Há dias em que a má vizinhança não tem ar esquisito nem andrajoso. Há dias em que a má vizinhança é assim: exuberante, bonita até, mas totalmente inconveniente.
Esta foto de fogo de artifício (visto de cima!) foi tirada às onze da noite. Até aqui tudo bem. O problema é que houve nova saraivada de luz, cor e muito som à uma e meia da manhã. Já dá para ver o problema...
O Club Unión - ou o sócio que usou as suas instalações na noite de 25 para 26 de Março - é o responsável pela noite mais mal dormida de todos os prédios que circundam as suas instalações. A festa foi rija até às seis da manhã, com música tão alta que parecia que tínhamos a aparelhagem ligada, no quarto, aos berros.
Eu dormitava e ia acordando e a minha irritação escalava e escalava: a canção "I got a feeling" passou umas três ou quatro vezes durante a noite. Será que o DJ não tinha mais canções para ir variando? E então quando ele perguntava ao seu público em êxtase:
"nos vamos a dormir?". Imediatamente gritava a resposta:
"Noooooooooo!"
Nem ele, nem os convivas, nem ninguém dormiu naquela noite.
Na noite seguinte, liguei para o Club Unión quando ouvi os primeiros acordes da música de nova festa. Fiquei a saber que:
- a segurança nada pode fazer para controlar o nível de ruído produzido pelos festivaleiros de serviço. Pode recomendar ao sócio que baixe o volume da música, mas este tem poder de veto nessa decisão.
- não vale a pena chamar a polícia, já que o Club Unión dispõe de todas as autorizações camarárias para rebentar fogos de artifício (à uma da manhã, aparentemente, também).
- não vale a pena invocar regulamentos anti-ruído ou até o bom e velho sentido comum: quem manda é o sócio.
E sabem uma coisa? Para se ser sócio do Club Unión paga-se uma jóia de dezenas de milhares de dólares, mais uma quota que não está a preço de saldo e ainda se compra uma acção. Como é a prestações, desconfio que não deve ser barata.
Ficamos a saber que o dinheiro compra um diploma, arrogância e prepotência; mas não compra educação.
Em jeito de p.s., conto que as festas do fim-de-semana passado já tiveram o volume mais baixo, apesar de durarem até de madrugada. Recorri ao velho truque do tampão no ouvido, que, apesar de incómodo, me garante mais descanso e um dia seguinte mais agradável que não o usando.
Eu seja santa.
5 comentários:
Ah, os panamenhos se parecem com os brasileiros...
Já tive duas dessas experiências alucinantes, em parques de campismo, onde supostamente estaríamos a apreciar o silêncio da natureza. Em ambos os casos, eram festas mesmo ao pé e não dentro do parque. E não houve nada a fazer. Frustrante, não é?
fungaga
Ui, Karen, costumas ter este problema?
Sim, Fungagá, é muito frustrante! Como é que resolveram a coisa? E a lei anti-ruído não vos serviu de nada?
Sim, com vizinhos que resolvem fazer festas e esperam que todos participem... rs
Não, Billy, não houve mesmo nada a fazer. Num dos casos, era uma especie de DJ, podre de bêbado, que insistiu em continuar a por música (e a falar por cima) até altas horas e, pelos vistos, ninguém o impediu. Noutro, era o concerto de 15 de Agosto das festas locais (só que não era música pimba nem acordeão, eram covers superamplificados de rock). E quem é que vai parar as festas anuais da aldeia? Dessa vez, já tinha os miúdos e ainda por cima a R. estava doente, fiquei mesmo danada. O pessoal lá do parque fartou-se de pedir desculpa, mesmo sem a culpa ser deles.
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