sexta-feira, 1 de junho de 2007

A descoberta da polvora ou talvez a maior invencao depois da roda

Os transportes colectivos em Buenos Aires são confusos. Sejamos justos: o metro (subte) não é assim tão confuso. Mas pode oferecer algumas armadilhas ocultas, nomeadamente em alguns acessos que só servem uma das direcções da estação em causa. Enfim, uma pessoa engana-se a primeira vez e depois já sabe.

O mesmo não se passa com os autocarros. Deve ser a rede de autocarros mais confusa que eu alguma vez vi na minha vida, embora devamos admitir que nem tudo é mau. O preço do bilhete, por exemplo, é ridiculamente baixo: custa cerca de 20 cêntimos de euro (oitenta centavos de peso); e a frequência de passagem também é surpreendente. Nunca se espera muito tempo.

Mas a verdade é que também há muitos aspectos negativos e eu demorei alguns meses a ousar entrar no mundo do autocarro porteño. E atenção que eu sou uma defensora do transporte público. A primeira vez mereceu um post aqui no blog. Sacudidelas, voltas pela cidade e o desconhecimento absoluto do itinerário e da localização das paragens de autocarro (saí na paragem "a seguir", porque só depois de se passar por ela se sabe qual é a melhor paragem). Ainda demorei um pouco a recuperar, mas quando comecei as aulas de castelhano aproveitei para me colar à colega inglesa que sabia que autocarro apanhar. E assim recomecei. E assim tomei conhecimento daquela que é a maior invenção depois da roda, a verdadeira pólvora porteña.

Trata-se de um guia de bolso da cidade.

O Guía T, o melhor amigo do homem (e da mulher) que precisa de andar de autocarro em Buenos Aires

No início há um índice de ruas e a esquematização das plantas da cidade. Depois, em cada página há uma planta, que se subdivide em sectores definidos por uma grelha ortogonal. Para cada sector, existe na página ao lado a lista dos autocarros que aí passam (não se sabe bem onde, mas em alguma das vinte ruas do quadrado). Aí, encontrados os pontos de partida e chegada, procuram-se coincidências nos números dos autocarros que lá passam.

À direita, a planta subdividida em quadradinhos; à esquerda, as linhas de autocarro que passam por cada um deles.

E pronto, a partir daí é consultar o itinerário da linha ou linhas que estão assinalados em ambos quadrados. Ou seja: ou se conhece bem, ou aventura total. Isto porque a descrição que lá se faz do circuito não é particularmente clara, como também existem paragens por todo o lado, com algumas a servir só uma linha - mas nunca a que nós queremos.

Do que mais gosto é dos desenhos dos autocarros!

Resumindo. O truque é ir com quem sabe. Mais nada.

1 comentário:

fungaga disse...

Cá p'ra mim, o melhor deve ser apanhar um qualquer que siga na direcção que queres. Se o preço é baixo, podes mudar várias vezes e vais lá por aproximação... porque esse guia, minha amiga, parece precisar de um curso igual ao de espanhol só para o consultar...