segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Pelas ruas do centro

Santa Ana, #pty

Santa Ana, #pty

Calidonia, #pty

Calidonia, #pty

In the taxi. #pty

Na sexta-feira passada fui ao centro comprar tecidos. Não foi uma viagem sem incidentes, já que o que queria comprar parece ser oro en polvo, expressão nicaraguense que me ensinaram e que designa aquilo que é um verdadeiro tesouro. Pois é, caros leitores, eu queria comprar... fibra polar. Sim senhores, fibra polar para as mantas de inverno do abbrigate*. Eu não sabia, porque foi precisamente no Panamá que comprei fibra polar da última vez, mas aqui, o polar é mais raro que os dias de céu azul e encontrá-lo foi uma verdadeira odisseia.

Em 8 das 10 lojas que visitei, tentaram convencer-me de que o que eu queria mesmo era feltro, e de que era exactamente a mesma coisa. Dei-lhes a tocar a amostra que tinha, e nem mesmo assim as vendedoras se convenciam do que lhes dizia.

Numa das lojas que visitei, farta já de ter vendedoras que nada percebem, nada sabem, e ainda por cima dão informações erradas, pus-me à procura e encontrei um rolo inteirinho de polar, em tamanho suficiente para cobertores de cama. Fui chamar a vendedora, que me disse que era feltro. (Não era. Era polar.) Que sim, que era, e que comprasse de outro rolo que ali estava em exposição. E eu que não, que não era a mesma coisa, ora que tocasse e comparasse (nem isso funcionou).

Depois disse-me que não podia ser, que aquilo era o depósito e que aquele rolo não estava à venda. Relembro aqui que a este ponto já tinha estado em oito lojas diferentes, com respostas a variar entre o no le sabría decir e o não directo. A frustração, a este ponto, já era grande.

Nem vale a pena contar o resto: o que é certo é que eu não comprei o polar, zanguei-me com as vendedoras, que não me atenderam como deviam nem se deram ao trabalho de olhar para mim nos olhos. Não interromperam o que estavam a fazer nem nada. Saí da loja a insultá-las mentalmente, mais à falta de cortesia no serviço. Mandaram-me a outra loja da cadeia sem sequer ligarem para lá a ver se tinham a mercadoria!

Finalmente, na última loja - e não, não era a da outra cadeia - encontrei o último rolo de polar. Esgotei o stock e não foi com surpresa que ouvi que não devia vir mais, mas que também não me sabiam dizer ao certo (nunca ninguém sabe dizer nada ao certo).

As fotografias que vêem acima são detalhes que fui encontrando enquanto procurava o que queria. Adorei descobrir pequenas ilhas de beleza no meio da cidade deteriorada e cada vez me convenço mais de que, em algum momento da história recente, esta cidade deve ter sido bonita.

2 comentários:

Anónimo disse...

E é nesses momentos em que achamos que vale a pena (vale?) viver neste cantinho. Tenho cá um medo que isto se estrague de vez, com todos os disparates que se fazem por cá... pelo menos uma coisa é certa: nesta altura já ninguém quer ser como os países do Norte. O que queremos ser, ainda está por descobrir, mas talvez pudesse passar por sermos mais como somos... enfim, desabafos em noite de (mais) más notícias sobre impostos.
Beijinhos para ti!
fungaga

Billy disse...

Também acho que vale a pena viver nesse cantinho, mas parece-me ser pequeno demais para nós portugueses e para o nosso governo... ;)

Beijinhos para ti também, Fungagá!