domingo, 5 de julho de 2009

Fim-de-semana de reclusão (ou talvez não)



Cá por estas bandas anda um alerta generalizado pela gripe A. E olá se há muito para contar sobre o assunto! Começando pelo princípio, até ao dia 28 de Junho, dia das eleições, não houve gripe. Não é não houve gripe nos media, não, é não houve gripe. Houve um bocadinho, aqui e ali, mas estava tudo controladíssimo.

No dia 28, os resultados das eleições dão um valente golpe na confiança da dinastia K. No dia 29, aparece a gripe. Em força. De repente, há milhares de infectados, centenas de casos graves e dezenas de vítimas mortais. Alguns canais de televisão falam em 100 000 infectados e hoje o dado é de 55 mortes confirmadas. Encerram-se escolas, antecipando as férias de Inverno, e fala-se em fechar lojas, centros comerciais, cinemas e teatros.

Ora nesta altura do campeonato decido ir consultar o site da Organização Mundial de Saúde, mais especificamente os dados relativos ao dia 3 de Julho. Quantos infectados na Argentina? 1587. Vítimas mortais? 26.

Sem querer de alguma forma desrespeitar as memórias e as famílias de quem faleceu vítima da gripe (ou vítima de outra doença pré-existente, que foi agudizada pela gripe), convenhamos que 1587 infectados está muito, muito longe dos 100 000 de que tanto se fala.

Um dos primeiros artigos que li no início da histeria pela pandemia da gripe suína comparava a mortalidade da gripe A com a mortalidade da malária, dizendo que esta matava uma pessoa cada 30 segundos. O problema é que as pessoas que morrem por malária vêm de países pobres e acabam por não constituir de forma alguma uma preocupação para quem vive em países mais desenvolvidos. Digamos que a malária não é tão rentável como... uma gripe.

Quem ganha com a instalação do pânico da gripe? Ganha quem produz as drogas anti-virais, o álcool em gel, as máscaras; no caso argentino, e quiçá também noutros contextos, ganhará também quem usa a história para desviar a atenção da opinião pública da realidade política que se vive.

Os media locais vivem da veiculação da cultura do medo: é a questão da insegurança, com as notícias sensacionalistas de assaltos e tiroteios que preenchem telejornais inteiros (a par com o futebol e o tempo); agora, a gripe, que ofusca toda e qualquer notícia que possa ter alguma relevância (passou-se por alto o "episódio" das eleições no Irão; do conflito no Sri Lanka?... o que é o Sri Lanka? Conflito?). Como será quando chegar a Primavera e aumentar o risco da dengue? Ora aí está uma coisa que me preocupa, já que morre mais gente por dengue que por gripe!

Com toda esta paranóia, no Inverno do ano que vem vou esperar que se fechem as escolas durante um mês, se adiem exames e que se fechem lojas e cinemas, já que, afinal de contas, todos os anos há uma gripe no ar.

Tenhamos cuidado e prudência, mas nada de pânico!

3 comentários:

Mariana Ramos disse...

De acordo.
Beijinhos
Mãe

Ana disse...

OK! Mas, à cautela, anda com a mascarilha (ou então com o passa montanhas que tricotaste).
Beijinhos
Ana
PS: Logo à noite skypamos? Tenho saudades!

MO disse...

Tu cuida-te miúda!
Por aqui a gripe ameaça também.
Ontem estava em Viseu e telefonou um amigo dizendo "fecharam as urgências do Hospital por causa da gripe!" Azar o nosso que, em vez de abrirem, fecham quando há problemas...