Não sei bem se se sou só eu a sofrer de déficit de mar, mas que sofro, sofro. E quando vejo o mar, quando sei que vou estar na praia, que vou ver ondas e sentir o ar cheio de sal na cara, encho-me de uma euforia qualquer que nem sabia que podia sentir. A verdade é que peixe que sempre viveu com as ondas a dois passos não sabe viver em cidade como esta, a pelo menos quatro horas de distância da praia mais próxima.
O Verão em Buenos Aires é abafado e asfixiante: à muita humidade que vem do rio juntam-se temperaturas altas e ausência de ar condicionado. Não é muito agradável. É nesta altura do ano que eu sou fã de centros comerciais porque, adivinharam, lá a temperatura é mais baixa que em casa. Felizmente, aqui relativamente perto, temos a costa uruguaia, linda, linda, vagamente parecida com a costa portuguesa, mas em grande, em extenso e com vacas.
Voámos para Punta del Este, cidade que poderia parecer uma qualquer Quarteira ou Albufeira do sul do Portugal, mas que é de longe muito mais cuidada, organizada, e sem nada daquele urbanismo bárbaro e selvagem que desfigurou uma boa parte da orla costeira do nosso país. No Uruguai, começaram tarde, mas felizmente com bastante cuidado. Nem tudo é perfeito - afinal de contas, temos uma via rápida a passar entre as casas e a praia, sem qualquer acesso pedonal que comunique a zona residencial com o areal. Mas, de resto, arruma num cantinho os projectos imobiliários balneares que vemos em Portugal. Além disso, o Uruguai tem a seu favor a baixa densidade de construção: apesar de serem um dos países mais pequenos da América do Sul, têm muito espaço para pouca gente (e muita vaca).
O mar é lindo e bravo, numas praias, lindo e manso, noutras. Ficámos acidentalmente alojados no meio da nata da sociedade argentina veraneante, mas numa ilha em forma de pousada com um ambiente tão familiar que a criançada ia jantar já de pijama. Já disse que foi uma maravilha? Foi uma maravilha. Perguntem à mãe do Príncipe, ela confirma.
Um dia, de carro, fizemos um passeio que nos levou a sítios que nem apareciamm assinalados no mapa: entre uma estrada de lama e a praia estendiam-se dunas sem fim, de vegetação rasteira - e algumas vacas - e, lá ao fundo, o mar bravo e de ondas altas.
Continuando costa acima, em direcção ao Brasil, fomos de terrinha em terrinha parar ao Cabo Polónio, uma aldeia perdida dentro de um parque natural onde a luz eléctrica só chega ao farol. Paragem preferida dos hippies, que convidam os visitantes a
desapegar-se dos bens materiais, é uma terra linda vista de longe, mal-cheirosa vista de perto. Parece que a falta de energia eléctrica também é sinónimo de falta de esgotos. Outra particularidade desta aldeia é o acesso, que é feito nuns camiões adaptados com uma estrutura metálica tipo galeão: os passageiros empoleiram-se lá e assim fazemos os poucos quilómetros que nos separam da entrada do parque, numa paisagem de pinhal, terra batida e praia a perder de vista. A vantagem clara é que não há carros a circular - e nada paga a alegria de estar lá em cima, a ver o mar e a receber o vento salgado na cara. Maravilha.
Voltar a Buenos Aires é um choque: depois do ritmo relaxado que se respira na margem oriental do Rio da Prata, esta cidade, que tem tudo menos "bons ares", é abafada, movimentada, demasiado densa. Mas é casa.
10 comentários:
Bonitas imagens, acompanhads de boas explicações.
Beijinhos
M
billyzinha... ADORO as fotos!!!! :)
beijo grande-grande.
UAAA! OU LENG-AAA! O texto, as fotos, e sobretudo a moça que aparece em plano aproximado na primeira das ditas. Magotes de beijinhos, g
Obrigada a todos!
Ri, quando tiveres tempo vê uma aplicação chamada "poladroid". É um caminho só de ida! :)
Querida Ana, você está linda na primeira foto! (Quero uma cópia!). Sim, o Uruguai também é lindo, mas não concordo com você quanto a Buenos Aires: ela também é linda! Besos!
Fernandinha, é sempre bom ler os teus comentários. :) Eu também gosto de BsAs, mas em termos de "ares bons", o Uruguai ganha aos pontos. Tem vento do oceano para refrescar e contra isso não há rio de la Plata que nos safe.
És uma boa "travel writer", sabias? :-) Adorei as fotos e fui logo tentar instalar a tal aplicação, mas não funciona :-(
Oh, V, obrigada!
(não funciona? talvez reinstalar?)
Tenho andado para te dizer... adorei as fotos! :-)
Obrigada, Kel! É preciso ver que muitas delas (aquelas em que eu apareço) foram tiradas pelo Príncipe. :)
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