segunda-feira, 6 de junho de 2011

Passos para um início de semana infeliz

Estamos sem água há 48 horas.

Sexta-feira à noite recebemos um pequenino recado da administração do edifício a avisar que vamos ter um corte no abastecimento de água no Sábado, entre as 9 da manhã e as 9 da noite. Adorámos saber com toda essa antecipação e pusemo-nos a encher baldes e panelas com água.

Sábado tivemos água durante todo o dia, já que o edifício dispõe de reservatório próprio para estas ocasiões. À noite, ao chegar a casa e cheios de vontade de um duchinho antes de ir dormir, nada: torneira sequinha, sequinha, como se este não fosse um país tropical onde chove a cântaros praticamente todos os dias da estação húmida (a tal que dura nove meses e na qual nos encontramos).

Domingo de manhã aquecemos a água das panelas e tomamos um belo duche vintage, isto é, de alguidar. O prognóstico é que daí a duas horas o abastecimento se regularizaria.

Domingo à noite, nada de água. Torneira seca, sequinha, aliás tal como esta manhã, segunda. Continuo a aproveitar a água do desumidificador para lavar as mãos e tivemos, por breves minutos, um pouco de água potável pela torneira: enchi uma panela e fiz um chá para beber durante o dia.

O IDAAN, organismo responsável, diz que a válvula que estiveram a reparar avariou no momento em que voltaram a ligar a água no Sábado à noite. A administração do nosso edifício, responsável pelo nível de água no reservatório, diz que ontem comprou dez mil galões de água. Desses dez mil galões, eu enchi a tal panela. Já fizeram circular um memorando pelo edifício em que, basicamente, se isentam de qualquer responsabilidade, atirando em todas as direcções: no IDAAN, que não há forma de dar uma previsão nem de terminar de arranjar a mencionada válvula; nos moradores do prédio, que usaram a água de forma pouco racional. Só se esquecem deles próprios, que não conseguiram manter o volume de água no reservatório num nível aceitável.

No meio disto tudo, os andares mais altos são os últimos a receber o precioso líquido, e por isso aqui continua tudo muito sequinho. Até quando, não sei. Um dos principais traços culturais dos panamenhos é a sua total incapacidade de dizer "não", por isso desde ontem que ouvimos que a situação se vai resolver "dentro de duas horas", que "já comprámos mais água", "o camião-cisterna vem a caminho" e "a água já está a ser bombeada". As duas horas já lá vão há mais de 24, e nós aqui continuamos.

A pergunta lógica é: então e não há ninguém que nos possa albergar para um duche? Há sim senhora, temos a sorte de ter vários vizinhos aqui na zona que não ficaram sem água. Porquê? Porque por alguma razão o volume de água nos reservatórios dos respectivos prédios se mantém alto. E porque é que ainda lá não fomos? Porque continuo a acreditar que o Pai Natal chegará em forma líquida, pela torneira.

Hoje é daqueles dias em que troco a casa grande e a vista de mar por uma apartamento acanhado num país civilizado. Já sei que retrospectivamente vou achar imensa graça a estes episódios. Mas hoje, seguramente, não.

7 comentários:

Anónimo disse...

Faz lembrar o episódio da falta de luz, em Fevereiro.
Espero que o fornecimento de água já tenha sido restabelecido.
Bjs.
M

Billy disse...

Ainda não foi. Continuo a juntar a água do desumidificador, talvez dê para nos lavarmos amanhã.

Anónimo disse...

No Natal passado, tivemos um episódio de avaria do aquecimento solar que temos agora em casa da minha avó. Tendo em conta que somos 8 adultos e 3 crianças, não ter nenhuma água quente em Dezembro foi uma experiência muito interessante. Como resultado, passámos a quadra natalícia a tomar banho pelas casas da família (que, felizmente, por lá é muita).

O meu melhor momento foi quando estivemos (eu e os miúdos), na véspera de ano novo, de pijama e casaco, à espera uns bons minutos à porta do prédio dos meus primos, numa das zonas mais movimentadas da vila, porque a campainha deles não tocava... eu não tinha telefone, ninguém abria a porta, até que lá veio uma vizinha adolescente caridosa que nos abriu a porta!
fungaga

Karen disse...

O Panamá tem coisas bem parecidas com o Brasil...

Imagino tudo já tenha voltado ao normal.

Billy disse...

Ai, Fungagá, isso para mim era sinónimo imediato de amigdalite! Como é que aguentaram?

Karen, já voltou tudo a uma relativa normalidade, mas entretanto já faltou o gás. Alegrias da vida aqui!

Anónimo disse...

Já tem água ou está tudo mal cheiroso?

Billy disse...

Já temos água, sim, muito mau seria se ainda estivéssemos de alguidar de um lado para o outro!