Nunca uma cidade me surpreendeu tanto, e tão positivamente. Terá sido porque as minhas expectativas eram realmente baixas, depois de tantos avisos quanto à segurança, ao trânsito intenso, à poluição do ar. Imaginava uma cidade gigantesca (que é), onde não podia caminhar pela rua, nem andar num autocarro, muito menos ter cara de estrangeira (que também tenho).
Mas não: após alguns dias aqui, estou fascinada com esta cidade. Cada bairro (e são muitos) é como uma pequena cidade dentro da cidade, e portanto atmosfera muda de rua para rua. É uma cidade cortada por vários eixos, de vários quilómetros, onde o trânsito é, de facto, ensurdecedor. E um quarteirão ao lado, nem mais nem menos, estamos no interior do bairro, ouvem-se os passarinhos e circula o ocasional carro, que abranda para me deixar atravessar.
Em muitas ruas me sinto em Buenos Aires, mas sem estar. As caras aqui, contrariamente ao que acontece na cidade meridional, são mestiças, desde o executivo até ao vendedor de rua. As pessoas são de uma simpatia que há muito não vejo - talvez desde que estive a fazer compras no comércio de bairro lisboeta. A vendedora de tecidos artesanais esteve a mostrar-me as diferentes moedas, quando lhe disse que ainda não as conhecia muito bem; foi até buscar a de 20 centavos de peso (1 cêntimo de euro) para que eu a conhecesse. Mostrou-me tudo o que fazia com os tecidos que vendia, desde o avental que trazia até à encomenda de guardanapos para um restaurante. Mais do que uma transacção, foi uma bela conversa. Saí com a alma cheia de sorrisos e voltei à rua, onde me senti tranquila, segura, e onde ainda não ouvi um único piropo (assédio, gente, assédio).
E já que falamos em costumes machistas, ou a ausência deles, também me surpreendeu muitíssimo que aqui os casais homossexuais dêem livremente as mãos em público, se beijem e abracem, sem serem olhados de relance ou serem apontados. Para mim, mais que um sinal dos tempos é indício de desenvolvimento social. Não sei se será assim em todo o lado, mas aqui, certamente, é.
Até agora, usei o Metrobus, transporte público colectivo idealizado em Curitiba e importado por tantas cidades (Bogotá é uma delas). Trata-se de um "metro" de superfície, em que as carruagens, na verdade, são autocarros. O acesso é feito através de estações elevadas, de acesso reservado, e os veículos circulam em faixas dedicadas e isoladas, nas maiores avenidas. Não exagero quando digo que passam com intervalos de 15 a 30 segundos e as viagens têm um custo de 5 pesos (30 cêntimos de euro). Além disso há o Metro, que usarei amanhã e que tem uma extensa (e segura) rede.
É por tudo isto que a Cidade do México me conquistou de supetão, quando menos esperava. Estou fã, fã - e se tiver oportunidade, volto.
A colecção de fotografias, no flickr, encontra-se
aqui.
4 comentários:
Que bom!!! E tao bom quando nos apaixonamos assim, sobretudo de surpresa! Ainda bem que estas a gostar, e ainda bem que ha lugares assim. Mais um lugar onde fico ansiosa por ir, sobretudo por tua causa. Boa Bi!
Ó mulher, tu pára quieta, que eu ando cheia de trabalho e não acompanho os posts de viagens a esta velocidade :-)
fungaga
Levei a semana sem vir ver o teu blogue, porque pensei que não o actualizasses, em viagem.
Hoje, fui surpreendida, pela existência de um post de há uma semana.
Nada como ir aos lugares para acabar com os esterótipos.
Bjs.
M
Só uma nota para dizer que foste linkada pelo Pedro Aniceto no Cão sem Pulgas!!!! Chique a valer!!!
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