uma situação semelhante e também estava com o meu marido, foi tudo mt surreal e acredita, também não tenho mt paciência para esse tipo de situações, mas ainda bem que correu tudo bem. Beijinhos bons...

alcinda leal disse...

Mais uma vez te digo que é nestas situações que nos conhecemos verdadeiramente, e não me refiro aos palavrões, mas à garra com que tu e o teu ninja se defenderam!
O que vem a seguir é a adrenalina a funcionar...
Beijinhos
Tia Alcinda

Billy disse...

Mãe, a cena passou-se perto do jardim da flor de metal, entre a Figueiroa Alcorta e a Libertador. Depois passou um transeunte que ficou sem saber se ajudar, se não, mas a essa altura já tudo tinha acabado.

Bau, foi mais ou menos isso que lhes disse às miúdas... ;)

Sónia, não faço ideia se é de ser portuguesa que me saíram tantos impropérios, acho que foi mais a adrenalina! :D

Tia, o guerreiro ninja realmente é fora de série. :) Acho que nenhum dos dois sabia que o outro ia reagir assim, foi uma coisa totalmente instintiva. Ainda bem que tudo acabou bem!

Anónimo disse...

Ufa!Ainda bem que tudo já passou!Reagiram os dois muito bem.
Os vossos sentidos não estavam só despertos para a beleza das jacarandás!
Esse instinto rápido de defesa está de 5 estrelas!
Sempre vale apena o ginásio e a vida saudável.
Falei hoje com o "ninja" e não me disse nada!...
Ainda bem que o dom da escrita está bem entregue!

Beijinhos
Fátima

Unknown disse...

Um assalto bem argento mesmo. Mas que coisa. Ao menos ficaste com a câmera. Mas o susto vais a guardar pra sempre.

Que bom que estão bem. Da próxima vez, gritále "MIERDA CARAJO!" hahaha

Beijos
Bruno Silva
http://www.ladobdocassete.com.br